O ala Leandro Lino, do Magnus, já foi considerado o melhor jogador sub-23 do mundo na premiação Futsal Awards e vai representar o Brasil na Copa do Mundo da modalidade, em setembro, no Uzbequistão. O título pode coroar a carreira do atleta de 29 anos.
Mas o que muitos não sabem é que essa paixão pela bola veio de berço, com o incentivo do maior fã do jogador: o pai, Jair Lino, de 52 anos – atualmente roupeiro do Magnus.

Jair era montador de móveis, sempre gostou de futebol e jogava nos times de várzea da cidade de Francisco Morato, onde Leandro Lino nasceu. Um programa típico de final de semana entre pai e filho era levar o garoto consigo nas partidas. Até que um dia, ao chegar do trabalho, Jair percebeu que o filho também tinha jeito pra coisa.
– Eu cheguei do trabalho, vi o Leandro jogando com o tio dele em um campinho do lado da nossa casa e percebi um certo talento nele. Foi então que decidi procurar uma escolinha de futebol – conta Jair.
Na época, Leandro tinha seis anos, menos do que a idade mínima para frequentar as aulas da escolinha (categoria 7 a 8 anos). Mas o professor, impressionado com o talento do garoto, abriu uma exceção. Dali em diante, Jair se desdobrou para levar o filho aos treinos, chegando até a pedir um carro emprestado para sair no meio do expediente e deixar Leandro na escolinha de futebol.
– Era difícil, pois éramos humildes, mas faria tudo novamente. Sempre sonhei em ser jogador de futebol, e queria dar essa chance para meu filho – relembra.

Leandro Lino nunca decepcionou o pai. Não demorou para começar a disputar os campeonatos na região pela Federação Paulista, chamando a atenção de olheiros que o levaram para o time do Círculo Militar de São Paulo, onde foi campeão. Em 2013, recebeu o convite do sub-20 do Corinthians, chegando ao profissional em 2015. E em 2016, ao disputar a Liga Nacional, despertou o interesse do Magnus.
O ala se viu diante da oportunidade de jogar com seu ídolo, Falcão, e se consolidar na carreira. A notícia só poderia ser melhor se o pai estivesse com ele. Na ocasião, Jair trabalhava como entregador e já havia sido assaltado várias vezes.
O camisa 10, então, pediu à direção do time uma vaga de emprego para o pai. Jair foi contratado como motorista da van do time e logo aproveitou a chance de se tornar roupeiro, cargo que ocupa há sete anos.
– Meu pai é um guerreiro e sempre fez de tudo para dar as coisas para os filhos. Era para ser jogador, mas deixou o sonho dele para trabalhar e sustentar a gente. Sempre me ensinou a tratar bem as pessoas e a correr atrás dos meus objetivos – declara.

Pai, filho e neta
Este ano, o Dia dos Pais guarda ainda mais emoções para Leandro Lino e Jair. Maior que a expectativa pela participação do ala na Copa do Mundo de Futsal está a expectativa de crescimento da família. A esposa de Leandro está grávida de Ayla, que deve nascer em dezembro.
– Quero ser um bom pai e dar o melhor de mim para minha filha, passando um pouco do que meu pai me ensinou, como ser honesto e conquistar as coisas com o próprio suor – diz o ala do Magnus.

O pai de Leandro Lino e futuro vovô também não esconde a alegria pela vinda da herdeira.
– Agora estamos todos juntos, minha neta vai chegar, e o Leandro está feliz e realizando as coisas dele. Eu sinto orgulho e me realizo também.
Leandro Lino tem diversos títulos em sua carreira, como a Libertadores, Liga Nacional, Copa do Brasil, Supercopa, Taça Brasil, dois Mundiais e quatro campeonatos da Liga Paulista. Mas, para ele, o maior prêmio veio de fora das quadras.
– Meu pai é meu exemplo e sempre cuidou da nossa família. Sem ele, nada disso seria possível – agradece.