O Jaraguá multicampeão e ganhador de 15 títulos nacionais e seis Libertadores em uma década terminou em 2010. Porém, ficou uma semente plantada na quadra da Arena Jaraguá. Na equipe que ganhou praticamente todos os títulos que disputou em 2008 o ala Dian dava os primeiros passos no futsal profissional, aos 18 anos. Hoje ele é um dos nomes na condução da equipe na busca ao menos estar à sombra de seu passado. Uma responsabilidade que assumiu em 2011, em uma condição bem distinta do que havia sido e é atualmente.

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A equipe vivia uma espécie de entressafra, com a saída do patrocinador que bancava craques como Falcão, Lenísio e o goleiro Tiago. Nem a Liga Nacional foi disputada naquele ano. Era preciso refazer a equipe. Não do zero porque o Dian era praticamente um remanescente daquele período. Ainda garoto ele adotou o semblante da seriedade e tratou de repassar a quem chegava que aquele era o começo de uma nova equipe, e que teria que frutificar ainda que vivesse à sombra das glórias.

– Aquele período terminou em 2010, com a saída do patrocinador. Voltei ao Jaraguá em 2011 e assumi uma responsabilidade como se fosse mais velho (tinha 21 anos). Ainda sou novo, mas com uma carga muito grande, uma responsabilidade bem maior quando voltei, tinha que utilizar e repassar o que havia vivido naquele período – descreve.

Na base jaraguaense desde os 16, Dian Luka Barbieri Miotto ascendeu ao profissional no ano que se tornaria mágico. E ficou na equipe que passou a ter novos apoiadores e que voltaria à Liga após dois anos de hiato. Manteve a chama acesa, ainda que tenha com clareza que este é um Jaraguá diferente do de cinco anos atrás, mais lutador. O resultado foi o primeiro título desde a profunda mudança, quando em março deste ano a equipe conquistou a Taça Brasil.

Dian também deu frutos. O torcedor que o viu menino entre feras o tem como homem formado e forte na condução da equipe. Um troféu à parte, particular e simbólico para corroborar com o melhor momento na carreira.

– Eu acredito que seja. Nós assumimos o projeto de reconstruir e reformular o clube. Buscávamos muito o primeiro título na nova fase para que isso ganhasse força. Vínhamos batendo na trave e no começo deste ano veio a conquista da Taça Brasil, que foi muito importante porque poderia ser frustrante se não conseguíssemos. Acredito que seja meu melhor momento também por estar mais experiente e também com uma responsabilidade maior. Hoje tenho um prazer enorme em poder dar alegria aos nossos torcedores – aponta.

O então menino de Guarapuava, do interior de Paraná, hoje é homem jaraguaense não apenas por causa da equipe. Ele está casado há menos de um ano com uma cidadã de Jaraguá do Sul e tem o sentimento que a cidade é seu lugar. Este um privilégio, e não uma responsabilidade – que tem de sobra.

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No papo com o GloboEsporte.com, ele falou mais. Confira a seguir.

GloboEsporte.com: Dian Luka? Qual a origem do seu nome?

Dian: Vem do goleiro da Itália, o Gianluca Pagliuca. Eu nasci em 90 e meu pai teve essa grande ideia, mas deu uma alterada. Ele gostava do nome, meu pai era atleta também, jogou em algumas equipes do interior do Paraná e do Mato Grosso. Ele queria que eu seguisse o rumo do esporte.

Parece que você conseguiu até mais do que seu pai.

Acho que consegui um pouco mais que ele teve, sim (risos).

Como saiu de Guarapuava para chegar em Jaraguá?

Aos 15 anos eu joguei por Carazinho (do Rio Grande do Sul) uma Taça Brasil sub-15. Por causa dela vim a Jaraguá para fazer um teste para a base. E fui ficando, ficando, e crescendo na equipe. Cheguei com 16 anos.

11.10_dian_jaraguá_3Você chegou no Jaraguá na época em que havia uma constelação na equipe. Isso fez diferença na sua formação?

Foi muito bom para o crescimento, e convivi com pessoas fora do comum. Tinha meus amigos na base e subia para jogar com caras como Lenísio, Leco, ainda no começo, e Chico, pessoas impares por seus caráteres. Acredito que eles me ajudaram muito na minha formação. Eu convivia com mais novos, com outra mentalidade, e subia ao profissional e via os caras que ganharam de tudo, consagrados, com humildade e simplicidade extremas. Isso foi algo me ajudou muito.

E você não apenas treinou, chegou a jogar com Falcão e outros craques.

Joguei com eles a partir de 2008. Quando tinha 18 anos, quando subi, e foi a época de ouro do Jaraguá, que ganhava tudo. Tenho títulos ao lado deles, embora eu não tivesse a mesma importância que eles tinham. Porém, eu aprendi muito com tudo isso.

Você é o artilheiro da equipe na temporada. O melhor momento tem a ver com a artilharia?

De vez em quando saem alguns, mas é algo que acontece. Claro que fico feliz quando marco, até porque a gente trabalha para fazer gols e a equipe vença. Mas fico mais feliz em evitar um gol do adversário e não perder jogos. Acho que toda a nossa equipe tem essa consciência, de que o importante é vencer, independente de quem venha a brilhar, de quem faz o gol ou de quem dá a assistência. Se vier artilharia ou outro destaque, é bom, mas a equipe vencer está em primeiro lugar.

Notícia e Imagens: João Lucas Cardoso