De estreante do campeonato das repartições a campeão cearense de futsal no seu terceiro ano de disputa oficial, o Sumov completa 50 anos, nesta quarta-feira (12), com a parede repleta de títulos e conquistas. Um crescimento vertiginoso que abraçou o país e colocou o Ceará como celeiro de craques, criadouro de mitos da modalidade. Um passado glorioso que até hoje alimenta a camisa de um dos mais tradicionais clubes de futsal que o país viu crescer e escrever a própria história.
Só em títulos cearenses, o clube soma 22 troféus. Seis conquistas de Taça Brasil (isso no adulto, fora os três da categoria juvenil) e dois Sul-Americanos completam o currículo da equipe cearense. A primeira conquista estadual foi em 1971, sob o comando de César Vieira, maior campeão no comando técnico do Sumov. Para o ex-treinador, dirigir um elenco com aquele potencial era fácil.
– Foi muito fácil ser técnico do Sumov. O time não temia jogar em canto nenhum. Jogavam como se tivessem em casa – pontuou, em conversa com o GloboEsporte.com/ce.
As lembranças permeiam a memória do ex-treinador e multicampeão pelo clube cearense. Campeão mundial pela seleção brasileira, César rememora com alegria o título de campeão sul-americano com o Sumov. Se bem que, em certo ponto, seleção brasileira e Sumov até se confundiam, como bem citou César.
– Era como se fosse a seleção, sim. O Sumov tinha grandes jogadores. Mas o resto do país também tinha jogadores muito bons, não tiremos o mérito deles. O que era o diferencial do Sumov é que um resultado adverso nunca deixava o time para baixo. Porque o Sumov perdeu várias partidas ao longo da sua história, claro. Mas perdia lutando até o fim – relembrou.
César Vieira é irmão de Silvio Carlos. Este último é o atual presidente da Federação Cearense de Futebol de Salão (FCFS). A vida dos dois permeia a história do futsal cearense, especialmente do Sumov. Silvio Carlos não esconde a emoção ao falar da sua relação com o clube.
– Lembro de um título que nós conquistamos da Taça Brasil. Fomos campeões. Não lembro qual foi o ano, porque foram vários. Mas lembro claramente dos jogadores chorando, foi uma grande emoção. Mas o bom mesmo acontecia na chegada do aeroporto. Se bem que isso era comum. Cada vez que chegava em Fortaleza, era o aeroporto lotado. Os torcedores sempre iam parabenizar. Vivi grandes emoções com o Sumov.
Boas lembranças
Mas há sempre muito a agradecer. Principalmente quando a história é tão vitoriosa. E, claro, há sempre muitas histórias a contar. Cacá, ex-jogador do Sumov e um dos maiores ídolos nestes 50 anos de clube, guarda várias delas. Em especial, a da conquista da primeira Taça Brasil, em 1978.
– Lembro do primeiro campeonato que ganhamos. Ficamos hospedados em um quartel. Como os soldados, ficávamos em beliches. Não tinha ar-condicionado, nem ventilação. Fazia muito calor. Não conseguíamos nem dormir. Perdemos o primeiro jogo de 5 a 2. Até que alguém estava andando por lá e viu o auditório do quartel com ar-condicionado. Foi dito e feito. Falamos com os supervisores do quartel, pegamos os colchões, e dormimos todos no auditório. Não sei se foi coincidência ou não, mas depois começamos a ganhar todas – relembra, entre risos.
Lavoisier Freire chegou ao Sumov em 1989. Tímido, via viu seus ídolos ajudarem o clube a construir a gloriosa história. Logo percebeu que queria participar dela também. Com as luvas do Sumov, foi campeão cearense e brasileiro, nas categorias juvenil e adulto.
– As lembranças são as melhores. Meu primeiro treinador foi o Jorge Renato. Lembro do Cacá, que tava no adulto. Lendas do futsal com os quais eu tive o prazer de trabalhar. Fiquei de 1989 a meados de 1996. O Sumov foi participante ativo da formação do meu caráter. O ginásio Aécio de Borba foi a minha segunda casa. Chegava pela tarde e ficava até tarde da noite. As recordações são as melhores. Eram tempos de glória – rememorou.
Mas os ditos tempos de glória se foram. Hoje, apenas com as recordações dos momentos áureos dos últimos 50 anos, o Sumov tenta se reeguer para ocupar seu espaço no cenário nacional do futsal e, quem sabe, voltar a erguer taças e revelar craques como Lavoisier, Cacá,
Zé Milton, Leonel e tantos outros que vestiram a tradicional camisa do time cearense.
Notícia: Juscelino Filho
Imagens: Tuno Vieira/ Ag. Diário/ Kid Júnior/ Divulgação/ ACBF