
Xavier Dompsin e João Arruda. Engenheiro e prefeito responsáveis pela construção do Arrudão recordam os desafios da obra, que em julho completa 40 anos.. Foto: Adolfo Pegoraro
Por Adolfo Pegoraro e Juliam Nazaré – Em julho, mais precisamente dia 24, o Ginásio Arrudão completa 40 anos de inauguração. Ao longo de quatro décadas, muitos foram os personagens que marcaram época na quadra que, além de ser o principal palco esportivo de Francisco Beltrão, é popular Brasil afora. Afinal de contas, recebe jogos da Liga Nacional de Futsal (LNF) desde 2016. Entretanto, no início da década de 1980, a construção de um ginásio de grande porte foi tabu enfrentado pelo então prefeito João Arruda.
Nesta semana, aos 84 anos, ele e o responsável pela obra de cobertura do Arrudão visitaram o local. Os dois foram recebidos pela diretoria do Marreco e foram presenteados com camisas do clube. Eles encontraram um ginásio com obras em andamento: os banheiros estão sendo modernizados. Enquanto isso, nas arquibancadas está praticamente tudo pronto: cadeiras amarelas e azuis, das cores beltronenses, dão mais comodidade aos torcedores.
Os dois lembraram dos desafios que tiveram para pôr o ginásio de pé. “Beltrão tinha o Barro Preto e um ginasinho num barracão do Parque de Exposições. Era um sonho meu e dos esportistas construir um local grande e moderno, como o município merecia e carecia”, recorda João Arruda que, posteriormente, foi homenageado pelos esportistas e dá nome ao palco. O Arrudão tem mais de 4,2 mil m² e capacidade para receber, de acordo com o Corpo de Bombeiros, 2,9 mil pessoas – embora a liberação já tenha beirado cinco mil espectadores.
Tesouras da cobertura levantadas a manivela
O engenheiro civil Xavier Robert Dompsin foi responsável pela obra de cobertura – a parte mais difícil de se fazer. A falta de um maquinário adequado exigiu adaptações. “Era algo muito avançado pra época. Cada tesoura tinha 2,5 toneladas e não havia forma de levantá-las senão por um guincho movido a manivela. Não havia caminhão munck naquele tempo.”
“Achavam que não conseguiríamos”
O primeiro passo de João Arruda foi encontrar o terreno, que acabou doado pelo Real Beltronense. Segundo Arruda, no período, os recursos públicos oriundos das esferas estadual e federal eram escassos, o que exigiu investimento próprio do município e competência na execução. “O governador Ney Braga me arrumou, na época, 20 mil cruzeiros. Mas eu tinha um mestre de obras excelente. Foi feito o projeto, unimos força e fizemos, mas muita gente achava que não conseguiríamos. Todo mundo ajudou, menos a oposição, que criticava e chegava a jogar pedra pra furar o telhado.”
Xavier ressalta que a equipe de trabalho era de beltronenses. “Uma piazada. Hoje, a maioria é empresário no Norte do Brasil. Não tínhamos guindastes, então dois iam manivelando, nove ficavam na corda e foram montando uma tesoura de cada vez. Essa obra de 50 toneladas foi feita de forma muito rústica e artesanal.”