Susan Artus Dettenborn, como muitos, era apenas uma torcedora da Assoeva. Depois que a psicologia do esporte foi agregada ao clube – todo bom trabalho merece uma evolução – a profissional deixou de apenas sentar-se na arquibancada e assistir aos jogos. A psicologia do esporte foi inserida na Assoeva de uma forma efetiva e voluntária a partir do primeiro semestre de 2014, com foco inicial nas ações individualizadas. Na sequência, buscou-se identificar qual seria realmente o papel do psicólogo no esporte acompanhado de uma inserção no ambiente de trabalho.

Susan: “Tenho um apoio muito legal dentro da Assoeva”. Foto: Divulgação
Em 2015 e 2016 Susan começou a acompanhar os treinos e, principalmente, os jogos. Ao longo do tempo, foram realizadas entrevistas com a finalidade de auxiliar e identificar as questões que mereciam maior atenção no clube.
Em 2017, a profissional foi apresentada como integrante do clube para desempenhar o trabalho. Ela inseriu algumas intervenções coletivas como conversas, palestras, além de atividades extras no ginásio. A psicóloga destaca que tudo que é tratado individualmente com o atleta não é levado adiante à comissão técnica ou diretoria, se ele não autorizar. É preciso desenvolver confiança para que o trabalho possa ocorrer e apresentar resultado.
A psicologia do esporte se diferencia da psicologia de consultório, pois na do esporte o profissional é que vai até o atleta. E o trabalho de Susan é estar presente em todos os momentos possíveis, para que os atletas tenham segurança de ter esse recurso para ser usado. Segundo a profissional, o psicólogo no esporte não consegue trabalhar isolado. Ele até pode trabalhar de forma individual com o atleta, mas precisa dos demais integrantes da comissão técnica. “Tenho um apoio muito legal dentro da Assoeva”, destaca Susan.
Como trabalhar ou aconselhar cada atleta em relação aquela ansiedade de buscar o resultado, na expectativa da conquista?
Na psicologia do esporte, o profissional trabalha com a pessoa que ‘se vende’.
É em quadra, no jogo, que todos se mostram. É preciso deixar o atleta ciente de que ele está ocupando um lugar por merecimento e, principalmente, pela capacidade. Depois que o atleta entende isso, ele realmente passa a mostrar o verdadeiro potencial. Em cada atendimento individual, se busca saber como é que o atleta superou os obstáculos. Assim se avalia como é a reação quando não se alcança o resultado desejado.
O jogador em uma reta final de ano, como a Assoeva está agora, corre algum risco quanto a estresse físico e até mesmo psicológico?
É notório que o final do ano é extremamente tenso para todos os atletas, por questão de desempenho, competitividade e a cobrança, externa e interna, por resultados. Eles são profissionais pressionados para vencer, que estão sendo observados constantemente e o corpo deles que está mostrando a capacidade e os resultados de cada um. Quanto mais houver equilíbrio entre corpo e mente, mais centrado se fica naquilo que precisa ser apresentado. Essa questão geral de cobrança afeta sim e, muitas vezes, pode interferir no rendimento individual.
Qual a importância do atleta ter foco?
O atleta centrado, compreendendo a situação do momento, sabendo lidar com essa pressão, sabendo que ela realmente é normal e esperada, consegue se manter focado e executar seu trabalho. Todos estão precisando apresentar resultados. A Assoeva tem uma torcida engajada, querendo ver resultados e isso pode se transformar num estressor se o atleta não conseguiu trabalhar isso de uma forma mais adequada.
Como valorizar o empenho e trabalhar a expectativa da maior parte do grupo de atletas, pois muitos destes chegaram pela primeira vez à uma final de Liga Nacional?
O 2017 está sendo um ano de muita novidade, não apenas de forma interna no clube, mas todos do plantel estão aprendendo a lidar com a expectativa de chegar na final de Liga Futsal. Estou vendo que os jogadores, a comissão técnica, direção, estão demonstrando uma maturidade muito grande para encarar essa nova realidade. Ninguém se sente mais do que ninguém. Estão todos extremamente centrados. Foi um ano complicado de fazer uma avaliação de melhor ou pior equipe, porque a Liga foi extremamente equilibrada, tanto que os resultados se apresentaram dessa forma. Os chamados grandes ficaram no meio do caminho e os pequenos chegaram ao topo da disputa. A valorização disso é o dia a dia, na medida que os atletas são ouvidos pela comissão, a partir do momento que é compreendida a necessidade deles, onde se tem abertura para conversar e poder ser atendido da maneira mais viável e confiável. O período é de intensa disputa e como a Assoeva está bastante prejudicada fisicamente, todos estão se dedicando ao máximo e, diante da vontade de vencer e chegar lá, não estão deixando a peteca cair. Podemos ver como os atletas se fortalecem constantemente. É o empenho de todos fazendo a diferença na hora certa.