Após um 2016 turbulento, Marcio Haffemann assumiu o desafio de presidir o Jaraguá Futsal a partir da atual temporada. Pegou um clube enfraquecido, com o acúmulo de quase R$ 1 milhão de dívidas contraídas por gestões anteriores. Apesar das dificuldades, o presidente e demais dirigentes deram início a uma reconstrução, passando por todos os setores e com o objetivo de fazer o time jaraguaense respirar ares mais tranquilos, principalmente no aspecto financeiro.

Eduardo Montecino

Presidente do Jaraguá avalia temporada e projeto 2018. Foto: Eduardo Montecino

Com o 2017 prestes a terminar, o mandatário concedeu uma entrevista ao portal Avante! Esportes e jornal O Correio do Povo, na tarde de sexta-feira (22), e avaliou o ano de forma positiva. Não é para menos. Mesmo com uma folha mensal de apenas R$ 53 mil, considerada baixa em comparação a maioria das equipes no país, o aurinegro fecha a temporada com cerca de R$ 290 mil de dívidas pagas e com as contas em dia. Dentro de quadra, o desempenho na reta final de certa forma decepcionou, após uma boa largada na primeira fase da Liga Nacional com um 5º lugar geral e no Estadual com a 2ª colocação, mas posteriormente caindo respectivamente nas oitavas de final e semifinal das competições, além de uma precoce eliminação nas quartas de final do JASC.

Porém, segundo Haffemann, se colocar na balança os resultados em campeonatos e o envolvimento de todo elenco e diretoria com os fatores extra-quadra, o clube se despede do ano com o sentimento de dever cumprido. “Fora de quadra, o clube vem numa crescente muito boa e de recuperação da credibilidade. Como torcedor, sempre esperamos um pouco mais do time dentro de quadra por toda sua tradição. Foi um ano atípico e pouco abaixo do que esperávamos para o Jaraguá Futsal nos campeonatos, mas nessa mesma época no ano passado, o time estava acabando. Então se fizer um geral de tudo isso, acredito que foi um 2017 muito satisfatório”, disse.

Durante a conversa, o presidente do aurinegro ainda tratou de vários assuntos, como a montagem do elenco para 2018, perfil de atletas procurados, patrocinadores, novo técnico e uma projeção para o ano que vem. Confira a entrevista completa com Marcio Haffemann.

Mesmo com a reconstrução do clube extra-quadra, o torcedor do Jaraguá é acostumado a títulos e sempre há uma cobrança em relação a isso. O que faltou para equipe levantar uma taça em 2017?

O torcedor entende que foi um momento de reconstrução. Mas assim como eu torço para o clube, todos querem saber de título e não se as contas estão em dia ou estamos pagando dívidas. Eu acredito que o determinante para esse baixo rendimento foi a preparação. Começamos a treinar só em março e montamos um elenco com muitos jogadores que já chegaram com muitos jogos realizados no início do ano. Isso dá um desgaste até pela idade elevada de alguns atletas do grupo.

Esquecendo um pouco os resultados, qual foi o diferencial para diretoria iniciar uma boa reconstrução do clube, com o pagamento de dívidas e deixando os salários do atual elenco em dia?

A palavra-chave, desde que assumi a gestão com o Francis (vice-presidente) e os demais diretores, é a transparência. Hoje, qualquer torcedor ou empresário que queira investir no clube, pode ir na Arena Jaraguá que as contas estão abertas para que todos possam ver. Isso não existia e é muito importante para recuperação da credibilidade junto a comunidade.

Até o momento, já foram onze reforços anunciados e quatro integrantes do atual elenco que renovaram contrato. Qual perfil de atletas que vocês buscaram para 2018 e o grupo deve ser fechado com quantos jogadores?

É difícil montar um time tendo ainda muita dívida para pagar. Temos uma parte do orçamento para pagamento desses dividendos e outro limitado para contratações. Trouxemos algumas apostas do interior de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, mesclando com alguns jogadores mais experientes que já tem uma identidade com o clube, como Diego Menezes, Vitor Hugo, Poletto e Pett. Ainda estamos analisando um ou dois nomes para fechar um elenco com 17, 18 jogadores.

Do grupo de 2017, o ala Oitomeia e o pivô Keko ainda estavam em negociação. Qual a atual situação destes atletas?

Renovamos hoje (sexta-feira) com o Oitomeia. Foi um jogador importante pro clube no ano e tem uma identificação enorme com a torcida. Então, ele segue para 2018. O Keko tem boa proposta do Pato (PR) e dificilmente fica.

Com relação aos patrocinadores, quais estão fechados para o ano que vem e quantos ainda estão em tratativas?

Estamos fechados com o Mime, jornal O Correio do Povo, Rancho Bom Supermercados, VêMais e Magnus. Temos ainda três, quatro apalavrados e bem encaminhados. Devemos fazer o anúncio na próxima semana ou início de janeiro.

Estamos no fim de semana de Natal. O novo técnico pode ser um presente para o torcedor?

Temos dois nomes que estamos negociando e consultamos ambos para trazer esses jogadores que estamos anunciando. Queria dar esse presente para a torcida antes do Natal, mas vai ficar para próxima semana ou início de janeiro. Faltam detalhes e só vamos anunciar quando estiver tudo definido.

Quando inicia a pré-temporada e o clube pretende disputar alguma competição?

A nossa ideia é se apresentar no dia 22 de janeiro. Não iremos disputar nenhuma competição, mas pode ter um Grand Prix em Blumenau, com quatro ou cinco seleções entre final de janeiro e início de fevereiro. Estamos tentando alinhar um amistoso com alguma seleção, na Arena Jaraguá. Seria fantástico receber uma seleção aqui e a renda do jogo nos ajudaria bastante logo no início do ano.

Qual a projeção da diretoria e o que o torcedor pode esperar para temporada 2018?

O objetivo sempre é título. Quando se fala em Jaraguá Futsal tudo se arremete a conquistas por toda sua tradição. Confiamos no elenco e no treinador que vier para o projeto. Esperamos que o torcedor continue nos apoiando, sabendo que é uma reconstrução que leva tempo para acontecer por tudo que passamos. Mudar uma imagem do clube que estava bem afetada e transformar isso em positividade demora um tempo. Mas o torcedor pode acreditar no Jaraguá Futsal e nas pessoas que estão dirigindo o clube. Em janeiro, devemos lançar um novo sócio-torcedor, onde podem nos apoiar muito. Se tivermos mil sócios a R$ 20, o torcedor vira um patrocinador máster. Que o torcedor abrace a causa, porque esperamos fazer uma bela campanha nas competições. 2018 vai ser mais um passo da reconstrução.