O fixo Neto está de volta ao futsal profissional. O melhor jogador do mundo em 2012 deixa a aposentadoria em 2020 e jogará pelo Praia Clube, time de Uberlândia, cidade natal do jogador. Vinte e quatro anos depois, Neto vestirá as cores do clube onde deu os primeiros chutes.

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Neto irá atuar pelo Praia Clube, de Uberlândia (MG), na temporada 2020. Foto: Divulgação

O jogador se aposentou do futsal profissional em 2018 para ficar ao lado da filha Manoela e contar a história no esporte e na vida – por superar um tumor na cabeça e outro pulmão e ainda voltar a jogar – como palestrante. Com o projeto de retorno do Praia Clube, Neto não pensou duas vezes.

O elenco do Praia Clube para a temporada 2020 terá a maioria dos atletas nascida em Uberlândia e algumas contratações pontuais. Em meio ao novo grupo, Neto, de 38 anos, rechaça o rótulo de estrela da companhia, mas entende a responsabilidade no projeto a médio e longo prazo do time mineiro.

– Fui muito afortunado na minha carreira, passei nos melhores clubes nas melhores épocas. Eu sempre estava ao lado de grandes estrelas. Quem me conhece, sabe da minha forma de trabalhar: eu me considero mais um. Sei da minha importância para a modalidade, por tudo que eu fiz e muito disso pela seleção brasileira. Vou ser o Neto de sempre, que vai se jogar, dar carrinho. Não quero reconhecimento maior de ninguém. O meu reconhecimento eu já tive, sei o que represento, mas quero lutar junto com essa galera. Que minha representatividade possa se estender a eles, e eles possam ter sucesso na modalidade – falou o jogador.

Do período longe do futsal profissional ao retorno às quadras, Neto abriu o jogo no GloboEsporte.com e falou o que espera da próxima – ou próximas, como pretende o clube – temporada.

Revelado pelo Atlético-MG no fim dos anos 90, Neto passou também por Minas, Ulbra, InterMovistar (Espanha), Santos, Joinville, Gazprom-Ugra (Rússia), Corinthians, Split Tommy (Croácia), Kairat Almaty (Cazaquistão) e Sorocaba. O jogador de 38 anos disputou os Mundiais de 2004 e 2012 pela seleção brasileira. Neto nunca jogou profissionalmente pelo clube de Uberlândia.

Rotina na aposentadoria

– Eu joguei algumas competições extraoficiais, algumas até fora do Brasil. Agora, com meu retorno, não irei disputá-las mais. A minha forma de trabalhar não me permite isso. Mas as minhas palestras vão continuar. Pretendo mostrar minha história não só profissional como pessoal, de vida. Quero mostrá-la para o Brasil e para o mundo inteiro, se Deus quiser. A minha vida não vai mudar. A única diferença é que agora vou ter que acordar, treinar e jogar.

Anúncio do retorno

– Minhas redes sociais não pararam desde o dia em que anunciei o retorno. É muito bacana ver o carinho dos torcedores. Sei que tem muita gente torcendo por mim, pela história de vida, por tudo que passei há três anos. Eu vejo que as pessoas gostam e queriam que eu voltasse. Recebia muitas mensagens desde que me aposentei para voltar. Parei por causa da minha filha, passei dois anos espetaculares ao lado dela e aproveitando ao máximo.

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Neto voltará a competir depois de dois anos. Foto: Divulgação

O “chato” está de volta

– Tudo o que eu enfrentei é aprendizado. Não encaro de outra forma, sempre aprendemos. A forma que eu vivi a modalidade, ao longo desses anos, já me credencia a continuar ser o mesmo que se dedica, se entrega, que briga, que vai ser o cara reclamão. Mas eu reclamo porque quero sempre o bem da equipe, para ter uma competitividade melhor. Sou competitivo ao extremo. Meus amigos me consideram o “chato do futsal”. Eu sou chato porque quero o melhor e vão continuar me vendo dessa forma.

Segunda casa

– Estou mais tranquilo por estar em casa. Só o fato de não ter que ficar longe da minha filha já me alivia muito. Eu parei de jogar há dois anos porque não queria ficar longe dela. Às vezes as pessoas colocam que eu parei de jogar por outros motivos, mas realmente eu parei de jogar porque não queria isso. Combinar o clube que fui revelado, a um projeto que está se iniciando e tem tudo para poder crescer, como foi o do vôlei, pesou. É muito bacana saber que vou treinar e voltar para minha casa, que é minha casa mesmo, onde me sinto bem e feliz. É uma tranquilidade para um recomeço.

De volta à rotina

– Tenho certeza que essa volta será bem tranquila. Só espero recuperar aquele amor, aquela paixão que sempre tive pelo futsal para colocar isso dentro dos treinamentos, dentro dos jogos, para que eu realize o melhor trabalho. Não faço projeção nenhuma quanto a títulos, vitórias, classificação, porque isso no papel é muito fácil de fazer, mas na prática é diferente. Quando chegar fevereiro, vamos ver o que essa equipe pode doar e tudo o que ela pode alcançar.

Readaptação do corpo

– Adaptação principalmente do corpo. Dois anos são dois anos, não podemos esconder isso. E eu tenho 38 anos, não sou um moleque de 25 anos. Mas fisicamente sei do que sou capaz, com 36 anos eu era melhor fisicamente da equipe que eu participava. Então, acho que com 38 não mudou muita coisa. Tenho que me adaptar à questão física. Na parte tática e técnica vou ver dentro de quadra, acho que com a minha experiência vou pegar alguns atalhos que antes não pegava. Tem tudo para dar certo.