Jonas Ramos
Falcão esteve no Ginásio do Sesi em 2013, atuando pela Seleção Brasileira no Grand Prix | Foto Jonas Ramos

Antes mesmo de voltar a pisar nas quadras, na sexta-feira (13), em evento festivo denominado “Jogo do Rei”, no Ginásio do Sesi, o craque Falcão concedeu entrevista ao Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra.

E o eterno camisa 12 da Seleção Brasileira não poupou críticas à formação de novos atletas que, segundo ele, fazem parte de uma “geração robótica”.

O ídolo brasileiro ainda revelou que irá ouvir explicações da Fifa sobre o porquê do futsal não é uma modalidade olímpica. Ele ainda citou o que Caxias do Sul deveria fazer para ter uma equipe forte dentro das quadras.

Confira os principais trechos da entrevista com Falcão:

Geração robótica?

Na semana de estreia do Brasil na Copa do Mundo de Futsal do Uzbequistão, o Rei do Futsal lamentou a forma de como a nova geração de atletas é trabalhada nas categorias de base.

— A gente sai de uma geração de muita qualidade, para uma geração mais robótica, e isso acaba afastando um pouquinho o público. Tanto no futsal, no vôlei, no beach soccer, porque se você perguntar cinco jogadores de beach soccer, você vai falar Neném, Benjamim, Júnior Negão; no vôlei, você vai falar Giba, Marcelo Negrão, Tande. E hoje em dia, para o público fora do futsal, que é aquele público do domingo de manhã, da TV aberta, que parava para ver alguma coisa diferente, hoje nós perdemos um pouquinho — apontou Falcão, que ainda emendou:

— Primeiro que hoje os times de futebol estão afastando o menino do futsal muito mais cedo. Antes os meninos jogavam futsal e futebol até 13, 14, 15 anos, aí sim direcionavam para o futebol. Mas já com uma base formada, do bom passe, da característica de marcação, de preencher espaço; e hoje o menino com 11 anos, ele já é tirado do futsal e colocado no campo. As regras também, eu acho que o goleiro-linha, tinha que ser proibido até 16, 17 anos.

O que fazer para que Caxias do Sul tenha uma equipe forte no futsal?

Durante a semana, o técnico do Caxias Futsal, Jorginho, revelou atraso de salários e se desligou do grupo que disputa a Série Ouro no Rio Grande do Sul. As dificuldades financeiras vividas pelo clube são exemplo do que uma má administração ou a falta de recursos podem acarretar.

— Caxias é uma baita cidade, tem mais de um ginásio em condições, e é só as grandes empresas das cidades entenderem, assim como Carlos Barbosa com a Tramontina, como a Magnus aqui em Sorocaba; uma empresa grande de Caxias abraçar o futsal em si, a cidade abraçar, às vezes até virar um Juventude Futsal com patrocínio autônomo e que possa andar sozinha com as pernas.

Futsal nas Olimpíadas?

Uma das justificativas da Fifa ao não fazer do futsal uma modalidade olímpica é que a inclusão nos jogos reduziria a importância da Copa do Mundo de Futsal. Mas, para Falcão, isso tem que mudar.

— Eu vou aproveitar a minha ida pro Mundial. A partir das semifinais, vou estar diretamente com o presidente da Fifa pra entender até que ponto a entidade tem o dedo de não ser ou ser. Como jogador sempre cobrei, porque todo mundo quer o futsal olímpico, mas no Mundial que você está com as grandes forças ali do futsal, eu nunca vi os presidentes se juntarem com o presidente da Fifa pra ganhar força pro futsal nos jogos. Eu vou ter essa liberdade de perguntar a que ponto a Fifa pode nos ajudar pra que o esporte seja olímpico.

Abandou o carreira cedo ou tarde demais?

Falcão deixou as quadras em 2018, mas ele admite que deveria ter se aposentado um pouco antes.

— Eu acredito que até meu último ano foi meio empurrando com a barriga, já profissionalmente, pela minha vida já por fora, já não conseguia acompanhar os treinamentos. Eu acho que o certo seria ter parado um ano, dois anos antes. Até tenho que agradecer a Deus por ter jogado até 41 anos.

E para quem quer ter a chance de ver o craque mais uma vez em ação, a oportunidade será nesta sexta-feira (13), às 21h, no Ginásio do Sesi.