A Seleção Brasileira está prestes a encarar mais um desafio: a Copa América de Futsal. A Amarelinha já esteve no pódio dez vezes em 13 edições, mas o desafio ainda é grande para o técnico Marquinhos Xavier, que ainda não tem este título em sua prateleira. Na manhã deste sábado (2), o Brasil entra em quadra para buscar o título Sul-Americano e a classificação para a Copa do Mundo de Futsal. Mas antes, o site da CBF conversou com o treinador, que falou sobre a competição, sua visão sobre o esporte e ainda deixou um recado para os torcedores.
Marquinhos convive com o futsal há muitos anos e nunca escondeu sua paixão pelo esporte. Na Seleção há sete anos, o técnico já conquistou títulos como o Grand Prix de Futsal (2018) e a Liga Sul-Americana (2017 e 2018), mas ainda busca encher a prateleira com os dois campeonatos mais desejados: a Copa América e o Mundial.
Copa América
Para Marquinhos, o título é muito importante, principalmente por ser continental. Ele ressaltou que, para ser uma seleção hegemônica mundialmente, primeiro precisa começar as conquistas por seu continente.
“Eu estou muito focado nessa disputa, principalmente em função de ser um título que eu não tenho. E agora ele ganhou uma conotação ainda mais especial porque a Copa América sempre foi disputada no modelo de competição e hoje ela tem um modelo de eliminatório. Então, além de você disputar as vagas pro Mundial, você tem um título sul-americano. É uma dupla jornada, um duplo desafio”, completou.
A Seleção Brasileira está no grupo B, e enfrenta Argentina, Uruguai, Bolívia e Peru na primeira fase. Sobre o chaveamento, o treinador afirma que, independente do grupo que o Brasil caísse seria um desafio. Mas reforçou que a preparação foi muito boa e que acredita que a equipe está pronta para os próximos obstáculos.
“A nossa semana de preparação foi muito voltada para a recuperação do potencial criativo que os atletas têm, dessa confiança que eles precisam ter. Muitas vezes, o jogo passa pelos pés e também pela cabeça deles, passa por uma decisão dos atletas. Então é importante que eles recuperem essa confiança e foi basicamente no que a gente focou durante os treinos.”
“A gente já vai ter um adversário forte dentro da nossa chave. Acho que é um bom teste pra gente jogar contra a Argentina, que é uma equipe campeã mundial também, vai ser importante. E depois, se tudo der certo, e a gente espera que dê, a gente poder ir pra uma semifinal garantindo a nossa vaga pro mundial.”
Copa do Mundo
Com seu novo formato, a Copa América virou uma eliminatória para a Copa do Mundo de Futsal. O Brasil é o maior campeão, tendo ganhado cinco vezes desde que a FIFA passou a promover a competição.
Com mais um ciclo completo à frente da Seleção, Marquinhos confessa que o primeiro objetivo é a classificação para o Mundial. Ele explica como pretende finalizar a preparação para a competição mais importante do ano.
“Cronologicamente são sete meses de preparação, mas nesse intervalo existe apenas uma Data FIFA para convocar, que será em abril. A gente está tendo muito cuidado de elaborar bem a lista. Vai ser a última oportunidade antes do Mundial. Isso gera um pouco de ansiedade porque são poucos encontros.”
Mesmo com pouco tempo para fechar a lista, o treinador afirma que a confiança é uma parte muito importante para se sair bem nos torneios.
“Por outro lado, a gente tem que somar tudo que a gente fez até agora, e o somatório de tudo isso tem sido muito importante. O Brasil recuperou o ranking FIFA e já se mantém lá há muitos meses. Além disso, nosso retrospecto em 2023 foi excelente, tivemos 100% de aproveitamento jogando contra grandes seleções. Isso vai aumentando o nível de confiança.”
“Então nessa hora a gente tem que somar tudo e dizer ‘bom, se faltou alguma coisa também vai faltar pra alguém’. Vamos confiar naquilo que a gente fez e contar, obviamente, com o nosso espírito competitivo.”
Comissão Técnica
Como o futsal é um esporte coletivo, ninguém chega ao topo sozinho. Para ter bons resultados, é importante ter uma comissão integrada e em harmonia. É isso que acontece na Seleção Brasileira de Futsal.
“A harmonia entre a comissão técnica é importante, e a gente hoje tem uma comissão muito integrada, que tem muita autonomia. Isso te traz segurança. A partir do momento que você incentiva essas pessoas todas que estão ao teu redor, atletas e comissão técnica, ao olhar para o universo, você tem muito mais análises colaborativas, né? O treinador tem dois olhos, cada mais dois que ele consegue recrutar, ele vai ampliando esse olhar, e vai te dando mais segurança”, disse o técnico Marquinhos Xavier.
