“A pressão existe. A torcida encara como a Libertadores do futsal.” A declaração foi dada por Neto em 2014, antes mesmo de sua estreia pelo Corinthians. Torcedor alvinegro, o fixo conhecia a história de sofrimento que envolveu o sonhado título da América e sabia também o que lhe aguardava nas quadras.
Na noite desta segunda-feira, mais uma vez, o Corinthians foi eliminado da LNF e, a cada ano, a comparação com a Libertadores fica mais pertinente. Com o empate em 3 a 3 com Intelli/Orlândia, foi a sexta ocasião consecutiva em que a equipe caiu nas semifinais da competição mais importante do futsal.
Até 2012, ano em que, enfim, foi campeão continental no campo, o Corinthians acumulou decepções na Libertadores: foram eliminações consecutivas para um arquirrival, em 1999 e 2000; jogadores destemperados, em 2003; uma briga generalizada, em 2006; uma derrota inacreditável, em 2011…
Nasce o fantasma
Na Liga Nacional de Futsal, o Corinthians já experimentou tudo isso. Talvez, até com mais requintes de crueldade: foram duas eliminações com gols no último segundo; três derrotas seguidas para Intelli/Orlândia, grande rival alvinegro nas quadras; jogadores agredindo juízes; e brigas nas arquibancadas, como nesta quarta.
O Corinthians voltou à Liga Nacional de Futsal em 2009, por meio de uma parceria com São Caetano. Depois de uma campanha ruim no ano de retorno, o time chegou à semifinal em 2010 e amargou seu primeiro grande trauma: caiu com gol no fim, com o Parque São Jorge lotado, para o modesto Marechal Rondon.
Em 2011, mais uma boa campanha e nova eliminação na semifinal, desta vez, para Carlos Barbosa. A essa altura, o Corinthians já estava abraçado pela torcida, e os ginásios lotados viraram rotina. Surgiu, em 2012, então, o grande fantasma alvinegro na “Libertadores do futsal”: a Intelli/Orlândia.
O fixo Marinho, hoje no Corinthians, estava no time do interior de São Paulo em 2012, 2013 e 2014 e contou que a pressão que pesava na equipe alvinegra transparecia para o outro lado. “Quando cheguei aqui, vi que acontece mesmo. A gente vê no semblante, na conversa com os jogadores”, disse ele.
O maior trauma
A eliminação em 2014 é, especialmente, traumática. O Corinthians foi derrotado por Orlândia no Parque São Jorge com um gol no último segundo da prorrogação. O tento que sacramentou a derrota gerou revolta no goleiro Deivd e no pivô Simi, que partiram para cima da arbitragem, sem grande explicação.
A confusão em quadra passou para as arquibancadas, com correria, empurra-empurra e ameaça de uma catástrofe, lembrando a derrota para o River Plate na Libertadores de 2006, no Pacaembu. Sem segurança em quadra, os jogadores de Orlândia tiveram que correr para os vestiários para poder comemorar.
Na eliminação desta segunda, nova confusão. O clima tenso dentro de quadra se intensificou em uma discussão entre Neto, do Corinthians, e Gadeia, ala de Intelli/Orlândia. Tudo saiu de controle, porém, quando seguranças tentaram retirar do ginásio de Uberaba um torcedor que havia pulado a grade.
Parte da torcida do Corinthians, presente em bom número como visitante, então, cruzou o ginásio e entrou em confronto com os seguranças de Orlândia e alguns membros da organizada rival. Depois de alguns minutos, a Polícia Militar entrou em ação, e a partida pode ser retomada após longa interrupção.
Com a bola rolando, o Corinthians saiu perdendo por 3 a 0, foi buscar o empate e forçou a prorrogação. No tempo extra, porém, o time não conseguiu o gol que seria da classificação. O que se desenhava como uma vitória épica não foi nada além de mais um trauma para a equipe alvinegra…
Notícia: Thiago Cara
Imagens: Divulgação/ Intelli