No auge dos 30 anos, o goleiro Carlos Espíndola, do Jaén, da Espanha, foi convocado para sua primeira competição oficial com o Brasil: a Copa América de Futsal.
Vice-campeão e melhor goleiro da Liga da Espanha na última temporada, Carlos conversou com o ge para contar sobre as idas e vindas da carreira, que iniciou em Florianópolis, sua cidade-natal, até a tão sonhada convocação para a seleção brasileira em ano de Copa do Mundo.
Carlos começou no futsal com sete anos no Clube Doze de Agosto, em Florianópolis, onde ficou até os 13 e rodou bastante até chegar no Floripa Futsal, onde estreou profissionalmente na Liga Nacional de Futsal, em 2014. A rodagem, inclusive, o acompanhou durante toda a carreira até se estabelecer no Jaén, seu clube atual.
— Fiquei como terceiro goleiro no primeiro ano de Floripa Futsal. No outro, me renovaram como segundo e, na metade do ano, peguei a posição. Depois desse ano, o Santo André Intelli me chamou. Acabei sendo o goleiro principal no segundo ano lá, mas, com 22 anos, eu senti um pouco a pressão. Aí eu fui buscar fora — conta Carlos.
O primeiro passo do manezinho fora do país foi no Asti, da Itália. Depois, o goleiro passou por FK Chrudim (República Tcheca), Nacional Zagreb (Croácia), Napoli (Itália), Jaén pela primeira vez, ElPozo (Espanha), Italservice Pesaro (Itália) e enfim, Jaén, novamente, onde está até hoje.
— Voltei para o Jaén e no ano passado fomos vice-campeão da Liga, campeão da Copa e fui o melhor goleiro da Liga também. Agora, na seleção brasileira, estou colhendo os frutos desse investimento. Rodei pra caramba. Meu pai falava: “Pedra que muito rola não cria limo”. Sempre fui muito inquieto, sem medo da mudança, tive ambição, mas, às vezes, dei uns passos em falso. Repetiria, porque amadureci até chegar aqui.
Apesar da ótima temporada 2022/23 no Jaén, Carlos não imaginava que seria convocado por Marquinhos Xavier em pleno ano de Copa do Mundo. O goleiro, inclusive, já estava com outros planos para a data desta Copa América.
— Demorei quatro anos para estar e, quando fui convocado agora, eu nem esperava. Tinha uma viagem marcada com a minha família, já vinha voo comprado. Foi uma grande alegria, faz tempo que estava buscando.
Apesar de não ter sido a primeira convocação dele -já havia defendido o Brasil em um amistoso contra a Espanha-, é a maior chance dele na seleção brasileira.
— Os primeiros treinos eu tava meio tremendo. Primeiro treino é tudo novo, muita informação, a perna pesada pela viagem, coração batendo forte. Completamente fora da zona de conforto. Agora já estou pegando o ritmo, aqui treina muito mais que nos clubes, duas sessões no dia e todo mundo tá dando a vida para mostrar e estar nas próximas convocações.
A Copa América inicia nesta sexta-feira e segue até 10 de fevereiro. Além do título, o torneio também servirá como Eliminatórias e garante vaga aos semifinalistas para a Copa do Mundo de Futsal, em setembro.
— A gente sabe o que a gente está representando, o que é o Brasil dentro do futsal, escudo pesado. Pelo trabalho e o que estamos demonstrando aqui, a expectativa é a melhor possível. Tentar ganhar e trazer a Copa América de novo para o Brasil. Mas o mais importante é a classificação para o Mundial.
— Não tem mais nenhum bobo no futsal. O futsal está evoluindo muito com a internet, com os brasileiros que migraram para os outros países para ensinar também. Tá igualando bastante, vai ser complicado, mas vamos dar nosso máximo.
Após um tempo de preparação em Gramado (RS), o Brasil já está em Luque, no Paraguai, para a Copa América.
A seleção brasileira estreia no sábado, dia 3 de fevereiro, contra a Bolívia, às 11h45 (de Brasília), pelo Grupo B da competição.
De 13 edições da Copa América de Futsal, o Brasil foi campeão em 10 e a Argentina as outras três, inclusive, a Albiceleste é a atual campeã. Na última edição, em 2022, o Brasil foi terceiro lugar.