
A COVID-19 atingiu duramente os torcedores do esporte. Todos, do Dallas Cowboys ao Los Angeles Lakers, do Melbourne Cricket Club à Mercedes F1 e ao Real Madrid, foram forçados a jogar de portões fechados. Não foi diferente no futsal. No entanto, um homem encontrou um jeito de assistir aos jogos Taboão/Magnus. Sergio, de alguma forma, encontrou um vão entre dois tabuleiros de onde, de longe, ele podia ver sua filha jogar. Natalinha atendeu ao chamado fazendo o que Natalinha faz: marcar gols com regularidade militar. Natalinha fez o que Natalinha faz com outra camisa em outra competição em maio: a da Seleção Brasileira na Copa América. A pivô de 30 anos marcou duas vezes – uma delas foi um chute de tirar o fôlego entre as pernas – quando o Brasil derrotou a Colômbia e se classificou para a primeira Copa do Mundo Feminina de Futsal da FIFA™. Ela então marcou mais dois gols na vitória por 3 a 0 sobre a Argentina na final.
A FIFA conversou com Natalinha antes do Torneio Internacional de Futsal em Xanxerê, onde a Seleção de Wilson Saboia enfrentará Colômbia, Marrocos e Guatemala pela glória.
FIFA: Como foi vestir a camisa da seleção brasileira pela primeira vez?
Natalinha: Foi em 2018. Me pegou de surpresa. Foi um ano muito especial para mim – um ano que eu não esperava – e estrear pelo Brasil foi simplesmente maravilhoso. Foi indescritível. Não há sensação melhor. Foi uma sensação que qualquer jogadora adoraria.
Foi difícil ficar de fora da seleção para a Copa América de 2023?
Há dois anos, fui ao Torneio Internacional de Xanxerê no meio do ano. A Copa América era no final do ano. Eu tinha esperança de ser convocada, porque estava jogando bem naquele ano. Não fui convocada, fiquei muito chateada, mas sabia que havia muitas meninas com excelentes habilidades e que elas dariam conta do recado. Então, sim, fiquei triste, mas sabia que o Brasil sairia campeão.
Você sempre foi um excelente jogador, mas nos últimos 18 meses você levou seu jogo a um nível totalmente novo…
Cresci bastante. Desde que cheguei ao Taboão, meu jogo mudou. Desde que cheguei aqui em 2017, acredito que melhorei a cada ano. E 2024 foi um ano muito especial para mim. Foi um ano mágico em que nosso time venceu todos os campeonatos em que participamos, e eu tive um ano maravilhoso em nível pessoal. Eu era a estrela do campeonato nacional, nossa principal competição no Brasil. O campeonato era nosso principal objetivo, porque chegamos muito perto nas duas temporadas anteriores. Então, emergir como o melhor jogador e artilheiro foi muito especial para mim. 2024 é um ano que com certeza contarei aos meus filhos no futuro.
Você não havia marcado nenhum gol durante a fase de grupos da Copa América. Como foi marcar dois gols – incluindo um gol maravilhoso – e ajudar o Brasil a se classificar para as Filipinas 2025?
É para isso que eu trabalho duro. Mas nem nos meus sonhos mais loucos imaginei que seria tão perfeito. Fiquei um pouco nervoso por não ter marcado. Eu tinha marcado muitos gols pelo meu clube no ano anterior e queria fazer o mesmo pela seleção. Consegui marcar dois gols em um amistoso, mas o que realmente importava era a Copa América. Quebrar a seca com dois gols na semifinal foi muito gratificante para mim.
E marcar mais dois gols contra seus maiores rivais na final?
O clima era outro. Eu nunca tinha jogado uma final de Copa América contra a Argentina, nossa maior rival aqui nas Américas, então não esperava por isso. Foi muito especial para mim. Poder começar o jogo foi ótimo, mas obviamente o que eu realmente queria era o gol. Eu estava um pouco nervoso. Acho que o clima, a nossa rivalidade com a Argentina, o fato de o jogo ter sido muito equilibrado contribuíram para isso. Aí conseguimos impor o nosso ritmo e eu marquei dois gols. Não há sensação melhor do que marcar dois gols contra a Argentina e vencer.
O que você achou da assistência da Camila para o seu gol contra a Colômbia?
Acho que ela é uma excelente jogadora. Ela foi minha rival aqui por muitos anos, mas como jogadora ela é excepcional. Ela fez uma ótima corrida individual e, graças a Deus, me viu no segundo poste. Estou sempre brincando com as meninas, dizendo “Procurem por mim no segundo poste”. Estarei sempre lá. Foi uma corrida brilhante e foi realmente lindo finalizá-la.
Quem você classifica como o melhor jogador do mundo hoje?
Acho que a Emilly é atualmente a melhor do mundo. Ela merece esse título. Ela teve algumas temporadas excelentes no Burela e merece ser chamada de a melhor do mundo.
Como é a disputa por vagas de pivô no elenco?
A competição por vagas é acirrada. Você sempre espera estar na seleção, mas sabe que a seleção brasileira tem um padrão altíssimo. O Brasil poderia escolher três times excepcionais. Sempre dizemos que ninguém tem vaga garantida porque há muitos jogadores de qualidade. É muito difícil na minha posição.
O quanto você sonha com a Copa do Mundo?
A esperança e o sonho é estar lá. Sonho em estar na Copa do Mundo todos os dias. Mas preciso continuar trabalhando duro para chegar lá. A Copa América foi muito especial para mim, mas ainda há muito trabalho pela frente.
Seu pai é seu maior fã. Você pode nos contar sobre isso?
É muito especial falar do meu pai. Durante a pandemia, não podíamos ter público. A arena estava quase completamente fechada, só dava para ver a quadra. Ele estava lá, o único torcedor ali, torcendo por mim e pelo Taboão. Ter meu pai por perto é muito gratificante. Espero que ele possa estar nas Filipinas. É o sonho dele e também o meu.
Você está confiante de que o Brasil vencerá as Filipinas em 2025?
Claro. Temos que ir com essa mentalidade. Temos uma seleção muito forte. Nunca perdemos uma competição oficial e, com certeza, vamos com tudo para conquistar o título mundial.
Quantas outras equipes você acha que têm chance?
As outras seleções vêm melhorando bastante. Vimos isso com nossos rivais na Copa América. Argentina e Colômbia são muito fortes. Depois, temos Espanha, Itália e Portugal. Todas têm excelente qualidade e podem enfrentar qualquer um.
