Quando daqui muitos anos as pessoas se reunirem para falar de esportes, vão se lembrar de 2014 como o ano em que o futebol de campo do Brasil colheu no gramado onde se consagrou as más escolhas tomadas fora dele, culminando em 7 a 1. Dotados de uma visão mais otimista, porém, poderão se recordar também do nascimento da LNF; uma liga independente que irrompeu no esporte nacional como uma fresta de ar, ajudando a oxigenar um ambiente abafado pelas antigas estruturas. Um ano propício ao inédito, no qual um estreante saiu como Campeão Brasileiro de Futsal.

Novo, porém recheado de figuras conhecidas. Quem sabe essa seja uma descrição adequada ao Futsal Brasil Kirin, de Sorocaba. Pois que o time vestiu vermelho e representou a ‘Manchester Paulista’ – apelido conquistado por conta da indústria têxtil do inicio do século XX –, guarnecido de, entre outros, os Campeões Mundiais Tiago, Falcão e Rodrigo, além de trazer o ala Xuxa, Adriano Foglia e o técnico Vander Iacovino para liderar a comissão técnica.

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Assim, patrocinada pela empresa de origem japonesa e o presidente de clube mais jovem da Liga, eles trouxeram uma fórmula antiga, de concentrar em Falcão o chamariz para bons jogadores e patrocínios, contudo souberam escolher o grupo e fizeram dele um clube, no qual a “vaidade nã existe”, segundo o capitão, Rodrigo Hardy. O dono da camisa quatorze, apelidado de Torpedo Humano, conversou com a LNF e contou um pouco sobre este processo.


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Idade: 31 anos;
Natural de Campinas;
Clubes: Pulo do Gato – Araçatuba – Santa Fé – ACBF – Brasil Kirin;
Primeiro título da Liga Nacional de Futsal: 2007.

Convite

“Quem fez o convite foi o Falcão, ele tinha um projeto audacioso e fui um dos primeiros que ele ligou e na hora, sem nem pensar duas vezes, já topei esse desafio e nós fomos muito felizes de ser campeão no primeiro ano”.

Voltando para São Paulo

“Estava há sete anos em Carlos Barbosa, o time vinha passava por reformulação e eu também precisava de novos ares. Quando surgiu este projeto, ainda mais ao lado do Falcão, que sempre chega nas decisões (foram onze para conquistar nove taças), achei que estava na hora de outros desafios e continua sendo um desafio grandioso. Fico muito feliz e com certeza faria tudo que fiz novamente. O importante foi sair de Carlos Barbosa sendo Campeão Gaúcho, com gol no último lance e deixando as portas abertas lá, como foi agora na semifinal da liga, quando fui recebido com muito carinho pela torcida e pela cidade”.

Falcão

“Tenho um contato com o Falcão desde 2007 de jogar um contra o outro. Depois, a partir de 2011, comecei a conviver mais por causa da seleção brasileira. Ele me recebeu muito bem lá, me deu muito apoio e a gente criou uma amizade fora do esporte, entre as famílias. Em 2012 a gente foi Campeão Mundial e quando surgiu o fato – de trabalhar no dia a dia com ele – fiquei muito empolgado, e me tornei mais fã dele ainda: um cara sensacional, tanto dentro como fora da quadra. É um mito! O que ele ajuda tudo mundo, todos os dias, é um absurdo, não esperava tanto dele assim. Treinando e cobrando, ele ajuda o time a estar sempre querendo mais”.

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Ego

“Aqui nós não temos ego ou vaidade. Isso aí tem que deixar de lado, cada um vem fazer o seu melhor. Eu vim aqui para ser um marcador, um finalizador, usar a minha força ali atrás e é isso que eu faço. Se tiver que ser campeão e o Falcão ser o melhor em todas as competições para mim será um orgulho, eu vou estar junto com ele. A gente deixa a vaidade de lado, temos que dar a sustentação para o time chegar às decisões para que ele possa decidir. Nós sabemos da responsabilidade dos jogadores de mais nome e mais prestígio, cada um acata e sabe muito bem seu lugar. O mais importante é que o convívio de dia a dia é muito bom. Ninguém se preocupa se vai sair (na mídia) que o Falcão chegou e ele é o campeão, nós estamos do lado dele”.

Brasil Kirin crescendo durante a competição

“Estamos acostumados a jogar o campeonato, nosso time sabe se preparar. Você tem que ir crescendo com a Liga. Ano passado a gente estava mais forte, não tinha tomado tantos gols, poucas derrotas na competição, este ano já foram muitos altos e baixos, até porque nosso time teve muita lesão, tivemos mais competições este ano, a Taça Brasil, que fomos vice-campeões, a Libertadores… Ano passado tivemos o Paulista e a Liga, focamos nisso de tal maneira muito forte. Não tivemos lesão, nada. Foi um bom ano, se bobear não tivemos dez derrotas. Mas não esperava ser campeão da Liga logo no primeiro, mas quando chegou a hora, como poder de decisão e experiência dos atletas que tem aqui, conseguimos levar o título”.

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Final

“Ano passado decidimos todos os jogos(mata mata) fora de casa. Poucos times foram campeões assim. Foi um ano bem difícil para nós, até porque a gente não tinha casa, Sorocaba não conseguiu entregar o ginásio e a gente foi jogar em Paulínia e não era a nossa torcida mesmo. Mas, com maturidade e tranquilidade, fizemos bons primeiros jogos e decidimos fora e na final não foi diferente. Saímos perdendo de dois a zero na prorrogação, fizemos dois a um, tomamos três a um. No último segundo do primeiro tempo da prorrogação Falcão fez 3 a 2, na volta fizemos 3 a 3 com o Xuxa e depois, faltando ainda quatro minutos para acabar o jogo, dominei uma bola no fundo da quadra, que ninguém acreditava, e o Foglia foi muito feliz de fazer o gol do título, que das últimas finais foi uma das mais emocionantes da Liga”.

Sorocaba

“A cidade é apaixonada pelo esporte. No ano passado não teve um vínculo tão grande até porque a gente não conseguia jogar aqui. Este ano já foi diferente, conseguimos fazer a arena móvel e utilizar. A cidade agarrou com tudo, nosso ginásio lotado todos os jogos, com duas mil e quinhentas/três mil pessoas o ano inteiro e, se desse para quatro ou cinco mil pessoas, iria encher também. O público já está nos conhecendo na cidade e com certeza tem tudo para ser um grande projeto e continuar crescendo. Sorocaba em dois anos já vai jogar um mundial, coisa que poucos times conseguem. Ano que vem nossa Arena vai ficar pronta e, quem sabe, conseguimos trazer o mundial para a cidade”.

Liga Futsal 2014

19ª edição
19 equipes:  Intelli, Blumenau, Assoeva, Atlântico, Brasil Kirin, Cabo Frio, ACBF, Concórdia, Copagril,  Corinthinas, Floripa, Brasília, Guarapuava, Jaraguá, Krona, Minas, São Bernardo, São Paulo e Umuarama.

Disputado de junho a dezembro a competição teve 171 partidas.
Gols: 826, média de 4,83 por jogo
Artilheiro: Falcão
Melhor Ataque: Jaraguá
Melhor Defesa: Brasil Kirin/Blumenau/Corinthians/Jaraguá

No jogo de volta da final, Falcão estava há 15 dias sem treinar. Em entrevista na beira de quadra, o atleta falou à ESPN. “Esse é o jogo que vale todos os riscos, vale tudo… Uma injeçãozinha para jogar, mas o que vale é participar.”

Assista aos gols de Intelli 5 (3) x (4) 2 Brasil Kirin