Desde 2018, os fisioterapeutas dos principais clubes do futsal nacional se reúnem no intuito de centralizar o conhecimento da área em prol do todo. Em uma modalidade bastante exposta a lesões e com calendário de jogos e viagens desgastantes, é fundamental que o trabalho ganhe eco para que os resultados apresentados mostrem a importância do que é feito dentro de um vestiário na parte médica.

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Corinthians e Atlântico foram os finalistas da última temporada. Foto: Atom Fotografia

Na temporada passada, o terceiro ano de pandemia, a LNF voltou a ser disputada no seu formato original, após dois anos regionalizada. A volta às origens colocou à frente novamente uma agenda mais preenchida, levando em consideração a fase classificatória e os Playoffs. Portanto, o que se viu com o cruzamento de dados, não surpreendeu.

“A avaliação foi boa. Tivemos um aumento do número de lesões em virtude do aumento de jogos. Mas o que fica de bom é que o tempo de afastamento de lesão foi pequeno. A recuperação foi célere”, avalia Cristiano Henzel, fisioterapeuta da ACBF. Para ele, o campo de atuação dentro do departamento nos clubes ainda tem potencial de crescimento, uma vez que trabalhar com ciência é sempre estar em transformação, principalmente no quesito prevenção e recuperação de atletas.

“É o que viemos fazendo, por isso a importância do relatório. A gente tenta minimizar ao máximo. O atleta vai machucar, mas se for o mais leve possível, que volte o mais rápido possível. A estrutura tem aumentado nos clubes e estamos buscando os últimos estudos para estarmos sempre atualizados para recuperar os atletas ao longo da temporada”, completa.

O relatório das lesões na LNF é organizado desde 2018 por Felipe Ferreiram que coordena o departamento do Minas, em Belo Horizonte. Na última temporada o campo de análise foi grande: 22 equipes, 261 jogos, 10.480 minutos jogados e 1.234 gols anotados. Apenas um clube, dos 22 que participaram da edição passada, não colaborou com os dados. No final do ano, os profissionais de cada equipe se reuniram para passar a limpo o que observaram. Confira AQUI o relatório completo.

Seguem abaixo alguns dados, de forma resumida, que foram reunidos e analisados.

Lesões: Na temporada 2022 foram registradas 329 lesões (aumento de 37% em números absolutos em relação à 2021). Essas lesões ocorreram em atletas de 21 equipes que disputaram a competição. Sendo que em média ocorreram 15,7 lesões por equipe.

Quantidades de lesões por temporada:

  • 2018 – 219 lesões registradas por 18 equipes;
  • 2019 – 193 lesões registradas por 15 equipes;
  • 2020 – 261 lesões registradas por 21 equipes;
  • 2021 – 239 lesões registradas por 19 equipes;
  • 2022 – 329 lesões registradas por 21 equipes.

Local: Na temporada 2022, o local mais acometido por lesões foi novamente o joelho com 61 lesões (19%). Em seguida o local mais acometido foi tornozelo com 57 lesões (17%) e em terceiro lugar coxa anterior com 42 lesões (13%). Não houve uma mudança do local mais acometido em relação ao ano anterior

Estrutura: A estrutura mais acometida foi novamente músculos, com 136 lesões (41%). Ligamentos com 102 lesões (31%) em segundo lugar e lesões ósseas com 33 lesões (10%) em terceiro.

Lesões musculares: Das 136 lesões musculares registradas, 42 (31%) foram da região anterior da coxa. 40 (29%) da região posterior da coxa.

Lesões ligamentares: Das 104 lesões ligamentares, 50 (49%) foram no tornozelo e 44 (43%) foram no joelho.

Tipo de lesão: Nesta temporada o tipo de lesão mais frequente foi o estiramento com 122 lesões (37%). Em seguida, entorse com 76 lesões (23%) e em terceiro lugar, tendinopatia com 26 lesões (8%). Nesta temporada as lesões tendinopatia tiveram maior presença em relação aos anos anteriores.

Mecanismo: O principal mecanismo de lesão foi sem contato com 156 lesões (48%). Em segundo lugar por contato direto 93 lesões (28%) e terceiro por contato indireto 80 lesões (24%). Resultados similares à temporada anterior.

Situação: A principal situação em que ocorreram lesões foi durante os jogos, 166 lesões (50%). A segunda situação mais frequente foi durante os treinos, 150 lesões (46%).

Afastamento: As 329 lesões desta temporada causaram 8709 dias de afastamento (no total). Cada lesão deixava o atleta afastado em média 27 dias, sendo que somente as lesões de joelho causaram afastamento de 3419 dias. Lesões de tornozelo, a segunda com mais afastamento, causou 868 dias de afastamento.

Felipe Pereira conclui que o relatório finalizado se assemelha aos anteriores:

“Na temporada 2022 percebemos pequenas alteração em relação aos anos anteriores, tanto na quantidade quanto no perfil das lesões presentes na LNF. Em números absolutos foram registradas mais lesões desde o início da coleta de dados em 2018. Entretanto, a média de lesões por equipe, se manteve similar a anos anteriores. A média de lesões por jogos da LNF (considerando todas lesões), foi similar aos outros anos. Novamente, os músculos foram a estrutura mais acometida e desta vez, os flexores do quadril foram os mais prejudicados por lesões. Por esse estudo podemos perceber que lesões de joelho, além de serem as mais frequentes, também geram mais tempo de afastamento, seja pela média ou tempo total.”