Para o torcedor do Corinthians, as semifinais da LNF 2016 terão clima de nostalgia. E não porque se trata do sétimo ano consecutivo que o time chega a essa fase do torneio, sem nunca ter avançado à decisão. É que, no duelo contra a gaúcha Assoeva, Teves estará em quadra.
A grafia do nome, com S, já indica, claro, que não se trata de Carlos Tevez, o original, argentino, campeão brasileiro com a camisa alvinegra em 2005. Ao ver João Paulo dos Santos em ação, contudo, é realmente difícil não lembrar o ídolo do Corinthians – seja na fisionomia ou no estilo de jogo.
“Sou um cara bem aguerrido, que não desiste, mas tem também a aparência. Acho que pode ser qualquer coisa, não importa, o importante é ficar marcado pelo torcedor. O torcedor gosta”, explicou em entrevista a ESPN, Teves, que admite a semelhança física com o “xará” argentino.
O apelido acompanha o pivô de 28 anos desde os tempos em que ainda se arriscava nos gramados, no Vila Nova, de Goiás. Natural de Corumbaíba, no interior goiano, Teves só chegou ao futsal em 2008, depois de também ter passagens pelo futebol do Tocantins e no XV de Jaú, em São Paulo.
“Voltei para Goiânia, e um amigo me convidou para uma pelada em que estaria o treinador de um time chamado ECOS/Shalom. Ele me viu e chamou para disputar o Campeonato Goiano”, relembrou Teves. “Tomei gosto pela coisa e, desde então, estou no futsal. Não deixei mais.”
O maior drama da carreira

Teves jogando pela Assaf. Foto: Divulgação
A LNF 2016, porém, é apenas a segunda da vida de Teves, que chegou à Assoeva em 2015, depois de passagem pelo Goiás. Mas foi pelo que fez nas seis temporadas na Assaf, time da cidade de Santa Cruz do Sul, vizinha de Venâncio Aires, onde vive atualmente, que o pivô chamou a atenção.
Teves calcula ter feito mais de 220 gols pela Assaf, equipe que é até hoje responsável pelo S em seu nome, ao estampá-lo dessa forma na camisa. Foi defendendo as cores do clube também que o jogador viveu o episódio mais triste de sua carreira, com a morte em quadra do amigo Rabicó.
Os dois atuaram juntos em derrota da Assaf diante de Carlos Barbosa, pelo Campeonato Gaúcho, em maio de 2009. Rabicó, que teve passagem pela seleção brasileira, fez o último gol do jogo e, após a partida, quando concedia entrevistas, sofreu um infarto. Ele foi atendido, mas não resistiu.
“Ele foi o cara que mais me ajudou, um cara que só pensava em ajudar os outros, sempre tentava dar conselhos corretos. Tinha um coração muito grande”, relembra Teves, que havia iniciado a amizade com o ex-pivô ainda em Goiás. “Deus às vezes escolhe pessoas boas para estar do lado dele.”
LNF 2016 terá finalista inédito
Na primeira temporada de Teves, Assoeva chegou as quartas de final da LNF e foi vice-campeã da Série Ouro, primeira divisão do Campeonato Gaúcho. Agora, o time chegou, pela primeira vez, entre os quatro melhores da competição nacional e novamente decidirá o torneio estadual.
“Não esperava, é a realização de mais um sonho e espero que não acabe por aí, espero que continue e a gente consiga quebrar mais barreiras para entrar na história da Assoeva”, disse. “Agora esperamos fazer um bom jogo dentro de casa, ver se a gente consegue uma vitória para decidir no Parque São Jorge.”
Independente do classificado, a decisão da Liga terá um finalista inédito, já que o Corinthians também nunca chegou ao jogo do título, com seis eliminações seguidas na mesma fase. Se o Tevez dos gramados está até hoje nos sonhos dos corintianos, o das quadras tentará manter esse “pesadelo”.