Falcão entrou em quadra empolgado para o aquecimento. Era a sua décima final de Grand Prix e a oportunidade de conquistar o torneio pela nona vez, a terceira diante da forte seleção do Irã, vice-campeã em 2007 e 2009. Ao começar a se aquecer com bola, porém, o craque voltou a sentir o incômodo na coxa que o tirou de boa parte da competição em Uberaba, Minas Gerais. O camisa 12 foi para alongamento. Os trabalhos específicos feitos com o fisioterapeuta da seleção não cessaram completamente as dores. No entanto, o desconforto muscular não foi capaz de parar Falcão. Mesmo lesionado, o camisa 12 participou ativamente da partida e deixou o seu na vitória brasileira por 4 a 3 – Diego, Rodrigo e Ahmad (contra) fizeram os demais gols brasileiros, com Ghodrat, Mahdi e Tayebi descontando para os asiáticos. O Brasil é eneacampeão do Grand Prix de Futsal, competição realizada anualmente desde 2005. Falcão esteve presente em todas as conquistas.
Como título do Grand Prix, a seleção encerra a temporada de competições em um ano marcado por uma grande crise política no futsal brasileiro, a qual culminou na mudança de comando da Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) e na interrupção das atividades do selecionado canarinho por quase 10 meses. A equipe comandada por Serginho Schiochet volta agora as suas atenções para as Eliminatórias do Mundial 2016, que acontecem em fevereiro, no Paraguai. A pré-temporada deverá acontecer em janeiro, em Foz do Iguaçu (PR).
O JOGO
A decisão começou movimentada com as duas seleções buscando o ataque. O Irã finalizou primeiro com Tayebi e logo depois o Brasil respondeu em um chute de Rodrigo. Aos dois minutos, Ali recebeu na área, ganhou da defesa brasileira e bateu forte. Tiago voou no canto para fazer defesa espetacular. Aos quatro, o goleiro brasileiro avançou até a intermediária e arriscou o chute. Bem colocado, Alireza conseguiu espalmar para escanteio, levantando a torcida uberabense. O jogo seguiu lá e cá nos minutos seguintes. Aos quatro, o Irã desperdiçou ótima oportunidade em contra-ataque, onde Tayebi acertou a trave brasileira.
Aos cinco, o técnico Serginho Schiochet colocou Falcão no jogo pela primeira vez. Com um novo quarteto em quadra, o Brasil assustou aos sete, quando Diego finalizou de frente para o gol, e Alireza tirou com o pé. Aos oito, o Irã conseguiu tirar o primeiro zero do placar. Após cobrança de escanteio da direita, a bola chegou limpa para Ghodrat, que desviou de cabeça para o fundo do barbante. O Brasil levou menos de um minuto para empatar, pois Diego aproveitou sobra de bola na área iraniana e fuzilou a meta de Alireza para fazer 1 a 1.
A oito minutos do intervalo, o Irã cometeu a sua quinta falta, ficando pendurado no restante do primeiro tempo. Na cobrança, Rodrigo encheu o pé e acertou o canto esquerdo do goleiro iraniano. Era a virada brasileira. O Irã não se abateu com o gol sofrido e continuou criando chances. Aos 13, Hamid finalizou da entrada da área e errou a meta por pouco. A três minutos do intervalo veio o momento tão aguardado da partida. Em contra-ataque rápido, Falcão avançou sozinho, trocou de pé, escolheu o canto e tocou na saída de Alireza marcando o terceiro gol do Brasil. O Irã seguiu pressionando até o intervalo. Aos 18, Tayebi mandou mais uma bola na trave de Tiago, no último lance de emoção da etapa.
Sem o seu craque Tayebi, que deixou a quadra nos segundos finais do primeiro tempo com uma lesão no tornozelo, o Irã voltou para o segundo tempo com uma postura ainda mais ofensiva. Tranquilo na partida, o Brasil tratou de aproveitar os espaços deixados pelo rival da melhor maneira. Aos quatro minutos, Rodrigo puxou contra-ataque e tocou para o meio. Ahmad tentou cortar e acabou marcando contra. O gol foi um balde de água fria nas pretensões da seleção iraniana, que passou a ter mais dificuldades para chegar ao ataque. Aos nove, porém, Mahdi invadiu a área brasileira e soltou uma bomba sem chances de defesa para Tiago: 4 a 2.
O Brasil não se abateu com o gol sofrido e continuou administrando o resultado. Aos 12, Rodrigo carimbou o poste esquerdo de Alireza. Dois minutos depois, a seleção canarinho perdeu o goleiro Tiago lesionado. Em seu lugar entrou Gian, que fez grande defesa em sua primeira participação na partida – o chute foi dado por Mohammadreza. O Irã foi para o tudo ou nada nos minutos finais. A três minutos do fim, Tayebi – que voltou para o jogo no sacrifício – diminuiu para 4 a 3, incendiando os minutos finais da decisão. No entanto, o Brasil se fechou ainda mais na defesa e conseguiu segurar o resultado para alívio dos cerca de 5 mil torcedores que lotaram o Centro Olímpico de Uberaba.
ESCALAÇÕES
Brasil: Tiago, Rodrigo, Dimas, Xuxa e Betão. Entraram: Bruno Souza, Thiaguinho, Diego, Dian, Leco, Caio, Falcão e Gian. Técnico: Serginho Schiochet.
Irã: Alireza, Hamid, Ali, Taheri e Tayebi. Entraram: Mohammad, Ghodrat, Mohammadreza, Taheri, Técnico: Mohammad Nazem
COLÔMBIA FICA EM EM 3º
Mais cedo, Colômbia e Paraguai jogaram pelo terceiro lugar e quem se deu melhor foram os colombianos, que triunfaram por 1 a 0, gol de Angellot. Eliminada na semifinal pelo Brasil, a Colômbia – anfitriã do Mundial 2016 – havia sido vice-campeã do Grand Prix 2014, no ano passado.
CONFIRA O HISTÓRICO DO GRAND PRIX
2005 – sede: Brusque (SC) – campeão: Brasil – vice: Colômbia
2006 – sede: Caxias do Sul (RS) – campeão: Brasil – vice: Itália
2007 – sedes: Lages, Joinville e Jaraguá do Sul (SC) – campeão: Brasil – vice: Irã
2008 – sede: Fortaleza (CE) – campeão: Brasil – vice: Argentina
2009 – sedes: Goiânia e Anápolis (GO) – campeão: Brasil – vice: Irã
2010 – sede: Anápolis (GO) – campeão: Espanha – vice: Brasil
2011 – sede: Manaus (AM) – campeão: Brasil – vice: Rússia
2013 – sede: Maringá (PR) – campeão: Brasil – vice: Rússia
2014: sede: São Bernardo do Campo (SP) – campeão: Brasil – vice: Colômbia
Notícia: Flávio Dilascio/ Felipe Santos
Imagens: Ricardo Artifon/ CBFS