Em janeiro de 2016, o Corinthians vivia problemas parecidos no campo e nas quadras: o elenco do ano anterior era desmanchado em meio a uma forte crise financeira. Em 12 de dezembro, enquanto o clube amargava ter ficado fora da Copa Libertadores de 2017 nos gramados, o futsal comemorou o título brasileiro.

A principal diferença? O caminho que cada modalidade seguiu para superar o momento difícil. Se o futebol investiu para tentar repor as saídas com boa parte do orçamento e resgatou a experiência de Oswaldo de Oliveira, o futsal apostou na base e em um treinador jovem, em combinação que “aliviou” a torcida.

Nesta segunda-feira, um ginásio do Parque São Jorge lotado viu o Corinthians vencer Magnus/Sorocaba, time de Falcão, por 5 a 2 e, enfim, comemorar a tão sonhada Liga Nacional de Futsal. Até o título, foram anos amargando decepções no torneio, quase sempre investindo alto em um elenco recheado de medalhões.

Rodrigo Coca

Levantando a taça. Foto: Rodrigo Coca

Qualquer semelhança…

Desde 2010, quando iniciou sequência de seis quedas seguida na reta decisiva da Liga, o Corinthians sempre figurou entre os apontados como favoritos ao título. Nesse período, diversos grandes nomes – como Neto, Schumacher ou Simi – passaram pelo clube, mas nenhum elenco foi além das semifinais.

O investimento elevado para os padrões nacionais precisou ser reduzido para 2016, e o Corinthians ficou próximo de sequer ter equipe para a temporada. “O Corinthians acabou mesmo, por dois dias. Depois, pensaram com carinho e retomaram o projeto”, admitiu o goleiro Guitta, em junho.

O arqueiro, ao lado do pivô Deives, foi o principal nome a seguir no elenco, que perdeu, por outro lado, os também “selecionáveis” Simi e Neto, o fixo Marinho, os alas Caio e Valdin e os pivôs Elisandro, Charuto e Gabriel Bi. Mais tarde, o clube ainda ficou sem o técnico Ferretti, que foi para o Magnus.

…Não é coincidência

Se, no campo, o Corinthians gastou mais de R$ 60 milhões na tentativa de repor as saídas de Gil, Renato Augusto, Jadson, Vagner Love e cia. e também foi ao mercado procurar um substituto para Tite; no futsal, os reforços foram pontuais e as maiores novidades, “caseiras” – até no banco.

Técnico do sub-20 até 2015, André Bié primeiro virou auxiliar e depois assumiu o time com a saída de Ferretti. No elenco, foram promovidos desde o início do ano Douglas, Edgar, Rocha, Marcel e Leandro Lino, que não sentiram o “peso” da camisa – os dois últimos já chegaram até à seleção brasileira.

Já no futebol, o Corinthians foi receoso em ousar no banco de reservas quando perdeu Tite para a seleção. Primeiro, trouxe Cristóvão Borges, que acabou demitido; depois, fez questão de usar a experiência como critério de escolha e contratou Oswaldo, de último título relevante no Brasil em 2000.

Rodrigo Coca

Craque da LNF2016, Deives está a caminho da ACBF. Foto: Rodrigo Coca

E o futuro?

O forte trabalho com a base no futsal, porém, não começou em 2016 no Corinthians. O clube sempre foi potência nas categorias menores, mas os jovens sofriam para ter espaço no profissional. Eleito revelação da LNF2016, Lino cobrou mais chances às promessas e garantiu ter mais craques a caminho.

Na Liga Paulista, por exemplo, o Corinthians dividiu todos os títulos das categorias menores com o Palmeiras, faturando as taças do sub-12, sub-16 e sub-20 – o rival levou o sub-10, sub-14 e sub-17. “É gratificante porque o trabalho sempre foi a longo prazo e estamos colhendo frutos”, disse Bié, que segue a frente também do sub-20.

Para 2017, o Corinthians deve voltar a sofrer no futsal, já que está prestes a perder suas principais revelações para Magnus e o pivô Deives, melhor jogador da LNF. Em 2016, ao menos, o clube mostrou que é possível superar o desmanche – resta saber se manterá a única fórmula que lhe deu sucesso.