Crescimento do futsal
É evidente que a cada ano o futsal conquista mais pessoas e, ao mesmo tempo, ganha novos talentos. Mas isso não acontece só no Brasil. O treinador explica que a evolução do esporte acontece em todos os continentes e isso torna a função dos técnicos ainda mais difícil.
“Houve uma mudança nos protagonistas mundiais. O próprio Brasil, quando sai da Copa do Mundo em 2016, eliminado pelo Irã, abre um sinal de alerta mundial, demonstrando que não adianta mais nós termos apenas talentos individuais se a gente não investir em uma estrutura. Porque o Brasil tem um potencial técnico muito grande. Mas isso também é uma armadilha.”
“Quando você tem muitas opções, você tem muita escolha. É natural que, às vezes, você faça escolhas erradas, porque você tem possibilidades amplas. Quando você tem poucas escolhas, reduz a margem de erro. No Brasil, nós temos muitos atletas, se a cada convocação você reveza demais, você não ganha em processo, não ganha em trabalho. Se você se fixa numa seleção, num corpo, você, por outro lado, é muito criticado que sempre vão os mesmos atletas, e que você não gera oportunidades. Então, saber permear isso é muito desafiador.”
Marquinhos ainda falou sobre a imprevisibilidade do futsal e como isso atrai olhares para o esporte. Com o crescimento do esporte, outras seleções chegam em um alto patamar, fazendo com que as disputas sejam ainda maiores.
“Na minha opinião profissional, eu acho isso maravilhoso, porque ninguém quer assistir um esporte e já saber quem vai ser campeão. As pessoas querem assistir um esporte que seja imprevisível. Quem vai ganhar? A gente não sabe. E aquilo deixa as pessoas muito mais próximas, mais focadas. E é isso que a gente espera que tenha no futsal, para que a gente aumente a nossa visibilidade.”
Ainda sobre a visibilidade do futsal, o técnico reforçou que unir a imagem do futsal à Confederação Brasileira de Futebol é importante para expandir ainda mais a modalidade.
“A Seleção Brasileira de Futsal dentro da CBF está experienciando um grande avanço. A gente aumentou muito o nosso potencial de visibilidade e agora estamos atrelados a uma marca muito forte do futebol também. Esse símbolo, ele contagia, ele traz um olhar diferente. Então, o nosso desafio é fazer com que a seleção continue vencendo para que a gente possa ir ampliando as nossas estrelas e, com isso, trazer para dentro do nosso território uma visibilidade grande.”
Preparo psicológico
Ter a mente preparada para um ambiente competitivo é fundamental. Marquinhos explica como se prepara para chegar às competições com o psicológico pronto e conta quais são suas estratégias.
“Eu acho que acompanhar outros esportes te ajuda a entender como é que você se livra de certas armadilhas. O ambiente de seleção é repleto de armadilhas, inclusive o ganhar muito faz perder um pouquinho o nível de atenção. Então, eu me mantenho sempre muito focado, me mantenho sempre muito atento com os pés no chão, e, por outro lado, tento me aproximar bastante dos atletas.”
“Os medos, os receios, as dúvidas, elas acontecem em qualquer nível, por mais experiência que a gente tenha. Eu tô indo pro meu segundo mundial, o primeiro realmente cria um impacto, hoje me sinto mais preparado do que antes. E acredito eu que estou preparado para o inesperado, porque eu tenho certeza absoluta que vão acontecer coisas imprevisíveis que a gente não conseguiu mapear.”
Representatividade
Por fim, o técnico falou sobre representar seu país e como é importante ser um exemplo para os torcedores e lutar para defender a bandeira do Brasil.
“A partir do momento que o nosso hino toca, a nossa bandeira sobe, a gente está ali defendendo o nosso país. O sentimento é de patriotismo. A gente está ali pra defender a nossa bandeira a qualquer preço. Fazer de tudo pra que isso aconteça. E eu acho que é isso que o torcedor quer. Quando ele olha pra dentro da quadra, ele quer se sentir representado pelas nossas atitudes.”
Agenda
A Seleção Brasileira entra em quadra no sábado (3), às 11h45, contra a Bolívia. Na sequência enfrenta o Uruguai, o Peru e a Argentina. A partida de estreia do Brasil será transmita através do canal da Copa América no Youtube.