Quando criança, os pais são vistos como um espelho para seus filhos. É muito comum ouvir de um pequeno: “quando crescer, quero ser igual meu pai”. E é exatamente isso que acontece na família Rodrigues, mas com um leve “desvio de rota”.

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Pai Xoxo, Hector, Herick e mãe Viviane nas festas de fim de ano. | Foto: Arquivo Pessoal

Desde pequenos, os filhos assistiam aos jogos do pai, Xoxo, ídolo do Jaraguá Futsal, e não teve outro jeito jeito. Hector e Herick já sabiam que o futuro deles também estaria ligado por uma bola. A dupla, aliás, até começou nas quadras, seguindo 100% os passos do pai, mas o coração bateu mais forte pelos gramados e os dois viraram jogadores de futebol.

Atualmente, Hector está na base do Novorizontino disputando a Copinha, enquanto o irmão, Herick, atua na categoria de base da Chapecoense. Mesmo que longe fisicamente – o pai está no Equador sendo técnico do SS Boca – , a família segue unida e os dois irmãos têm o mesmo sonho: virar um jogador profissional.

Em entrevista ao ge, o pai, Márcio, que é o famoso Xoxo, ressaltou a relação entre a família e o quanto eles são unidos, sempre pensando no bem maior, que é a evolução dos meninos no esporte.

– Nós somos muito família, tanto eu, a Viviane, que é minha esposa, os avós, todos somos muito apegados. Eu por ser um ex-jogador de futsal e agora treinador, eu sempre briguei pelo futsal. E os meus filhos, tanto o Hector como o Herick, acabaram indo para o lado do futebol de campo. Jogaram na quadra até os 13 anos de idade e acabaram migrando para os gramados. E hoje estão buscando seu espaço. Sabemos que a dificuldade é bem maior, né? A concorrência é muito grande.

– O futebol de campo requer muitas coisas que hoje conversamos bastante com eles. Disciplina principalmente para ser um atleta profissional. Conversamos bastante sobre isso, mas é um dom que eles têm e cada dia aprimora mais e tem a qualidade individual. E nós trabalhamos bastante isso aí com eles, não só nós, como os empresários, os clubes também. E eles sabem dessa relação que temos, dessas dificuldades, mas eles não querem saber. Eles focam no primeiro plano, o plano A, que eles querem é o futebol. E nós nos preocupamos, pensamos no plano B. Mas espero que eles consigam, com muita resiliência, com muito trabalho, buscar esses objetivos – disse.

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Os irmãos Hector e Herick. | Foto: Arquivo Pessoal

Xoxo também falou sobre ser a principal inspiração dos meninos. Admiração esta que começou com eles ainda pequenos acompanhando o pai nas quadras. Hoje, os papéis se inverteram e é o pai que assiste os jogos dos filhos, só que nos gramados.

– Eu tive a oportunidade deles me verem jogar ainda, quando eu joguei como profissional no futsal, eles sempre me acompanharam. No Jaraguá fui campeão da Liga Nacional, joguei Mundial, joguei pela Seleção, e tive essa oportunidade deles me acompanharem, e eles sempre falam que o ídolo é o pai. Claro que eles têm os ídolos maiores no meio do futebol, que é Messi, Neymar, mas eu acho que nesse sentido sempre nos apoiamos, sempre deixei eles livres para escolher o que eles queriam, se eles queriam futebol, se eles queriam futsal, se eles queriam vôlei ou qualquer coisa. Mas eles sempre escolheram futebol, então essa é uma coisa muito gratificante para mim.

A parte mais difícil, com certeza, é a distância. Cada filho em um estado e o pai fora do país para cuidar dos projetos de futsal. É o que mais entristece Xoxo, que comemorou o fato de ter conseguido se juntar com os filhos e a esposa e passar as festas de fim de ano em Novo Horizonte.

– Nos desdobramos bastante, as dificuldades são muito grandes, mas é um momento que precisamos estar perto dos filhos. Uma idade que precisamos estar acompanhando, precisamos dar o suporte como família, o suporte de experiências que temos no meio do futebol. Porque não é fácil hoje ser um jogador. Todo mundo sabe jogar bola, mas requer muita disciplina, requer muita conversa, muita psicologia, porque o dom eles têm. Mas nesse meio é bem disputado. E no meio do futebol tem bastante, principalmente no futebol de campo, muita sacanagem.

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Hector e Herick, ainda pequenos, com os pais. | Foto: Arquivo Pessoal

– Uma coisa que nunca conseguimos fazer era passar o Natal e Ano Novo juntos e tivemos a oportunidade de irmos para Novo Horizonte e nós quatro passamos juntos as festas de fim de ano e contarmos histórias. O futuro só a Deus pertence, mas nós conversamos, o Hector está jogando a Copinha pelo Novorizontino e hoje o Tigre é um clube a ser batido. Mas conversamos bastante com eles, trabalhamos a cabeça, é um dia de cada vez. Tenho certeza que vai dar tudo certo e eles vão conseguir serem atletas profissionais de alto nível – comentou.

E o sentimento é um só: orgulho. Xoxo enalteceu os filhos que seguiram seus passos, mas, além disso, falou sobre sua admiração pelas pessoas que são Hector e Herick.

– É um orgulho muito grande, eu como pai, ex-atleta, como amigo, sou muito orgulhoso. Tanto eu, como minha esposa e os avós, temos muito orgulho dos filhos que temos e criamos. Não só eles como atleta, mas também como pessoa. Por mais que eu esteja longe, acompanho, falo com eles todos os dias e dou o suporte. Só tenho uma palabra a dizer. Gratidão. Por eles escolherem esse caminho. Sabemos que tem muita coisa a percorrer pela frente, mas sou muito grato pelos meus filhos hoje.

“Ele é nosso ídolo”

E, de fato, a admiração é mútua. Hector e Herick rasgam elogios à maior inspiração deles: o pai. Com 19 e 18 anos, respectivamente, eles têm convicção de onde querem chegar, mas sem esquecer das origens e de quem os ajudou a estarem onde estão hoje.

– Ele é nosso ídolo não só por ele ter jogado futsal, mas também pelo ser humano que ele é. Nossa relação é muito boa, ele sempre nos dá dicas e apoia em todas as nossas decisões. Eu sou muito grato por tudo que ele fez por nós – comentou Hector, jogador do Tigre do Vale.

– A nossa história começa muito cedo e sempre tivemos o apoio do meu pai tanto no futsal quanto no campo. Sempre foi muito importante para nós. Eu posso dizer que pra nós hoje ele é uma inspiração e sempre foi no esporte. É uma pessoa que seguimos, gostamos que esteja junto, do nosso lado, porque sabe tudo o que estamos passando e entende também porque ele já passou. Meu pai sempre foi muito importante nessa parte, porque sempre deu todo o apoio, todo o suporte que a gente sempre precisou – disse Herick.

– E hoje escolhemos pelo campo e temos todo o apoio dele. Mas ele sempre brinca e fala que ele é um defensor do futsal, que se a gente quisesse voltar para as quadras ele ia ficar muito, muito feliz. Então ele até brinca, às vezes, mas temos todo o apoio dele, é muito importante ter ele nessa parte da nossa vida – completou o atleta da Chape.