O futsal do Brasil é hexacampeão mundial! O fim do jejum de 12 anos sem conquistas em Copas do Mundo chegou na tarde deste domingo (6), após vencer a Argentina por 2 a 1, na decisão do torneio no Uzbequistão.

Entre os campeões, um deles teve papel importante na final: o ala Felipe Valério, que fez a jogada do segundo gol, marcado por Rafa, além de ser preciso nos desarmes nos ataques dos hermanos.

Nascido em Suzano, na Grande SP, o jogador, de 32 anos, que cresceu no Itaim Paulista, zona leste da capital, teve um caminho tortuoso até a glória no Uzbequistão.

A carreira quase não teve início por conta de dificuldades financeiras, que fizeram o camisa 14 pensar em desistir do futsal, algo que não aconteceu graças à esposa Larissa.

– A Lari e eu estamos juntos há 13 anos. Quando a conheci, eu jogava no Mogi das Cruzes e estava passando por uma fase difícil da minha vida, porque meus pais tinham se separado. Foi um momento bem complicado para mim. Ela sempre esteve ao meu lado, nunca me abandonou – contou.

Tanto que a comemoração após marcar gols é uma marca registrada do ala: um beijo na aliança e a letra ‘L’ formada pelos dedos da mão, homenageando a amada.

– Eu ia treinar no Mogi e chegou uma época em que eu não tinha dinheiro. Falei para ela: “Não vai dar mais, vou ter que trabalhar ou fazer outra coisa”, e ela perguntou: “Por quê?”. Eu respondi: “Não tenho dinheiro para a passagem”. Então, ela, com a ajuda do pai, lembro até hoje, tinha um saco de moedas, e ela pegava as moedas, me dava o dinheiro da passagem e dois reais para comprar uma bolacha. Ela dizia: “Não, segue, continua, vai dar certo”, e eu respondia: “Lari, não vai dar certo”. Era o dinheiro para ir para Mogi, né? E eu falava: “Estou gastando o dinheiro do seu pai ainda, e ele nem sabe”. E ela falava: “Não, segue, continua”. Aí fui para Mogi, as coisas começaram a melhorar, graças a Deus saí de Mogi e fui para Carlos Barbosa, e aí tudo aconteceu – relembrou Felipe.

Foram dois anos no adulto em Mogi até rumar ao tradicional Carlos Barbosa, do Rio Grande do Sul, onde ficou por quatro anos. Em 2018, o ala se transferiu para o El Pozo e, nesta temporada, vai para o sétimo ciclo junto à equipe.

Felipe foi um dos estreantes da convocação do técnico Marquinhos Xavier para a disputa da Copa do Mundo. Na competição, o ala foi um dos coringas do treinador e, além da assistência na decisão, balançou a rede três vezes ao longo dos sete jogos. Sonho realizado da melhor forma possível.

– Ser campeão da Copa do Mundo. Eu acho que é o máximo. Acho que quando você chega na Copa do Mundo é a realização de um sonho, né? Porque é um campeonato que tem os melhores. E eu acho que ganhar a Copa do Mundo é o meu maior sonho – disse o jogador da seleção.