Rafael Ribeiro
Marlon Araújo atuou no Brasil até 2018, quando deixou a ACBF para atuar na Espanha.

Haverá nas quadras do Uzbequistão ao menos um coração gaúcho a bater pelo Rio Grande. Entre os convocados por Marquinhos Xavier para defender o Brasil na Copa do Mundo de Futsal, está Marlon Oliveira Araújo, 36 anos, nascido em Canoas e criado em Nova Santa Rita, na região metropolitana de Porto Alegre.

O fixo do El Pozo, da Espanha, será o único representante do Rio Grande do Sul na seleção. Ele está reunido com o restante do grupo no Rio de Janeiro há cerca de duas semanas, no período de preparação para o Mundial. O embarque para o país sede será em 2 de setembro, e a competição começa no dia 14.

Direto da concentração do Brasil em terras cariocas, Marlon conversou com Zero Hora para contar sobre a carreira, a ligação com o Estado, e a expectativa para a sua segunda participação em uma Copa — o fixo atuou também na Lituânia, em 2021, quando a seleção brasileira ficou na terceira posição.

Como começou a tua ligação com o futsal?

Acho que, como todas as crianças, comecei na escola. Quando eu tinha de 15 para 16 anos, fui para o Cepe (Clube dos Empregados da Petrobras), em Canoas. Aí foi a primeira vez que eu joguei a nível estadual. Antes, incomodava para jogar no time do meu pai, eu, pequeno, no meio da galera adulta. 

E a decisão de jogar como fixo?

Na verdade, sempre joguei de ala. Fiz teste no Cepe como ala e joguei o primeiro ano como ala. Só que eu não entendia muito da parte tática. O treinador acabou me propondo mudar de posição e começar a jogar de fixo. Nunca pensei em ser um jogador mais de marcação porque eu gostava de atacar e fazer gols. Hoje, a competição mudou muito. Tem muitos jogos que eu atuo como pivô. Se tem um lesionado ou estamos jogando na formação 4-0, que é um outro sistema e precisa que alguém caia lá na frente. Acabei tendo vantagem por saber atacar.  Chegamos em um momento muito bom, com totais condições de buscar o título.

E qual foi teu primeiro time na categoria adulta?

Do Cepe eu fui para a Ulbra. Depois, fui para o Vasco, do Rio de Janeiro, que foi o primeiro time adulto em que joguei. Mas na Ulbra eu já tinha tido algumas oportunidades na equipe principal. O Vasco era um time bem humilde em termos de contratações, e acabei jogando as 19 partidas da Liga como titular. Aprendi muito.

Quais momentos mais te marcaram jogando futsal no Brasil?

Os meus títulos mais importantes foram na ACBF. Joguei cinco anos em Carlos Barbosa. Disputamos títulos como Mundial de Clubes, Libertadores, Taça Brasil. Todos esses títulos eu tenho com a ACBF. A Liga Nacional, que é super difícil, ganhamos uma vez em 2015.

Como foi a tua adaptação à Espanha?

Tranquila. Dei sorte porque já estive em três equipes na Espanha (Inter Movistar, Palma e El Pozo) e tive a sorte de sempre ter, no mínimo, entre cinco e seis brasileiros no time. Isso te facilita bastante. Minha família toda se adaptou bem. Algumas vezes, deixamos de ir para o Brasil nas férias para aproveitar mais a Espanha. Estou morando em Múrcia.  Sempre que alguém vai me visitar um dos pedidos é levar erva-mate. Quando temos folga, aproveito para fazer uma carne. Não podemos deixar de ter o churrasco do fim de semana, né?

Qual é a origem do El Pozo?

O nome El Pozo é de uma empresa de embutidos. No mercado, ela é a primeira do ramo. É muito grande. Seria como a Tramontina no Brasil.

Até quando vai teu contrato com eles?

Até junho de 2025.

Como é a experiência de jogar uma Copa do Mundo?

É algo único. Tu só nota quando está na cidade sede.

Qual é o aprendizado que tu trazes da Copa da Lituânia?

Estou um pouco mais preparado. Já se passaram três anos. Estou contente com o que fizemos durante essa preparação. Estou super confiante. Chegamos em um momento muito bom, com totais condições de buscar o título.

Brasil, Argentina, Espanha e Portugal são os favoritos?

Acredito que sim. Se eu pudesse colocar mais alguém, colocaria o Marrocos, que tem feito excelentes jogos. Eles fizeram um jogo muito bom contra a gente na Copa passada. Depois, jogamos dois amistosos contra eles. Perdemos um. Não será uma surpresa, até porque estamos vendo a evolução deles, até no futebol.

Qual é a tua relação com o Rio Grande do Sul atualmente?

Toda a minha família mora em Nova Santa Rita. Geralmente, passo pelo menos 15 dias na cidade, nas férias. E os outros dias eu vou utilizando para visitar os tios, primos, familiares que estão por perto. Gosto muito do Rio Grande do Sul. Temos uma paixão pelo nosso Estado e nossa cultura.

Conseguiu levar o chimarrão para a Espanha?

Claro, sempre que alguém vai me visitar um dos pedidos é levar erva-mate. Não é fácil de encontrar. Adoro fazer churrasco. Quando temos folga, aproveito para fazer uma carne. Não podemos deixar de ter o churrasco do fim de semana, né?

Fabio Souza
Gol de Marlon em amistoso da seleção brasileira contra o Vasco, no Rio de Janeiro, no período de preparação para a Copa do Mundo.