Principal nome do futsal colombiano, o ala Angellot quebrou paradigmas ao ser anunciado como reforço pelo Magnus. Se no futebol é mais do que comum os times contratarem jogadores estrangeiros – em especial sul-americanos -, no salão essa é uma prática pouco usual.
A equipe paulista, porém, está disposta a mudar esse cenário. E o seu mais novo reforço, que chega com a chancela do amigo James Rodríguez, nova estrela do São Paulo, também.
Isso porque em sua apresentação, na véspera de sua estreia oficial pelo novo clube, Angellot disse estar realizando um sonho ao desembarcar no futsal brasileiro. E espera abrir as portas para que mais jogadores estrangeiros sigam pelo mesmo caminho.
– É um sonho para mim jogar no futsal brasileiro. Sabemos que aqui estão os melhores do mundo. E estou muito feliz de chegar ao Sorocaba, que é uma das melhores equipes do mundo também – disse.
– É muito difícil jogar aqui, pois é onde estão os melhores do mundo. Para mim é um prazer aprender com todos aqui. Espero abrir mais portas, pois há muito talento na América, na própria Colômbia, onde os jogadores são muito habilidosos. E aqui é uma liga para jogadores habilidosos – completou.
O novo ala do Magnus revelou que quase defendeu a equipe alguns anos atrás por influência de um certo camisa 12. Na ocasião, porém, a negociação não deu certo.
– O Brasil é campeão mundial e sabemos que é muito difícil jogar nessa liga tão competitiva. Muitos jogadores saem para os melhores times da Europa. Em 2017, o Falcão me convidou para vir jogar no Magnus, mas não chegamos a um acordo, eu estava na Europa. Mas sempre sonhei jogar aqui no Brasil com todos esses craques. Em apenas dois treinamentos aprendi muito com eles e estou muito feliz.
Adaptação e expectativa
Integrado ao elenco do Magnus, Angellot participou de dois treinos antes da estreia, que será nesta quarta, diante do São João do Jaguaribe, às 20h, na Arena Sorocaba, pela semifinal da Copa do Brasil.
Nesse período, o novo camisa 19 da equipe não teve moleza: prezando pela intensidade do começo ao fim, o técnico Ricardinho fez até mesmo o colombiano (junto dos companheiros de equipe) pagar dez flexões por conta de um gol perdido em um contra-ataque.
Se a pressão na marcação não atende à expectativa, o número de flexões dobra e novamente o time de Angellot no treino foi obrigado a pagar o “castigo”. O desafio, porém, parece motivar o colombiano.
– Creio que vou ser muito feliz em quadra. Tenho o sangue de driblador, de jogar, um futsal não tão tático e de bola parada, como na Europa. Aqui se joga mais com a bola, se quer a bola assim como no futsal de antes. Isso para mim é muito legal e já aprendi muito em dois dias com o Ricardinho, que me disse para jogar como quiser e como eu sei – disse o jogador.
Com estilo de jogo que se assemelha ao futsal praticado no país, Angellot mira títulos com a nova equipe. Oportunidade não faltará: além de estar na semifinal da Copa do Brasil, o Magnus está na decisão do Campeonato Paulista e lidera a Liga Nacional.
– Sigo muito o futsal brasileiro. Mesmo quando joga o primeiro contra o último time é muito equilibrado, pois são todos muito habilidosos. Isso para mim é bom, acredito que vou me adaptar muito fácil à liga e ao time. Espero levantar muitos títulos nestes quatro meses e meio, pois é para isso que vim – afirma.
Relação com James
Amigos de infância, Angellot e James Rodríguez desembarcaram no Brasil quase ao mesmo tempo. O ala do Magnus tem, inclusive, morado com o meia do São Paulo até se estabelecer no país. Outra curiosidade é o fato de que irão usar o mesmo número em suas respectivas novas equipes: o 19. Angellot revelou ter se surpreendido com a repercussão da sua chegada, mas se disse feliz com o carinho recebido e espera responder à altura.
– O James é um grande amigo, mas não esperava isso que está acontecendo. Me dei muito bem com o clube, todo o estafe. Todos me trataram muito bem, estou muito feliz e espero retribuir em quadra.
O jogador do Magnus revela algumas curiosidades sobre o amigo, como o fato de ele dominar a língua portuguesa, o que tem sido importante.
– Ele tem me ajudado muito. O português dele é perfeito, parece um brasileiro. Ele fala comigo em português e me ensina muitas coisas. Mas eu já conhecia muito o Brasil, joguei muito com a seleção aqui. É o país que mais visitei e gosto muito daqui.
Mais do que isso, Angellot entrega que o talento de James não se resume ao campo: segundo o ala do Magnus, o meia do Tricolor também dá show dentro de quadra.
– Ele joga muito futsal. É muito bom. Canhoto, pega muito forte na bola. Acredito que vão gostar do futebol dele aqui. É um jogador muito completo e creio que vai ser muito feliz aqui no Brasil.
De olho na Copa
Angellot foi apresentado no Magnus ao lado de Rodrigo, capitão e principal nome da equipe desde a aposentadoria de Falcão, em 2018. A dupla aproveitou para relembrar encontros de quando estavam de lados opostos, inclusive na semifinal da Copa do Mundo de 2012. Na ocasião, o Brasil levou a melhor e avançou rumo ao título. Para os colombianos, porém, a campanha resultou em um quarto lugar histórico.
Questionado pelo companheiro de trabalho – que conduziu a apresentação – sobre a expectativa para o Mundial do ano que vem, Angellot, que é o capitão e camisa 10 da seleção de seu país, disse ser esse um dos motivos pelo qual escolheu atuar no Brasil.
– Por isso resolvi ficar aqui, também. Poderia ter ido para a Coreia, para a Indonésia, mas quero estar bem para ajudar a seleção colombiana a se classificar para o terceiro Mundial. E se quiserem renovar comigo por mais um ano, vou renovar. Alô, Fellipe (risos) – disse, referindo-se ao presidente do Magnus, Fellipe Drommond.
A Copa do Mundo de futsal de 2024 será disputada no Uzbequistão. A Colômbia participou das edições de 2012 e 2016, mas acabou ficando de fora do Mundial de 2021, edição vencida por Portugal. O Brasil é o maior vencedor da história da competição, com cinco títulos.