A 11ª Copa São Paulo da história do Corinthians teve a assinatura do atacante Kayke. Aos 19 anos, o camisa 11 do Timão acertou um lindo chute de fora da área para decretar a vitória por 1 a 0 sobre o Cruzeiro, na Neo Química Arena, e sacramentar uma recuperação iniciada lá em 2019, quando uma dispensa atrapalhou os planos.

Kayke jogava pelo Palmeiras, maior rival do Corinthians, e deixou o clube depois de uma avaliação técnica. O perfil mais franzino gerou desconfiança e quase interrompeu a carreira do herói corintiano da Copinha 2024.

O atacante, hoje destaque da Copinha e que deve treinar ainda nesta semana no profissional, ficou meses sem jogar no campo até o momento em que o futsal do Timão apareceu como alternativa.

Marcos Ribolli
Kayke comemora o gol na final da Copinha

– Na pandemia, ele estava sem clube. No sub-15, ele teve uma passagem pequena no São Caetano e dispensaram. Ele jogava na várzea, treinando para ter uma oportunidade – conta Rone Peterson Guimarães Lima, pai de Kayke, ao ge.

– O Kayke também estava no futsal do Corinthians, mas fora do campo. Foi esse pessoal do futsal fez a ponte para ele voltar para o campo – acrescenta o pai.

Das quadras, onde jogou desde os sete anos, Kayke foi para o campo e começou um trabalho para encorpar, a fim de aguentar fisicamente o contato das categorias da base. São dois anos de trabalho e um ganho de 3 kg de massa muscular.

No Palmeiras, ainda franzino, Kayke jogou entre os 11 e os 14 anos, dividindo-se entre campo e futsal. Quando chegou aos 14, a família chegou a entrar em acordo para um contrato de formação, mas viu o jovem ser dispensado.

– Ele teve contrato de formação, mas não tinha crescido, ainda era pequeno, e Palmeiras resolveu dispensar – diz o pai do jogador.

A resposta para a decisão palmeirense no passado veio em forma de título com direito a gol na final do Paulista sub-17 de 2021, sobre o Palmeiras no Allianz Parque.

O gol na casa palmeirense serviu como o ponto de partida para a virada definitiva na carreira, confirmada na última quinta-feira com o golaço na final da Copinha de 2024. O passado no arquirrival corintiano, entretanto, é tratado com discrição pelo jogador.

– Independentemente do Palmeiras, se fosse desse jeito seria especial. É o maior campeão da Copinha, poder fazer o gol na final e entrar para a história não tem preço – destacou Kayke, segundo membro da família a levantar o troféu da Copa São Paulo.

O tio Emerson Guimarães Lima esteve no elenco da Portuguesa campeão de 1991, ano no qual Dener surgiu como grande revelação.

Marcos Arquivo
Kayke joga futsal desde os sete anos; das quadras veio o recomeço para o campo

Destaque nos números

A trajetória de Kayke na competição credenciava-o como um dos destaques da competição antes mesmo da decisão contra o Cruzeiro. O camisa 11 encerrou a Copinha com três gols e seis assistências, números importantes dentro da campanha.

O terceiro e último gol saiu em um momento de aperto. O Corinthians vivia uma tarde difícil e pouco encontrava soluções diante do Cruzeiro, até o momento em que o próprio Kayke diz que “tirou da cartola” o gol do título.

– Estava sendo bem marcado pela defesa do Cruzeiro. Na hora foi o que veio, tirei da cartola, felizmente pude acertar um belo chute – declarou.

Kayke quer aproveitar o embalo e sonha com chances no profissional do Timão ainda neste ano. Em 2022, o atacante chegou a treinar no time de cima sob o comando do português Vitor Pereira.

– Se o Mano (Menezes) quiser chamar, estou preparado, não quero férias não – destacou o grande heroí corintiano da Copinha.