Leto Ribas
Dyego garantiu a classificação brasileira à final, após participar dos três gols do Brasil na semi contra a Ucrânia. | Foto: Leto Ribas

Enquanto os mais de 155 milhões de eleitores brasileiros decidem prefeitos e vereadores, os deuses do futsal elegem o campeão da Copa do Mundo de 2024 neste domingo (6). A partir do meio-dia, Brasil e Argentina começam a medir forças na quadra da Humo Arena, em Tashkent, capital do Uzbequistão, na região central da Ásia.

É uma final inédita, mas com gosto de revanche para ambos. Os argentinos foram os algozes brasileiros no Mundial de 2021, na Lituânia, vencendo por 2 a 1 na semifinal.

Por outro lado, a seleção comandada por Marquinhos Xavier derrotou os “hermanos” por 2 a 0 na final da Copa América deste ano, no Paraguai.

O Brasil está em busca do hexa, a Argentina quer o bi na sua terceira final de Copa consecutiva. O pentacampeonato brasileiro soma as taças de 1989, 1992, 1996, 2008 e 2012. Ao chegar na final, a camisa verde e amarela — ou azul, como no segundo uniforme — só não ficou com o título em 2000, quando perdeu para a Espanha. Já a Argentina venceu em 2016 e foi finalista em 2021, quando acabou derrotada por Portugal.

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O goleiro Guitta é o único remanescente do título de 2012, o último conquistado pelo Brasil. | Foto: Leto Ribas

A história por trás dos escudos faz o camisa 10 da seleção canarinho, Pito, acreditar que não poderia existir uma partida melhor para definir o campeão do 10º Mundial organizado pela Fifa.

— Acho que os deuses do futsal colocaram esse jogo na final. Um clássico desses, Brasil e Argentina numa final de Mundial, não tem confronto maior que esse. Vamos com tudo, pois o Brasil tem grandes chances de sair campeão — comentou o pivô em entrevista à Fifa.

Para o técnico Marquinhos Xavier, ex-treinador da ACBF, de Carlos Barbosa, o jogo tem significado especial. O catarinense assumiu o cargo atual em 2017, quase um ano depois de eliminação traumática do Brasil para o Irã, nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2016. O técnico precisou ensinar o país a ver futsal sem ter Falcão em quadra, já que a contribuição do ídolo para a seleção havia se encerrado em função da idade.

— Esses 12 anos que nós estivemos fora de finais foram muito difíceis. A reorganização foi feita e parece que muito bem feita. Nesses 12 anos, a Argentina é finalista nas três oportunidades. Estamos falando de um momento muito favorável para a Argentina e um momento de muita reconstrução para o Brasil. Vamos brigar por esse título porque ele pode coroar todo esse trabalho — afirma Marquinhos em conversa com Zero Hora.

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Marquinhos Xavier está em busca do primeiro título mundial com a seleção. | Foto: Leto Ribas

Briga pela artilharia

Além do campeão, é decidido neste domingo quem fica com a artilharia do campeonato. Quem lidera a lista é o brasileiro Marcel, com 10 gols. O ala também é o líder de assistências da equipe, com cinco, e é quem mais finaliza. Assim, o ataque mais poderoso do Mundial, com 38 gols feitos, fala português e tem no pé-esquerdo de Marcel uma arma fatal. Na vice-artilharia, estão o ala Kevin Arrieta e o pivô Alan Brandi. A dupla de argentinos tem sete gols.

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Marcel chega à final como artilheiro do Brasil na Copa. | Foto: Leto Ribas

O “tchê” do Brasil

Como em todas as batalhas que envolveram Brasil e Argentina, territórios vizinhos que serviram de palco para as disputas entre as coroas portuguesas e espanholas, não teria como o sangue gaúcho, forjado nessa dualidade, não estar em quadra. Marlon Araujo, de Nova Santa Rita, na região metropolitana de Porto Alegre, é o único jogador nascido no Rio Grande do Sul que defende o Brasil em quadra no Mundial.

Aos 36 anos, o fixo viveu um período vitorioso na ACBF e, há cinco anos, está na Espanha. Atualmente, defende o El Pozo. Ele está no segundo Mundial da carreira.

— Ter a oportunidade de chegar em uma final e enfrentar o nosso maior rival é um jogo especial para todo mundo. Acreditamos muito no trabalho que a gente fez. A Copa América foi, em teoria, uma das partes finais da nossa preparação e ali demonstrou que a gente estava no caminho correto — avalia Marlon.

Retorno na final?

Eleito o melhor jogador do mundo da atualidade, Pito é desfalque na seleção desde que rompeu fibras musculares da coxa direita em treinamentos às vésperas das oitavas de final. O pivô não jogou na fase eliminatória e tem passado por tratamento com fisioterapia. Depois da partida contra a Ucrânia, na semifinal, deu uma ponta de esperança para o torcida.

— Estou melhorando. Domingo, se o Marquinhos quiser utilizar, acredito que alguns minutos eu vou poder contribuir com a equipe — disse em entrevista na zona mista.

Zero Hora apurou que o fixo Marlon e os pivôs Rafa Santos e Ferrão, que saíram com dores dos últimos jogos, estarão à disposição de Marquinhos Xavier. O desgaste sentido é considerado normal pela sequência de jogos da competição. O ala Marcênio, que vinha descontado desde o período de preparação, estreou no Mundial diante contra a Ucrânia e soma-se às peças que podem ser utilizadas na decisão.

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Pito jogou apenas na fase de grupos e fez cinco gols nesta Copa. | Foto: Leto Ribas

As campanhas

Brasil

Gols marcados: 38

Gols sofridos: 5

6 vitórias em 6 jogos

Fase de grupos

Brasil 10×0 Cuba

Brasil 8×1 Croácia

Brasil 9×1 Tailândia

Oitavas de final

Brasil 5×0 Costa Rica

Quartas de final

Brasil 3×1 Marrocos

Semifinal

Brasil 3×2 Ucrânia

Argentina

Gols marcados: 29

Gols sofridos: 10

6 vitórias em 6 jogos

Fase de grupos

Argentina 7×1 Ucrânia

Argentina 2×1 Afeganistão

Argentina 9×5 Angola

Oitavas de final

Argentina 2×0 Croácia

Quartas de final

Argentina 6×1 Cazaquistão

Semifinal