Quem acompanha somente os jogos da LNF talvez não consiga mensurar a participação das mulheres na modalidade. Quando as câmeras procuram a torcida é comum que encontrem jovens, mães, senhoras e crianças no ambiente familiar que o futsal proporciona nos ginásios espalhados pelo país. No entanto, a presença feminina não fica restrita às arquibancadas. Neste dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a LNF foi ouvir algumas vozes femininas que ajudam a fazer a modalidade mais democrática.

Na comunicação: Trabalhar o dia a dia em um ambiente preponderantemente masculino e pegar a estrada frequentemente é um dos desafios de quem comanda os departamentos de comunicação dos clubes. Atender as demandas internas e externas faz parte de mulheres que tiram de letra o controle da função de assessor de imprensa. Orgulho, não falta.

Mayelle Hall, assessora de imprensa, do Joaçaba
“Vestir essa camisa pela 11ª temporada é motivo de orgulho. Acompanho a equipe desde o início do projeto, registrando a evolução e todos os momentos que marcaram a história do clube. Nessa trajetória, vi o público feminino abraçar o futsal. Assim como eu, as nossas torcedoras são apaixonadas e estão sempre presentes. São mulheres de todas as idades, que fazem a diferença.

E o Joaçaba reconhece essa importância, tanto que, desde o ano passado, conta com uma equipe adulta feminina. Também foram viabilizadas categorias de base e núcleos de iniciação exclusivos para meninas, que são sucesso. Espero que a modalidade continue inspirando e ampliando o número de beneficiadas, dentro e fora das quadras.”

Letícia Rodrigues, assessora de imprensa, do Corinthians
“A importância da mulher ao meu ver, é no sentido de muitas outras que acompanham se sentirem parte e verem que lá também é o lugar delas, já que o meio esportivo é tão machista e nichado, mesmo que minha realidade aqui no Corinthians, seja de conviver e lidar com mulheres muito poderosas e em cargos importantes.

O aumento no futsal é mais do que importante, e creio que já tenha passado até um pouco da hora, já que é uma modalidade tida como muito democrática e que muitas vezes é parte da vida de todos, desde a infância.”

Elizabeth Suniga, supervisora do Santo André Intelli
“Tento mostrar a importância que as mulheres têm, ultrapassar os preconceitos, conquistar seu espaço, sua importância , sua capacidade e competência. Lugar de mulher é onde ela escolhe estar, seja na direção de uma equipe, na arquibancada ou acompanhado seu filho e familiares. Trabalhamos focados no melhor do futsal, não dá nem tempo de ficarmos pensando quem é homem e quem é mulher.

Lutamos por resultados e excelência dentro e fora das quadras, por isso chegamos onde chegamos. Temos sempre mulheres colaborando conosco nas diversas ações do clube e a todos eu digo que o que irá julgar nossa capacidade é o resultado de nossas ações. No Santo André não há espaço para preconceito”.

Nas arquibancadas: Soltar a voz, apoiar o time, xingar o juiz, soltar palavrão se for o caso, há muito tempo deixou de ser prerrogativa masculina nos estádios e ginásios. A paixão não escolhe gênero. Em cidades do interior onde o apoio das comunidades é ainda mais próximo, há vários exemplos.

Jaqueline Dallolmo, presidente da torcida organizada Camisa 6, do Pato
“Acompanho o Pato desde meus 11 anos, hoje tenho 36 e continua sendo minha paixão. A mulher está cada vez mais apaixonada e participativa no futsal. Nós abrilhantamos o jogo, torcemos com emoção, somos uma das partes mais atrativas do jogo.

Sabemos nos impor, e a cada dia conquistamos mais espaço nesse esporte que tanto amo. O Pato é meu amor, é meu estresse, e é aonde eu consigo desestressar também. É minha vida. Nunca irei parar de amar esse clube. Somos Camisa 6 até morrer!”

Célia Castilho, uma das fundadoras da torcida organizada do São José
O aumento das mulheres nas arquibancadas se tornou muito comum nos últimos anos entre as torcedoras brasileiras, que lutam por mais respeito e para fortalecimento da presença dentro dos clubes de futsal.

Acredito que lugar de mulher é onde ela quiser, e que isso pode começar até mesmo pelo futsal, onde venho somando forças durante os jogos para continuar mudando esse cenário e mostrando que podemos estar em qualquer lugar e fazer bonito, mesmo sendo a minoria de mulheres. Contamos com vocês mulheres para que acompanhem nossa torcida e continuem apoiando nosso time São José”.

