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Elton Dalla Vecchia trabalha no Atlântico desde 2000: foi preparador físico e treinador; agora é supervisor. Viu o clube chegar à LNF em 2002, na qual permanece; O jornalista Enoc Junior comanda a assessoria de imprensa do Ypiranga desde 2022.

ucesso nas quadras e nos gramados. Atlântico e Ypiranga se destacam e atraem atenções da mídia nacional para Erechim (RS), município de tamanho semelhante ao de Francisco Beltrão – a população da cidade gaúcha é de 107 mil, enquanto a do Sudoeste paranaense tem 93 mil, conforme estimativa de 2021 do IBGE.

A ascensão do Ypiranga

Fundado em 1924, o Ypiranga ganhou projeção fora do Rio Grande do Sul nos últimos oito anos. Até então, havia disputado somente duas vezes uma divisão do Campeonato Brasileiro: a Série C, em 1995, quando esta era o último degrau nacional; e a Série D de 2009.

Em 2015, retornou ao Brasileirão e conquistou o acesso à Série C, de onde jamais saiu. Por três vezes, esteve a dois jogos de chegar à Série B. Perdeu a vaga na Segunda Divisão em 2019 para o Confiança (SE). No ano seguinte, liderou seu grupo na primeira fase, mas deixou a vaga escapar na etapa decisiva.

Para o jornalista Fábio Lazzarotto, que cobre o dia a dia da equipe, a ascensão se deu pelas mudanças estruturais. “Começou através da gestão do presidente Adilson Stankiewicz. O Ypiranga, quando subiu da Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho, mudou sua forma de jogar, estabeleceu uma filosofia ofensiva e contratou treinadores com essa característica. Garimpou jogadores jovens e outros que haviam passado pela base de grandes clubes. A grande virada ocorreu em 2022, quando contratou o treinador Luizinho Vieira e o diretor Farnei Coelho, pra se afirmar no cenário nacional.”

Mas o melhor desempenho nas últimas duas temporadas veio no estadual. Em 2022, foi à decisão do Gauchão e, neste ano, chegou à semifinal, em ambas as ocasiões foi parado somente pelo Grêmio, atual hexacampeão.

O centenário do Canarinho, como o clube é carinhosamente conhecido, será comemorado em 2024. “Nossa meta é jogar a Série B no próximo ano”, revela o assessor de imprensa Enoc Junior.

Conforme ranking da Federação Gaúcha de Futebol, na base, o Ypiranga tem o terceiro melhor desempenho e estrutura do Estado, à frente do Grêmio, atrás somente de Internacional e Juventude.

O centenário Atlântico

O Atlântico existe desde 1915, mas só no fim do Século 20 despontou para a modalidade na qual é popular atualmente, o futsal. Antes, figurava no futebol: por duas vezes – 1971 e 1976 – atuou na principal divisão, ao lado de Grêmio e Inter. O departamento foi encerrado em 1977.

A trajetória nas quadras começou na Série Bronze do estadual, em 1999. No ano seguinte, a equipe que representaria o município na elite – Associação Erechim de Futsal – enfrentava dificuldades financeiras e de estrutura. A solução foi fundir-se ao Galo, que assumiu lugar na Primeira Divisão e, dois anos depois, já estreava na Liga Nacional de Futsal (LNF).

Elton Dalla Vecchia acompanhou toda a evolução. Ele chegou à equipe em 2000 e, até 2004, foi preparador físico e treinador, depois assumiu a supervisão, cargo no qual permanece até hoje.

De lá para cá, a equipe empilhou taças: uma Libertadores, um Mundial, uma Super Liga, uma Liga Gaúcha, uma Liga Sul e quatro gauchões. Na LNF foi finalista três vezes, a última em 2022, quando perdeu o título para o Corinthians.

“Fazemos um planejamento sempre pensando nos dois próximos anos. Os contratos com patrocinadores e atletas são para mais de uma temporada. Acreditamos que, assim, as chances de colher frutos aumentam. Nosso objetivo é manter as contas em dia, com superávit.” Na atual edição da LNF, o clube venceu os três jogos que disputou – inclusive contra o beltronense Marreco – e figura, novamente, como favorito.

Concorrência entre os clubes

Na década de 1920, o Ypiranga surgiu por desacordo com a proposta do Atlântico. Enquanto o Atlântico era dirigido por descendentes de italianos, o Ypiranga buscava identificação com o país de origem – não à toa, leva as cores verde e amarelo.

E se antigamente competiam juntos no futebol, havia rivalidade, atualmente a relação é harmoniosa. “Trabalhamos em conjunto. Temos alguns patrocinadores que são os mesmos, inclusive o material esportivo. O Atlântico não nos atrapalha na busca por parceiros, pois ele é do futsal, considerado esporte amador, que consegue arrecadar com ICMS. O Ypiranga é profissional, precisa de patrocinadores, mesmo”, acrescenta Enoc.

“A rivalidade existia quando o Atlântico tinha futebol, não tanto como Grêmio e Inter, mas buscava os mesmos espaços, mesmos torcedores, era mais dividido”, diz Elton.