Trabalhar com esporte de alto rendimento é lidar diariamente com ciência. A integração entre os departamentos ligados à saúde dentro de um clube é fundamental para o bem-estar do atleta de quem se exige alta performance. Médicos, fisiologistas, nutricionistas, preparadores físicos trocam informações diárias no sentido de proporcionar o melhor para o jogador. O fisioterapeuta tem um contato mais próximo com o jogador, pois a recuperação está ligada diretamente à assistência proporcionada por este profissional.

Em relação a edição de 2018, o relatório das lesões da LNF 2019 traz de imediato uma notícia que vai ao encontro do que se propõe o levantamento: mapear o número de lesões durante uma temporada. Ano passado ao todo foram registradas 193 lesões, com média de 12,9 por equipe. No ano anterior foram 12,1. A quantidade absoluta de lesões desse ano foi menor provavelmente por conta das 4 equipes que não reportaram os dados. Três equipes a menos que na temporada de 2018. Confira o relatório completo e detalhada AQUI.

O conceito de lesão utilizado no relatório na pesquisa foi: Qualquer queixa musculoesquelética que gere pelo menos um dia de afastamento de treinos ou jogos (sendo desconsiderados afastamentos preventivos).  A base do relatório está na trinca: local da lesão, tempo de afastamento e posição de jogo.

Segundo Felipe Pereira, fisioterapeuta do Minas Tênis, e quem organizou as informações, o levantamento não fugiu do padrão conhecido:

“Dentro do esperado, nada surpreendente. Os locais acabem sendo sempre os mesmos pela característica do esporte, principalmente pela constante mudança de direção dentro da quadra, aceleração e frenagem”.

As dimensões da quadra, o tempo de duração do jogo e o próprio calendário do futsal pode criar uma falsa impressão que no futebol de campo, onde as características são outras, as diferenças são muito grandes, o que não parece ser o caso como explica Felipe.

“Diferente do futebol de campo em que o atleta toca poucas vezes na bola, o atleta em quadra participa todo o tempo inteiro do jogo e isso gera uma sobre carga maior. Fazer controle de carga nos treinos e avaliação individual dos atletas são fatores fundamentais na prevenção de lesões.”, acrescenta Felipe.

Em todos os esportes, e no futebol não é diferente, as comissões técnicas, dentro da realidade de cada clube, tem procurado investir para proporcionar uma melhor condição de jogo para o atleta, pois é este quem entra em quadra e é para qual todos trabalham. O fisioterapeuta estar inserido nesse processo contribui para a qualidade do trabalho, conforme explica Cristiano Henzel da ACBF.

“Além de atuar com o restante da comissão técnica na prevenção de lesões, é ele quem tem o conhecimento para fazer a reabilitação dos atletas. Por isso é importante ele estar presente nos treinos, viagens para estar perto do processo e fazer as avaliações diretas e assim contribuir para o jogador estar 100% para o treinador.”

A temporada 2020 do futsal brasileiro está recém no início, mas olhar para trás e interpretar o que aconteceu em 2019 é sim um gesto de evolução, pois quanto mais informação for não somente produzida, mas absorvida, melhor para a modalidade.

“Importantíssimo. Existe pouca literatura sobre lesões no futsal. Esse relatório nos dá um norte nessa questão. Assim a gente pode agir na prevenção das lesões pois esse tipo de informação nos dá suporte. No futsal há vários biótipos de atletas e as avaliações de pré-temporada nem sempre identificam qual o maior risco de lesão em cada atleta e com esse relatório podemos minimizar o número de lesões no ano”, conclui Cristiano.

Números do relatório

Contato ou sem contato: 60% das lesões sem contato e 40% com contato

Locais mais acometidos

Joelho 34 lesões/18%
Tornozelo: 29/15%
Púbis: 25/13%

Arte LNF

Estrutura

Músculos: 77 incidências/40% do total x 94 incidências em 2018
Articulações e ligamentos: 21%, mesmo número do ano passado
Obs: esse é um número indica uma boa melhora na principal estrutura lesionada no futsal

Mecanismo

Primeiro lugar: estiramentos
Segundo lugar: entorses
Terceiro lugar: contusões

Severidade da lesão

Leves: de até uma semana de afastamento: 34%
Moderadas: entre uma e três semanas de afastamento: 34%
Severas: mais de 21 dias de afastamento: 32%
Recidivas: em 2019 observou-se absoluta maioria de lesões novas
Precoces: 6%
Tardias: 8%
Novas: 86%

Situação onde ocorreram as lesões

Preparação física: 2 lesões ou 1%
Fora do clube: 1 caso apenas
Treinamentos: 72 ou 37%
Jogos: 118 ou 61%

Posição em quadra

Os alas são em maior número pois são dois em quadra:
Ala: 81/42%
Goleiros: 26/37%
Fixo: 41/21%
Pivô: 45/23%

Arte LNF