
Vander Carioca e Deives erguem o troféu de campeão da LNF. Foto: Marcos Ribolli
Uma ligação do técnico Fernando Ferretti no fim do ano passado mudou os planos de Vander Carioca. Desmotivado após tirar um ano sabático para acompanhar os últimos meses de vida do seu pai no Rio, o pivô, então com 39 anos, dava como quase certo o encerramento da sua carreira. Ferretti estava no Corinthians e queria contar com Vander para a temporada 2016. O craque parou, refletiu e, movido pela emoção, decidiu aceitar o desafio mesmo com a idade avançada. Nesta segunda, o pivô conquistou o seu segundo título da Liga Nacional de Futsal, 19 anos após levantar o troféu pelo Atlético-MG. Em quadra, o goleador não continha a emoção.
– É inexplicável esse título, simplesmente inexplicável. Com 40 anos eu sou assim, emoção pura. Não gosto de perder, nunca fui o melhor jogador, mas sempre fui muito competitivo. Agradeço a muitas pessoas, uma delas é o Ferretti, que hoje está no Sorocaba, mas que me trouxe para o Corinthians. Eu até pensei em parar de jogar, mas ele falou “volta, Vandão”. Segui a minha intuição e hoje estou aqui – afirmou Vander.
Vander viveu um 2015 complicado. Depois de três temporadas no Joinville, o pivô decidiu sair do clube catarinense para ficar perto da família no Rio. Seu pai, o ex-goleiro de futsal Fernando Ferreira, estava gravemente doente e caminhava para o estado terminal. Ele morreu em abril. Três dias depois, foi a vez da avó de Vander falecer. Abalado emocionalmente, o jogador demorou para se reerguer.
– Foi difícil, ainda dói muito. Voltei para o Rio para ficar perto da família, porque o meu pai não estava bem. Fiquei muito tempo longe, foram 11 anos morando fora. Vivo cada dia sentindo saudades, mas a vida continua. Por sorte eu estava no Rio nos últimos meses da vida dele. Pude me despedir passando todo o meu carinho – contou.

Vander recebe o abraço de Leandro Caires. Foto: Rodrigo Coca
Durante o ano sabático, Vander atuou pela equipe de futebol 7 do Vasco, seu clube do coração. Campeão da Copa dos Campeões e do Carioca, ele pensa em voltar a atuar na modalidade quando se aposentar das quadras. Por hora, o pivô de 40 anos só tem olhos para o Corinthians, que renovou o seu contrato por mais um ano.
– Renovei o meu contrato por mais um ano. Vou ano a ano. Em dezembro do ano que vem vou sentar para ver como está o meu corpo. Eu ainda tenho o prazer de jogar, enquanto eu tiver isso eu vou continuar – destacou.
Com passagens por Tio Sam, Iate Clube, Rio Miécimo, Flamengo e Vasco, Vander lamenta a decadência do futsal carioca, que não tem um representante na LNF desde 2012. Para o pivô são muitas as razões da crise no futsal do seu estado.
– Fico muito triste com a situação do futsal carioca. Infelizmente, as pessoas que passaram por lá fizeram muitas coisas erradas e é difícil apontar um caminho, uma solução. Acho que vai ser difícil o futsal carioca se erguer. Ouço alguma coisa de o Flamengo voltar a jogar a Liga, o Botafogo também namorando… Quem sabe quando eu parar eu não possa ajudar de alguma forma – comentou.

Vander é abraçado por companheiros após fazer o 2º gol do Corinthians
Devoto de Nossa Senhora Aparecida, o jogador deve visitar a basílica da santa nos próximos dias. Para o fim da semana, o pivô pretende comemorar o título da LNF com familiares e amigos em Pilares, subúrbio do Rio onde foi criado.
– Estou muito feliz. Com 40 anos, achei que não ganharia esse título novamente. É muito gratificante, num clube de expressão como esse. Turma do danone, hoje eu só paro de beber amanhã – brincou Vander.