Um dos artilheiros da primeira fase da Liga Nacional de Futsal (LNF), o pivô Barbosinha, do Praia Clube, fez o mesmo caminho de dois craques da modalidade. Assim como o astro Falcão, no São Paulo, e Manoel Tobias, no Grêmio, Barbosinha também defendeu um time no campo antes de seguir no futsal de forma definitiva. Barbosinha fala da época que jogou pela Chapecoense.
Em 2012, Barbosinha teve uma passagem pela Chapecoense e chegou a marcar pelo clube no Campeonato Catarinense daquele ano (veja no vídeo abaixo). Após a rápida passagem pela Chape, ele voltou para o futsal, teve convocações para seleção brasileira e se tornou a referência do Praia Clube nesta temporada.
A arrancada do time mineiro na reta final da fase classificatória da LNF coincide com o desempenho do pivô: Barbosinha tinha só seis gols até a 16ª rodada. Nas últimas sete partidas da competição, marcou 15 vezes e assumiu a artilharia com 21 gols ao lado de Richard, do Atlântico.
Com mais que o dobro de gols do vice-artilheiro do Praia Clube – Huguinho com 10 gols –, Barbosinha comemora os gols na “hora certa” e espera manter o ritmo até o fim da Liga: “Agora não pode mais errar”.
Início e ida para o campo
Barbosinha subiu para o profissional no futsal em 2008 com a camisa do Atlântico de Erechim-RS. Em 2009, foi para o time de futsal da Chapecoense, onde jogou por três temporadas até receber o convite para migrar para o campo. Como atacante de beirada, Barbosa – como era tratado na época – se arriscou nos gramados.
“Em 2012, tive uma passagem rápida pela Chapecoense. Fiz um contrato de adaptação de seis meses e acabei fazendo um gol pelo clube. Foi uma experiência muito boa, amadureci muito. Fico muito feliz de ter representado a Chape, de ter vestido essa camisa”
– Eu estava me adaptando bem. No campo é mais posicional, fechar espaço, você recompõe. O futsal é mais rápido, você tem que dar opção toda hora. Por isso eu não aguentava jogar muito tempo, eu entrava era no fim dos jogos. Eu era ponta direita, que pegava a bola e ia para cima – relembrou.
“Até achei que eu iria ficar no campo, eu estava bem. Só que para a Série C, a diretoria da Chapecoense trocou de treinador e praticamente o elenco todo. E aí como encerrou o meu contrato na metade do ano, fiquei de lado. E como eu não tinha empresário, acabei voltando para o futsal, onde o pessoal já me conhecia”.
Na passagem pela Chape, Barbosa fez um gol no empate por 2 a 2 contra o Brusque pelo Campeonato Catarinense de 2012 na Arena Condá, em Chapecó. Além de jogar o Estadual, o atacante também entrou em um jogo pela primeira fase da Copa do Brasil contra o São Mateus-ES.
Características e fã de pivô do Timão
Ao voltar para o futsal, Barbosa virou Barbosinha no Marreco, em 2014, e dois anos depois, quando defendia a Copagril, viveu o auge na carreira ao ser convocado pela primeira vez para a seleção brasileira de futsal.
As principais características de Barbosinha são velocidade e finalização com as duas pernas. É um pivô de muita mobilidade, que sempre dá opções pelas alas. O jogador reconhece que não tem facilidade para sustentar a bola no pivô.
– Eu não sou aquele pivô de referência, que espera o jogo. Eu brinco que tenho que pensar sempre à frente de todo mundo, porque eu preciso de espaço, de velocidade. O meu estilo de jogo é de movimentação para finalizar – afirmou.
Barbosinha revelou que gosta de assistir jogos de outro pivô que atua no futsal nacional, o pivo Deives, do Corinthians. O atleta do Praia Clube elogiou bastante o jogador do Timão.
“Eu vejo muito o Deives, do Corinthians, jogar. Claro que ele é mais habilidoso, mas é um pivô do mesmo estilo que o meu. Por isso, eu vejo muitos jogos dele para aprender. Ele tem um posicionamento muito bom, sabe fazer gol, aparece no segundo pau no momento certo. É um cara que admiro bastante – elogiou.
Chegada ao Praia
O início da guerra entre Rússia e Ucrânia teve papel decisivo na vinda de Barbosinha ao Praia Clube. O jogador estava em sua primeira temporada pelo Stalista, de Belarus, onde tinha contrato até agosto de 2022. Só que a guerra nos países vizinhos impactou em Belarus, que rescindiu contrato de atletas brasileiros para eles regressarem ao Brasil.
Barbosinha lembra que a família (a esposa Camila e o filho Davi) já estava de malas prontas para se mudar para o leste europeu no mês seguinte. Porém, com a guerra na Ucrânia, os planos mudaram.
– Minha família já estava com as passagens compradas, mas tiveram que cancelar. Saí da Bielorússia nas últimas horas com as fronteiras já se trancando para ninguém sair. Na minha volta ao Brasil, o Praia abriu as portas para mim – afirmou.
Ídolo praiano
No Praia Clube, Barbosinha caiu nas graças da torcida com gols e títulos. O jogador ajudou o time a conquistar o bicampeonato do Mineiro em 2022 e na atual temporada foi artilheiro da equipe no título da Taça Brasil, com dez gols em seis jogos.
– O pivô vive de gol, quem joga na frente precisa fazer gols. E graças a Deus, com a ajuda dos companheiros, os meus gols estão acontecendo no momento certo. Nossa equipe está mais cascuda e esperamos nos manter assim agora na reta final da Liga, onde não pode mais errar – disse.
A grande fase de Barbosinha coincide com o bom momento do Praia na temporada. Somando jogos da LNF e da Taça Brasil, o time de Uberlândia está invicto há 11 jogos, período que Barbosinha marcou 23 vezes, sete destes gols foram na goleada sobre o Brasília.
O Praia Clube estreia nos playoffs da LNF neste fim de semana. A equipe mineira encara o Carlos Barbosa neste sábado às 19h, na Arena Praia, em Uberlândia, pelo jogo de ida das oitavas de final.