Aos poucos, o cenário do futsal brasileiro começa a ficar mais animador depois de uma grave crise que culminou na interrupção das atividades da seleção brasileira por 10 meses. Presidente da Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS) desde abril, Marcos Madeira reconhece que tem encontrado muitas dificuldades nos seus primeiros meses de mandato. Entretanto, ele acredita que dias melhores virão a partir de 2016, já que a entidade dedicou os seus últimos meses ao planejamento da próxima temporada, cujo ápice será o mês de setembro, quando acontece a Copa do Mundo, na Colômbia.
– A situação financeira da Confederação realmente não está boa, não temos nada a esconder, porque encontramos uma Confederação destroçada em todos os sentidos. Apesar da dificuldade nós estamos lutando, pois gostamos desse esporte. Sei que vai ser dura essa travessia de agora até dezembro, mas nós estamos com alguns planos e, com a equipe competente que conseguimos agrupar, nós vamos sair dessa. O planejamento de 2015 já foi feito em 2014. Nós assumimos em abril desse ano, então usamos esses meses para planejar o ano que vem – afirmou.
Segundo Madeira, o calendário da seleção para a próxima temporada já está pronto. Em fevereiro, acontece a Eliminatória Sul-americana do Mundial, em Assunção (Paraguai), e a intenção de jogadores e comissão técnica é que o grupo se reúna pelo menos uma vez por mês para minimizar os prejuízos dos 10 meses sem atividades. De acordo com Madeira, o impasse com os atletas foi resolvido internamente e, tanto jogadores quanto dirigentes, se uniram no propósito de levar o Brasil à conquista do octacampeonato mundial em 2016.
– Não há nada mais contra os jogadores. Tivemos reuniões e reuniões. Estão todos imbuídos em tornar o futsal aquele que ele já foi. É um produto de primeira grandeza, e posso dizer que não há a menor aresta entre Confederação e atletas – comentou.
O dirigente revelou ainda que a dívida atual da CBFS gira em torno de R$ 6 milhões e que há conversas adiantadas com empresas interessadas em patrocinar a seleção a partir de 2016 – na Copa América e no amistoso contra Portugal, o Brasil jogou sem patrocínio na camisa. Madeira negou ainda que a CBFS tenha tido receitas penhoradas nos últimos meses em função de dívidas das gestões anteriores.
– Nós não tivemos receitas penhoradas. Estamos com uma equipe de advogados que está solucionando as dívidas com acordos que estão sendo cumprido nos prazos.Temos conversas bastante adiantadas com empresas interessadas em patrocinar o futsal brasileiro. Não para agora, por causa da crise, mas para o ano que vem – finalizou.
ENTENDA A CRISE
A crise no futsal brasileiro explodiu em 2014, quando o então presidente da CBFS, Aécio de Borba Vasconcelos, teve o balanço da sua administração reprovado pela primeira vez na história da entidade. Revoltados com a má administração da CBFS e desgastados com o diretor de seleções, Edson Domingues Nogueira, o qual promoveu uma grande reformulação na comissão técnica após o Mundial de 2012, um grupo de jogadores liderado por Falcão passou a boicotar a seleção.
Envolvido em denúncias de nepotismo e corrupção, Aécio renunciou ao cargo em junho do ano passado. Em seu lugar assumiu o vice-presidente de competições, Renan Tavares. Na esperança de dias melhores, os jogadores resolveram dar um voto de confiança ao novo presidente e voltaram a defender a seleção no segundo semestre de 2014. No entanto, após a disputa do Grand Prix, em novembro do ano passado, em São Bernardo do Campo (SP), a seleção ficou vários meses sem atuar, já que a CBFS se encontrava em grave crise financeira, chegando a cancelar todos os compromissos marcados para a equipe do técnico Serginho Schiochet no início de 2015.
Devido à crise financeira, Renan antecipou a eleição à presidência para março desse ano, avisando que não continuaria no cargo. Líder da oposição, o então presidente da Federação Mineira, Marcos Madeira, decidiu lançar uma chapa após aliar-se à situacionista Louise Bedé. O fato revoltou jogadores, que declararam novo boicote à seleção no mesmo mês de março – os atletas chegaram a lançar a candidatura de Nilton Romão, que desistiu do pleito, uma vez que a chapa rival contava com o apoio de quase todas as federações. A comissão técnica também acompanhou o protesto e entregou o cargo no dia 23 de março.
Após tentativa fracassada de levar o futsal para a CBF e de terceirizar a gestão da seleção brasileira, os atletas voltaram a se aproximar da CBFS após seguidas reuniões e, em julho deste ano, a paz foi selada, e a comissão técnica de Serginho Schiochet reassumiu o comando. A seleção voltou às suas atividades a partir de agosto, quando disputou a Copa América no Equador.
Notícia: Flávio Dilascio
Imagens: Divulgação/ Zerosa Filho/ Luciano Bergamaschi/ CBFS