A volta do fixo Neto às quadras foi adiada, pelo menos, momentaneamente. Melhor do mundo em 2012, o jogador do Praia Clube, de Uberlândia, estrearia pela Liga Nacional de Futsal nesta sexta-feira contra o Brasília, mas a partida no Distrito Federal foi adiada pela LNF por causa da não liberação dos órgãos de saúde.

Neto fala sobre retorno ao futsal e projetos sociais em Uberlândia

Enquanto a bola não rola, Neto analisou a volta à modalidade, o trabalho no time da cidade natal e o projeto social que participa com pessoas em situação de rua em entrevista exclusiva ao ge.

O jogador tem uma relação de afinidade muito grande com o clube atual. Foi no Praia que ele começou no esporte, aos cinco anos de idade. Quando deixou Uberlândia e virou atleta profissional, o fixo conquistou títulos nos clubes e na seleção brasileira. O maior deles foi o Mundial em 2012. Além da conquista, Neto foi eleito o melhor jogador do mundo de futsal naquela temporada.

O atleta ainda jogou muitos anos na Europa e na Ásia e, em 2017, enfrentou uma batalha fora das quadras: venceu o câncer. Em 2018 decidiu parar de jogar para se dedicar à família, mas de volta ao futsal aos 38 anos, quer ajudar o Praia a alcançar um novo patamar no esporte (veja a entrevista completa no vídeo acima).

– A gente sente falta, mesmo parando a gente sabe que o esporte corre na veia. Então, isso acaba de alguma forma te deixando um pouquinho nostálgico, querendo sempre estar ali no meio da competição. Vou retornar a esse projeto do Praia e tentar fazer com que ele cresça, quem sabe nas proporções do projeto de voleibol que a gente tem hoje na cidade, isso também me atrai – disse o jogador.

Retomada do futsal em Uberlândia

Divulgação Praia

Neto é um dos principais nomes do Praia Clube na temporada 202. Foto: Divulgação Praia

O time masculino de futsal do Praia Clube retorna à Liga Nacional após nove anos longe da disputa. Antes, a equipe de Uberlândia jogou as edições de 2008 a 2011. O elenco iniciou os trabalhos em fevereiro, mas por conta da pandemia de Covid-19 os treinos foram paralisados e retomados somente em julho.

A competição também teve início adiado em março e mudou até o formato para a volta em agosto. Agora, as 21 equipes foram divididas em três grupos de sete. O Praia Clube está no Grupo A, ao lado de Brasília, Dracena, Corinthians, Minas, São José e Sorocaba. As equipes se enfrentam em turno e returno, e os cinco melhores de cada grupo avançam para as oitavas de final. O sexto melhor colocado entre os três grupos também segue para os playoffs. Todos os jogos serão com portões fechados.

– Vai ser um ano bem atípico. Não falo desprazeroso, mas vai ser um ano diferente, porque a gente joga muitas vezes para os familiares e eles não vão estar nas arquibancadas. Sabemos que a população de Uberlândia é apaixonada por futsal, tem muitos praticantes aqui, então saber que as pessoas não estarão nos ginásios nos apoiando já é um fator negativo. Mas a gente tem que aproveitar disso também com as outras equipes, porque as outras equipes também não terão seus torcedores – falou Neto.

Projeto social fora das quadras

Neto garante que vai ter muito empenho e doação dentro de quadra. Mas a palavra doação tem feito também muito sentido para ele longe dos ginásios. O jogador tem se dedicado a um projeto social voltado para pessoas em situação de rua.

Reprodução TV Integração

Fixo Neto ajuda pessoas em situação de rua em Uberlândia através do projeto “Anjo das Ruas”. Foto: Reprodução TV Integração

Apesar de não poder ter o abraço, o contato físico, o projeto não parou durante a pandemia. A equipe segue os protocolos, usa máscaras e leva comida e palavras de apoio e de carinho toda semana às pessoas que estão nas ruas de Uberlândia.

– A gente sai nas ruas achando que vai ensinar alguma coisa, no final, a gente volta tendo aprendido muito mais. Isso veio depois de tudo que eu passei com a questão da minha doença. É legal porque a grande maioria deles sabe quem sou, quem é o atleta Neto, e isso é uma forma deles se aproximarem mais. Tento aproveitar o máximo de sair nas ruas, de poder distribuir alimento, de uma conversa, de um abraço. Infelizmente, tive que parar com isso tudo nessa pandemia, mas o legal é ver o quanto eles necessitam de atenção e não propriamente de um alimento – finalizou o jogador.