Entrevista com Kleber Rangel, supervisor do futsal de 2002 a 2010 e de 2014 em diante

Leia matéria completa do “História dos Campeões – Jaraguá: Uma década de ouro”

Quando chegou à Jaraguá, Kleber já era campeão da Liga Nacional pelo Vasco da Gama. E com o clube cruzmaltino havia cruzado o caminho do seu novo time na Taça Brasil 2000 – competição na qual o Vasco foi campeão – e a estreia em nível nacional do Jaraguá.

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No primeiro ano de Malwee, o clube já terminou a Liga Nacional na oitava colocação. Nesta época, os jogadores eram “de excelente qualidade técnica, de seleção – como Cacau, Manoel Tobias e Euler, campeões comigo no Vasco, Maike, Cacau (hoje treinador do Kairait) e o goleiro Franklin”, segundo Kleber Rangel.

Ele confessa o quanto a qualidade do elenco colaborava para o projeto ser bem sucedido, porém, “tínhamos que estruturar a equipe toda”. Aqui Kleber diferencia um time de futsal para uma equipe completa, um clube como todo: “o preparador físico fazia o papel dele e de auxiliar do treinador, o massagista era massagista e outra coisa”, enfim, “as pessoas acumulavam funções”, explica. Segundo ele não existia um local próprio do futsal, então “começamos do zero”. “Arrumamos um roupeiro, para o massagista ser apenas massagista, criamos um escritório da equipe, com sala de reunião da comissão técnica”, enumera. Para Rangel tratava-se de uma “equipe de atletas profissionais, mas com estrutura amadora”.

24.09_campeões_jaraguá_tetra_6“Eu sou da seguinte opinião: você pode contratar os melhores atletas do mercado, mas sem estrutura para eles desenvolverem o seu trabalho com a comissão técnica, não se chega a lugar nenhum”, reflete. “Sempre falei, só vamos ser campeões com estrutura, como o caso do Keko: ele teve uma lesão que era para retorno em sete meses, em cinco ele fez a reestreia e marcou um gol”, exemplifica. (O atleta foi o melhor pivô da LNF 2014, afastado por rompimento no Tendão de Aquiles em abril, Keko voltou dia 16 de setembro na vitória contra o Concórdia pelo estadual)

Com a estruturação, a equipe começou a ganhar e não parou mais: Taça Brasil, Estadual, Liga Nacional, Libertadores. “O time se tornou um multicampeão em uma década”. “Acredito que no Brasil isso não vai acontecer de novo”, afirma Kleber. “Nem nós mesmos”, contemporiza. “A intelli, por exemplo, venceu dois anos e a sequência já quebrou, com a vitória do Kirin, foi uma década de ouro que aconteceu e não vai acontecer de novo com ninguém, com todo respeito aos clubes”.

Jaraguá ontem e hoje

“Na época da Malwee oito jogadores da nossa equipe eram convocados para a seleção, hoje isso não acontece mais, pra montar a seleção tem que desmembrar outros clubes”, diz.

“Hoje nossa equipe é humilde. O que ela ganha é o ganho coletivo, de todos. Por isso estamos chegando, ganhamos a Taça Brasil este ano, não por diferenciação de um jogador, mas sim a união e coletividade”.

O momento do futsal brasileiro

“Tivemos no plantel os melhores do mundo Manoel Tobias e Falcão, além de Lenísio, Neto, Ari, Chico, Neto, Xande, Índio, Cabreúva, Valdin, Márcio, Franklin, Humberto, Tiago goleiro, jogadores altamente consagrados, com potencial muito grande. Hoje, por força do tempo, alguns já terminaram suas carreiras e os em atividade já estão ‘nos finalmente’(sic), apesar da qualidade técnica de cada um, que é muito grande.”

Falcão
24.09_campeões_jaraguá_tetra_8“Eu vejo que, posso falar porque o Falcão foi meu atleta, pra ter outro é difícil. Quem vai substituir ele? Um jogador de uma qualidade tão superior que, mesmo que fique parado por algum problema, quando volta supre a necessidade de uma performance física privilegiada. Não vejo no Brasil alguém para substituí-lo. É uma preocupação que eu tinha há anos, mas infelizmente não temos um jogador que chegue à altura do que o Falcão representa pra futsal brasileiro.”

Momento mais marcante da 1ª passagem pelo clube

Marcou ganhar tantos títulos. Realmente qualquer conquista marca, mas o que marcou mesmo foi o término do patrocínio da Malwee, em 2010. Foi uma emoção muito grande quando aquela equipe fez seu último jogo em casa. Comissão técnica, dirigentes, jogadores, torcida, todos choraram. E emociona até hoje! Aqueles 10 anos merecem um registro de um livro falando sobre a década de ouro do futsal. Muitos títulos em pouco tempo de existência.

Às vezes, não se consegue lembrar quem fez o gol do título, mas aquele dia… todos se abraçaram e choraram”.

LNF

“A LNF vai crescer. Neste um ano juntos todos envolvidos aprenderam muito. Estamos buscando o melhor pra Liga.”

Vídeo da última partida da Malwee na Arena Jaraguá. 

Capitão se faz em casa
Leia entrevista com Chico, jogador formado em Jaraguá, que atuou antes e durante todo período da Malwee.

Texto: Assessoria e Comunicação LNF
Imagens: Jaraguá Futsal