CBF Futsal
Treinador comemorou o título da Liga Evolução no início de junho, após o Brasil levar a melhor nos jogos decisivos diante da Argentina, em competição realizada em Assunção, no Paraguai.

Na primeira temporada no Rio Grande do Sul e ainda jovem, se comparado à média dos demais treinadores, Vanildo Neto carrega uma extensa trajetória no futsal. Aos 42 anos, o pernambucano de Recife conquistou a Liga Evolução — competição de novos talentos — no comando da seleção brasileira no início deste mês. O trabalho junto à CBF é paralelo à atuação no Atlântico, de Erechim, onde chegou neste ano para comandar o sub-20.

Vanildo Neto está com passagem garantida para o Uzbequistão, que sedia a Copa do Mundo a partir de 14 de setembro de 2024. No Mundial, terá o maior desafio como auxiliar de Marquinhos Xavier na comissão técnica da seleção adulta.

Em breve, outro desafio pode ser mais um tijolinho na sólida carreira construída até agora: Vanildo Neto comandará o time sub-20 do Atlântico na Talentos LNF. A nova competição da Liga Nacional de Futsal está prevista para começar em 30 de julho.

Abaixo, leia mais sobre a trajetória de Vanildo Neto, um talento do futsal brasileiro que chegou em solo gaúcho em 2024.

De que forma começou a tua relação com o futsal?

Comecei jogando futsal aos 9 anos. Na época, eu já percebia que não tinha uma qualidade tão grande, mas eu queria estar próximo da modalidade. Então, aos 12 anos, comecei a pensar em ser treinador. Aos 17, comecei efetivamente, no ano 2000. Iniciei nas categorias de base do Náutico, numa escola que não existe mais. Em março, fiz 24 anos como treinador.

Qual o trabalho que começou a projetar a sua carreira?

A minha primeira oportunidade como treinador de uma equipe que chegaria favorita a um campeonato foi uma equipe do Sesc, num campeonato infantil e juvenil, sub-17, em 2003.  Meu capitão era o Pixote, que ainda joga a Liga Nacional, pelo Tubarão. Fomos campeões do Campeonato Pernambucano sub-17. Em 2006, consegui meu primeiro título brasileiro da categoria, em Dourados, Mato Grosso do Sul. De lá para cá, eu consegui 12 títulos nacionais, entre campeonatos universitários, escolares e Taça Brasil.

Quando começou a trabalhar com a seleção?

Tive o convite em junho de 2019, quando a seleção ainda estava sob o guarda-chuva da Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS). Foi para assumir a categoria sub-20. Foi uma alegria muito grande, até porque é difícil conseguir isso trabalhando no Nordeste. Na época, eu trabalhava no Sport Club do Recife.

Agora, em junho, faz cinco anos que estou na seleção. Em 2021, a seleção passou para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Atualmente, sou coordenador da seleção sub-20, treinador da sub-23 e auxiliar do Marquinhos Xavier na seleção adulta. O convite para ser auxiliar técnico na seleção adulta veio na virada de 2021, após o Mundial.

Estamos conseguindo formar novos talentos no futsal brasileiro?

A nossa cultura é do jogo com os pés, do futebol, do futsal, do beach soccer. Então, culturalmente, vai ter jogador, vai ter qualidade. Os treinadores de base no Brasil são muito bons. Hoje, fala-se muito na questão de treinar o analítico, treinar o global, o situacional, que são os métodos de ensino. Os treinadores conseguem usar isso muito bem.

A maior transição que ocorreu é que a gente percebe que não vamos ganhar só no um contra um. O jogador, no futsal brasileiro, precisa ter uma doação maior na defesa. Tem de vir da base para cima, para que as gerações entendam que o jogo não é só ataque. É de ataque e, no momento em que eu perco a bola, também tenho que querer defender. Essa mentalidade vem mudando. Depois desses dois últimos anos, temos uma hegemonia que não tínhamos antes, contra a própria Argentina, no âmbito sul-americano. Nos propusemos a marcar mais, a ter mais intensidade no jogo.

No ataque, conseguimos, realmente, estar acima, por conta dessa cultura do futsal. O futsal é o esporte mais praticado em escolas e clubes. Toda criança joga futsal. Vejo ótimos frutos dessas gerações que vão vir. Já temos gerações para dois, três ciclos de mundial. O que podemos fazer é tentar massificar o futsal ainda mais. E a Talentos LNF serve para isso, né? Para termos mais atletas em um nível maior.

E quais são os objetivos do Atlântico na formação de atletas?

O Atlântico me dá toda a estrutura no sub-20, com tudo que o adulto tem. Trouxemos atletas e fora e estamos usando alguns atletas do Rio Grande do Sul. Estou muito feliz com o que vem acontecendo. O objetivo do clube não é só de ser campeão, mas formar os atletas para que se gaste menos na contratação de jogadores de fora. Pensamos em, daqui a três ou quatro anos, termos 50% da equipe feita em casa.

Como está sendo a preparação da equipe sub-20 do Atlântico?

Colocamos como planejamento não entrar no estadual sub-20 para conseguirmos dar um suporte maior à equipe adulta. A equipe principal do Atlântico ganhou muita coisa no ano passado e se credenciou a disputar muitos campeonatos esse ano. Se o Atlântico chegar em todas as finais, vai fazer mais de 100 jogos. Precisamos dar ritmo aos meninos em jogos de adulto dentro do campeonato da Liga Gaúcha. Vamos preparando eles para, quando começar a Talentos LNF, eles terem calo, né?

Então, o time sub-20 do Atlântico vai ser bastante utilizado na Série Ouro e na Liga Gaúcha?

Hoje, no mínimo, de quatro a cinco atletas do sub-20 estão sendo relacionados para os jogos do adulto. Nos jogos da Série Ouro, estamos colocando meio a meio.

Pela seleção, o próximo compromisso é a Copa do Mundo?

Isso. Apresento-me no dia 10 de agosto. A gente começa a nossa preparação no Rio de Janeiro. Passamos um período lá e, depois, vamos direto para o Uzbequistão, onde ocorre a Copa do Mundo. Se Deus quiser, estaremos lá até 6 de outubro, que é o dia da final.