Falar sobre superação no esporte já é quase um clichê. Mas não existe palavra que defina melhor a temporada do SERC/UCDB, de Campo Grande, que nesta sexta-feira (6), às 19h, enfrenta o Taboão Magnus, em casa, na partida de ida das quartas de final da Liga Feminina de Futsal.
“A nossa briga constante é pela sobrevivência”. A frase é de Luiz Fernando Borges, o Nando, treinador do time. Ela já traduz um pouco das dificuldades enfrentadas pela equipe, principal surpresa nos playoffs da LFF.
O principal motivo para isso foi a morte do presidente e maior incentivador do projeto, João Félix, em junho deste ano, por complicações da dengue. Sem ele, as dificuldades financeiras se tornaram mais um sério adversário.
“Com o falecimento dele, que dava sustentação pra nossa equipe, ficamos sem apoio. Tivemos que correr atrás de tudo, fazer tudo sozinho mesmo, até montagem de quadra, pra diminuir o custo. Tivemos um apoio do estado pra transporte depois, a Federação ajuda também com alimentação, mas os demais temos que correr atrás”, disse Nando.
Após a morte do presidente, a equipe fez campanha pública para arrecadar fundos para conseguir arcar com os custos da competição.
As jogadoras chegaram a pedir dinheiro nas ruas e semáforos de Campo Grande, com uma faixa explicando a necessidade financeira para seguir disputando os torneios, e o número do PIX para a arrecadação.
Atletas têm jornada tripla
A UCDB é a Universidade Católica Dom Bosco. O time já disputava torneios universitários e a Taça Brasil há muitos anos. A parceria com o SERC, clube de Chapadão do Sul, possibilitou ao clube entrar em torneios mais importantes, como a LFF.
Com esse modelo, além da saída de várias atletas após a morte de João Félix, hoje a maioria do elenco não vive apenas do futsal.
“Todas nossas atletas estudam ou estudaram na UCDB. Algumas são formadas, outras fazem faculdade. Nossa dificuldade é conseguir conciliar esse trabalho das meninas. Algumas têm três jornadas: estudam, trabalham e são atletas”, explicou Nando.
Após a morte do presidente, o SERC disse que não tem mais condições e interesse de seguir apoiando financeiramente o time da UCDB.
“Objetivo futuro é manter o time. A gente já mostra há tempos, fomos vice-campeões da Taça Brasil ano passado. Nossa briga constante é pela sobrevivência. A gente tenta fazer mais parcerias, porque a UCDB dá uma estrutura boa de treinamentos, mas não tem como sustentar atleta com salário para ajudá-las.
Em quadra, o sonho segue vivo
Apesar de todos os problemas, o SERC/UCDB conseguiu o feito histórico de se classificar para as quartas de final da LFF. E sonha ainda mais alto.
“Pra nós é uma vitória passar de fase na LFF. Era um sonho das meninas, elas abraçaram, com a dificuldade que tivemos com o falecimento dele, elas abraçaram mais ainda. Perdemos algumas atletas também, outras não conseguem treinar por causa de transporte, essas coisas. Mas estamos treinando e felizes por estarmos nessa fase da LFF e da Copa do Brasil.”