Contratado no fim de 2016 e ainda desconhecido por alguns, André Deko venceu a desconfiança e diminuiu a saudade que a torcida tinha do goleiro Quinzinho. Um dos grandes nomes da equipe, nesta temporada, o goleiro conversou sobre diversos assuntos como a cidade de Venâncio Aires, a temporada da equipe, sua reviravolta na carreira e muito mais.

Ulisses Castro

André Deko é um dos destaques da Assoeva na temporada. Foto: Ulisses Castro

Folha do Mate: Após o apito final no domingo, contra o Marreco, qual foi e sensação quando você percebeu, dentro de quadra, que estava na final da Liga Nacional 2017?

André Deko: Foi uma sensação indescritível. Não pela parte pessoal, mas por tudo que o grupo está vivendo nessa temporada: o histórico de lesões, o grupo muito reduzido e a questão é que está todo mundo se doando um pelo outro, tem jogador atuando 30 ou 35 minutos por partida. No âmbito pessoal é muito bom, é a primeira vez que eu estou morando junto com a minha esposa e minha filha, ter convívio com elas durante o dia, durante essa rotina de treinamento, está fazendo muita diferença. Eu não estou apenas por mim, mas por elas também.

Sobre a cidade. Como é sair do agitado Rio de Janeiro e morar em Venâncio Aires?

Realmente é muito diferente, eu demorei um pouco a me adaptar em algumas situações como o fato de algumas lojas não abrirem domingo ou fecharem na hora do almoço. Aqui é uma cidade mais pacata, mais tranquila, a boa educação das pessoas aqui de Venâncio é impressionante e o carinho que eles têm comigo e com a minha família é grande. Esses fatores fizeram eu me apaixonar pela cidade.

Uma das maiores preocupações era sobre quem assumiria o gol da Assoeva, já que o Quinzinho era muito querido pela torcida. Você e Deividi conseguiram mudar o pensamento do torcedor. Você, particularmente, caiu nas graças dos fãs que te apontam como o melhor goleiro da Liga nesta temporada. Fale um pouco sobre essa conquista e esse carinho da torcida com você.

Eu cheguei, a princípio, para ser o segundo goleiro. Quando eu fui contratado, o Deividi já havia negociado com a Assoeva também, mas a relação que nós temos de amizade e o respeito que temos um pelo outro fez com que as coisas acontecessem naturalmente. Hoje quem está jogando sou eu, mas o Deividi tem muita importância e tem total confiança tanto do treinador, como da torcida e de todo mundo, assim como todos os jogadores, que quando entram, dão conta do recado. Perdemos muitas peças importantes por lesão. Estou muito contente de poder mostrar meu valor novamente e o carinho da torcida é incrível, é um prazer atender a todos após uma partida.

Muitos torcedores já te encaram como um dos líderes e que pode se tornar ídolo do clube. Se considera pronto para isso e assume a responsabilidade de ser um dos principais nomes da Assoeva?

Não acredito que eu seja um dos principais, eu ainda tenho muito a trilhar aqui na Assoeva. Aqui tem jogadores que estão há várias temporadas, tem aqueles com grande identificação com a torcida e com um currículo muito bom. Eu me considero ainda novo (24 anos), estou galgando meu trajeto na Liga. Posso ser um dos responsáveis dentro de quadra por ser participativo, mas não me considero um dos jogadores mais fundamentais dentro da equipe. Somos todos um só e toda essa união está fazendo a grande diferença.

Você disse que chegou, inicialmente, para ser reserva, pois estava fora do mercado há algum tempo. Falta de talento não foi, o que faltava a esse Deko de hoje há dois ou três anos?

Na verdade faltava um pouco do meu lado emocional para eu voltar a atuar em alto nível. Com o nascimento da minha filha e os estudos da minha esposa eu não poderia sair do Rio. Com o fim da faculdade dela e o fato dela estar disposta a vir comigo, aí a cabeça do jogador funciona mais fácil. Eu via a necessidade de voltar ao cenário nacional, de conseguir voos mais altos, eu sentia que tinha potencial pra conseguir algo grande. Graças a Deus deu certo, a cidade acolheu a mim e minha família e chegar a uma final de Liga Nacional está sendo incrível. A exemplo dos demais companheiros, pretendemos agora algo mais que é o título da Liga, sem deixar de lado o Estadual.

Fale um pouco mais sobre essa legião de cariocas na Assoeva que, inclusive, foram responsáveis pelos sete gols na semifinal. Ainda existe muito talento no futsal carioca esperando uma oportunidade que não é dada no RJ?

Do nosso treinador até os jogadores, não só na Assoeva, mas no Brasil inteiro, tem jogadores Cariocas. O que falta na nossa administração do Rio de Janeiro é ter um campeonato competitivo e sério como fizeram na Liga Paulista, que é exemplo e aqui no Rio Grande do Sul eu pude ver como é alto nível, nós fomos campeões da Copa Marau e tinham equipes da série ouro, prata e bronze e todos com grande potencial. Enquanto no Rio de Janeiro a gente não consegue fazer um Campeonato com dez equipes, então isso nos faz buscar voos em outras cidades. Graças a Deus a cidade de Venâncio Aires é apaixonante.

O que dizer quanto a indicação pela Liga Futsal na questão de ser um dos três concorrentes a jogador revelação da competição?

Muito feliz por isso. Não é uma conquista apenas individual. É de todo o grupo. Trabalhamos e muito aqui na Assoeva. O preparador de goleiros Tuchê é incansável com a gente. Nos doamos ao máximo. É uma conquista que envolve os colegas de posição – Deividi e Suita – e de todo o restante do plantel. Agora é aguardar pela votação e ver o que torcedor vai achar que merece.