“Como treinador, a gente é sempre muito questionado pelas escolhas que faz, né?”, indaga, retoricamente, o treinador Marquinhos Xavier, em conversa com a FIFA. Naturalmente, depois de uma vitória por 10 a 0 na estreia pela Copa do Mundo da FIFA Uzbequistão 2024, Xavier não estava se referindo ao que se passou dentro do ginásio do Complexo Esportivo de Bucara.

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Marcel foi eleito o craque da vitória do Brasil. | Foto: FIFA

O treinador estava respondendo sobre a fase para lá de inspirada do ala Marcel, que, ao lado de Marlon, foi o artilheiro da primeira jornada do torneio, anotando três gols. Sim, o mesmo Marcel que, no ciclo para o Mundial, havia ido para a quadra apenas uma vez pela Seleção Brasileira.

“Por um jogador que teve apenas uma convocação vai estar na Copa?”, continua Xavier, ecoando as perguntas que deve ter lido aos montes em suas redes sociais. “Aí é a sensibilidade de entender que ele está bem, entender que tem de existir essa, digamos, cota para quem está bem no momento ideal.”

E “bem” talvez seja até eufemismo para falar sobre esse paulistano de 28 anos. Deixemos o próprio jogador, eleito o melhor da partida contra Cuba, falar a respeito…

“Não tem como negar que é a melhor fase da carreira”, afirma. “Venho de um grande ano pelo clube, e isso me deu a oportunidade de estar aqui. Tenho seguido com essa confiança, com esses gols. Acredito que já fiz outras temporadas, mas esse número expressivo de gols te dá uma visibilidade maior”.

Na temporada 2023/24, Marcel fez 33 gols em 43 jogos pelo El Pozo Murcia e foi o artilheiro da liga espanhola. Isso quer dizer que ficou à frente de gente do quilate de Dani Gabriel, Pito, Chino, entre outros.

Já em solo uzbeque, em dois amistosos preparatórios contra a seleção local, fez seis gols em dois jogos. Ou seja: contra os cubanos, ele manteve a média. “Ele mereceu estar aqui e está justificando, pois está num momento espetacular da vida dele”, diz Marquinhos Xavier.

E pensar que esse é o tipo de talento, o tipo de potencial que uma Seleção Brasileira às vezes pode preterir.

“Nosso futsal permite isso. O professor que tem um problema de fazer a convocação [risos]. Fora daqui, você pode montar mais duas seleções de alto nível para o Brasil”, diz o ala que, no Brasil, jogou futsal pelo Corinthians e pelo Magnus. É totalmente concorrido, então é por isso que quem está aqui está dando muito valor a esse Mundial, fazendo de tudo para sair daqui como campeão.”

Marcel não jogava pela Seleção desde um amistoso contra Marrocos, logo depois da edição passada da Copa do Mundo de Futsal, em outubro de 2021. Depois, já neste ano, foi chamado para um torneio amistoso disputado na Lituânia, mas acabou dispensado devido uma lesão.

“Foi na coxa, não foi grave, mas foi bem no último jogo antes de viajar”, afirma. “Vinha há dois, três anos longe da seleção, e era um desejo muito grande retornar.”

Pois ele retornou, e realmente não há nada o que divagar na hora de falar sobre sua presença no Uzbequistão. Agora é a hora de a Seleção Brasileira simplesmente tirar proveito. “Espero que possa continuar assim, pelo menos por mais seis jogos, para a gente sair daqui com a Copa”, diz Marcel.