Hedgard Moraes
Fisioterapeutas analisam as lesões da última temporada

Por mais que se invista em prevenção, as lesões fazem parte do cotidiano dos atletas de alto rendimento. No futsal não é diferente. A alta intensidade proposta em quadra, a dinâmica do jogo, o piso duro, a velocidade impregnada, aceleração e desaceleração, mudança brusca de direção, são apenas alguns dos fatores que compõe o cenário que termina na maca dos departamentos médicos.

Para entender os motivos e esmiuçar cada vez mais o processo recuperatório é que, desde 2018, os fisioterapeutas das equipes da LNF fazem um levantamento minucioso das intercorrências durante o campeonato. Ao todo, 21 das 24 equipes participam fornecendo os dados de forma on-line. E, 2023 foi histórico nesse sentido. Na temporada, foi registrado o maior número de lesões desde o início deste controle, um total de 373. Também foi a temporada com o maior número de lesões por equipe, em média de 17,8.

Celso Dias
Fisioterapeutas analisam as lesões da última temporada

“Um achado interessante deste ano, que não estava presente nos outros anos foi a análise das ações que desencadearam as lesões. Por exemplo: percebemos que durante a corrida ocorriam mais lesões de panturrilha e isquiossurais (posterior de coxa). Já durante o movimento de chute, ocorreram mais lesões em reto femoral e adutores”, explica Felipe Ribeiro Pereira, fisioterapeuta do Minas e responsável pela organização de todo o projeto. Na lista abaixo é possível ter uma ideia de quais as principais incidências.

  • Lesões: Foram registradas 373 lesões (aumento de 12% em relação à 2022);
  • Local: Foi novamente o joelho com 69 lesões (18%). Em seguida, o local mais acometido foi a parte posterior da coxa com 63 lesões (17%) e, em terceiro lugar, a região da virilha com 62 lesões (17%);
  • Estrutura: Foi novamente músculos, com 178 lesões (48%). Os ligamentos, com 101 lesões (27%), ficaram em segundo lugar e lesões ósseas com 34 ocorrências (9%) em terceiro;
  • Lesões musculares: Das 178 lesões musculares registradas, 63 (36%) foram da região posterior da coxa, 43 (24%) da região virilha e 34 (19%) na perna;
  • Lesões ligamentares: Das 101 LL, 42 (42%) foram no tornozelo e 41 (41%) foram no joelho. Também ocorreram 13 (13%) lesões ligamentares nos membros superiores;
  • Lesão de ligamento cruzado anterior do joelho (LCA): Nesta temporada foram registradas 10 lesões no ligamento cruzado anterior do joelho. Sendo 7 no lado dominante e 3 no lado não dominante. 4 lesões ocorreram em jogos e 6 durante treinamento;
  • Tipo de lesão: O mais frequente foi o estiramento com 122 lesões (37%). Em seguida, entorse com 76 lesões (23%) e, em terceiro lugar, tendinopatia com 26 lesões (8%);
  • Afastamento: Ao todo, as 373 lesões causaram 12.355 dias de afastamento (no total). Sendo que cada lesão deixava o atleta afastado em média 34 dias. A média de tempo de afastamento também foi maior em lesões no joelho, 76 dias. Essa articulação continua sendo o principal ponto de atenção para prevenção de lesões, tanto pela quantidade quanto pelo tempo de afastamento.

Para 2024, o trabalho voltará a ser organizado, pois a medida em que são criados relatórios desse tipo, os profissionais da saúde possuem maior número de informações para lançar mão durante a recuperação e prevenção de lesão dos atletas.

“Acredito que com o conhecimento da incidência, tempo de afastamento e ações que desencadearam as lesões poderemos tomar melhores decisões em direção da prevenção. Lembrando que a prevenção é de responsabilidade de fisioterapeutas, treinadores, preparadores físicos, fisiologistas, médicos e atletas”, encerra Felipe.

A próxima temporada da LNF começa dia 22 de março e 24 equipes estarão na disputa do tão sonhado título ou na permanência na elite do ano que vem. Todas as partidas terão transmissão ao vivo no canal da LNFTV no YouTube.

Juliano Schmidt
Fisioterapeutas analisam as lesões da última temporada