O calendário cheio no futsal brasileiro impõe às grandes equipes que façam um aproveitamento maior do grupo de jogadores. Viagens desgastantes e jogos a toda semana desafiam as comissões técnicas para que os atletas não sofram tanto. Clubes que têm na base uma tradição no aproveitamento de jovens promessas se destacam nessa hora, pois além de ter dentro de casa uma alternativa relevante para compor os elencos, muitas vezes catalisa a carreira de nomes que, talvez, em outros lugares demorassem mais a surgir. Nesse cenário, Minas e Corinthians são referências.
“No Minas, culturalmente, todas as oito modalidades têm esse DNA de formação com quase 90 anos do clube. Isso é quase que estatutário, o aproveitamento da base até o sub-17. Quase 80% é de sócios do clube. (…) No futsal compete do sub-12 até o adulto, mas antes tem escolinhas, tem contrato de formação, benefícios com bolsa, vale alimentação etc”, explica Luís Henrique Taveira, chefe do departamento de futsal do clube de Belo Horizonte.
Fora o fato do cuidado com a formação de atletas, existe uma clara ideia de aproveitamento de quem se destaca se dê dentro da equipe principal. E isso, dependendo da carga de produção, pode ocorrer no clube ou até mesmo em outras equipes.
“Ano passado fizemos um levantamento que mostrou que 19 equipes tinham atletas com passagem pela base corintiana e isso representava 49 jogadores. Um número expressivo que mostra como o clube, assim como o Minas, é formador. A captação antecipada é um princípio de revelação. E como forma, acredita no curto prazo. No final do Paulista agora, na prorrogação tinha cinco jogadores formados na base em quadra. E no título da LNF ano passado havia seis nomes da base”, conta Bruno Vanço, supervisor de futsal do Corinthians.
O trabalho em São Paulo encontra semelhanças no de Minas Gerais. Abastecer o plantel é fundamental, mas quando o sucesso do jogador se estende a outros destinos, a satisfação existe também para quem participou do processo de formação. Também por isso, Taveira fala com propriedade do assunto:
“A gente é mais agressivo, capta muito atleta não sócio, principalmente da região metropolitana. Nosso diferencial é o que chamamos de Currículo do Futsal. São questões táticas e técnicas do “modo Minas de Ser” que é uma filosofia de trabalho. Quem acompanha é o treinador Perdigão. (…) Um atleta tem ficado no mínimo três anos no Minas. Historicamente 50% da equipe adulta é suprida pelo sub-20. Isso nos últimos dez anos tem acontecido. Temos o caso do Anderson que começou aqui com 11 anos. O William Bolt, que está no Atlântico, ficou mais de 10 anos aqui também.”
No caso do Corinthians, por ter uma equipe forte e de enorme tradição no futebol, o futsal encontra também no campo um possível destino para os jogadores criados na quadra. É comum histórias com essa origem. Para Vanço, não há problema em comentar o segredo.
“Acredito que seja a transição. O clube tem desde o sub-7 té o principal. Poucos clubes agregam todas as categorias existentes no futsal. Um exemplo foi o Lucas Martins, revelação ano passado, chegou ao clube com 14 anos. A captação precoce é um fator fundamental. Cada categoria é única e trabalha de uma forma. Em algum momento o atleta faz a transição produtiva de categoria e isso integra o atleta. Isso talvez seja um exemplo do sucesso do surgimento de atletas. E até alguns que vão para o campo.”
Minas e Corinthians se enfrentam agora os Playoffs. O primeiro jogo na capital paulista, dia 13, a partir das 19h30. A volta na capital mineira dia 23, às 18h. As duas partidas com transmissão ao vivo do sport.