Laís Regina Rovani de Bona, torcedora fanática do Marreco
“Minha família sempre gostou muito de esporte. Me criei vendo futebol. Principalmente no Sul, a mulher não é incentivada ou induzida ao esporte – pelo menos na minha infância – e isso era algo distante para muitas, pois sempre se via como coisa de menino, e isso por muitos anos acabou afastando muito as mulheres das quadras.

Hoje temos conquistado muito espaço pois a cultura vem mudando aos poucos, e as arquibancadas estão cada vez mais cheias de mulheres. Parece clichê, mas somos realmente o sexto jogador. A mulher é diferente na torcida, ela trás mais paixão, busca sempre incentivar mais, lutar mais e não desiste nos momentos em que a equipe precisa daquele empurrão. Temos muito potencial para contribuir com os times seja na arquibancada ou dentro deles. A nossa garra, força e determinação são elementos que dentro de quadra fazem toda a diferença.”

Nos gabinetes: Em algumas comissões técnicas, não é mais raro encontrar profissionais mulheres, como na área da nutrição, por exemplo. Os últimos degraus a galgar na carreira feminina no esporte, talvez seja na área da gestão. Por isso, quando as portas dos gabinetes se abrem para as mulheres, não deixa de ser uma conquista.

Simone Becker, funcionária do setor financeiro do Atlântico
Sou torcedora assídua deste time de coração, que só vem trazendo alegria para nossa cidade de Erechim/RS. A visão geral da importância sobre a mulher no esporte vem se modificando com o decorrer do tempo. A mulher atleta, a mulher profissional, a mulher torcedora que vai ao ginásio, a mulher jornalista, enfim toda mulher que trabalha no esporte, vem conquistando cada vez mais seu espaço.

As mulheres de hoje se mostram tão competitivas quanto os homens e capazes também de realizarem grandes feitos. A importância do esporte é inspirar novas gerações de meninas e adolescentes a acreditarem que o esporte também pode fazer parte de suas vidas. Porque, enquanto houver pessoas que acreditem que “o esporte feminino ainda não é uma realidade”, ou que apenas homens devem praticá-lo, haverá também um longo caminho a ser percorrido pelas atletas que não estão pedindo o impossível, apenas igualdade e o reconhecimento merecido.”

Giselle Domingos, diretora de marketing e gestão do Jaraguá
“Estar presentes no esporte é mais que importante, se faz necessário. Felizmente, outras mulheres abriram caminhos para que pudéssemos estar aqui hoje e contribuir para alavancar o esporte nas mais diversas modalidades, na maioria das vezes, em universos totalmente masculinos, com desafios reais, mas não instransponíveis pois somos capazes de ocupar qualquer espaço.

Como única mulher na diretoria, me orgulho em dizer que estamos apenas começando. Nosso projeto é audacioso, construído por pessoas apaixonadas, motivadas e com um verdadeiro propósito, colocar o Jaraguá no lugar que ele merece: o topo!”.

E a base vem como? Às vezes se começa a sentir algo por um clube bem antes de vir ao mundo, como deve ser o caso do Mathias, ainda na barriga da Giselle. Mas para quem já acompanha, mesmo que criança, o time, não tem idade para torcer.

Maria Júlia e Isadora Laitano, filhas do gerente executivo Marcelo Laitano, do Brasília
“Apaixonadas por esporte desde seu nascimento, acompanham o pai quase que diariamente na rotina do time. “Sempre pedem para ir aos treinos. Gostam de observar, brincam com os atletas e comissão. E claro, ao finais dos treinos sempre correm para chutar e correr atrás das bolas”. Para a mãe das Gêmeas, Mariana Laitano: “Não tinha nem como não incentivar! Nossa família respira esporte e o amor pela rotina do pai aflorou isso. Sempre mostrei a elas que o mundo era delas, sem medo de ninguém dizer o contrário. Elas, apesar da idade, são muito empoderadas e personalidade fortíssima. Não deixam ninguém limitar o espaço delas”, completa Mariana.

Nas duas ligas anteriores que o Brasília disputou (2020 e 2021) as duas não puderam estar presentes nos jogos por conta do protocolo de COVID 19, mas em 2023 estão super ansiosas para assistirem todos os jogos in loco. “Quero ir em todos jogos, o papai chega bem cedo para trabalhar, mas vou ficar no pé da mamãe para ficar bem pertinho da quadra”, reforça Isadora.

Obrigado às mulheres que colaboraram para essa matéria e parabéns a todas!