Orlando Bento

Leonardo de Souza Alves, médico urologista, destaca a importância da prevenção. Foto: Orlando Bento

No mês de novembro, as fachadas dos prédios do Relógio, da Sede Social e do Centro Cultural Minas Tênis Clube (CCMTC) ganham iluminação azul, representando o engajamento do Minas no movimento mundial, conhecido como “Novembro Azul”, que alerta para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata.  Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), 70 mil novos casos de câncer de próstata serão diagnosticados no Brasil em 2018. É o segundo tumor nas estatísticas, ficando atrás apenas do número de cânceres de pele, e é considerado como uma doença da terceira idade, já que a incidência é maior a partir dos 65 anos, podendo, todavia, acometer homens a partir dos 40 anos.

Na entrevista a seguir, o associado Leonardo de Souza Alves, médico urologista, membro da Sociedade Brasileira de Urologia, das Associações Americana e Europeia de Urologia e Fellowship em Andrologia, no Memorial Sloan Kettering Hospital, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, fala sobre a importância da prevenção, esclarece que o exame de toque demora de 2 a 3 segundos, apenas, e enfatiza: “o preconceito mata mais que o câncer de próstata”.

A partir de qual idade o homem precisa ir ao urologista para prevenir o câncer da próstata?

Embora todos os homens tenham próstata, é somente a partir dos 40 anos que ela começa a crescer. O crescimento é fisiológico, lento e conhecido como Hiperplasia Prostática Benigna (HPB). Cerca de 80 a 90% dos homens terão que ser tratados devido a esse crescimento benigno. Os sintomas e sinais da H PB são levantar a noite para urinar, demorar  para iniciar a micção, jato urinário sem pressão, sensação de esvaziamento da bexiga incompleto, infecção urinária de repetição e formação de cálculos urinários. O diagnóstico da HPB é realizado através da história clínica do paciente, associado à realização do exame de toque retal, coleta de exame de sangue (PSA Total) e ultrassom da próstata.

E qual é a diferença para o câncer da próstata?

Mais comum em homens negros e mais frequente nas famílias que já tiverem parentes com câncer de próstata, é uma doença que não dá sinais ou sintomas. O homem pode estar com o câncer na próstata e não sentir nada. Enquanto a HPB pode fechar o canal da uretra, pois acomete o interior da próstata, o câncer da próstata atinge a parte de fora, a periferia, e, por isso, não dá sintomas, pois não atrapalha a urina.

Como é feito o diagnóstico?

Por meio do toque retal da próstata. Com esse exame, o urologista poderá identificar nódulos na próstata, que seriam suspeitos de ser o câncer. É importante frisar que o exame demora apenas de dois a três segundos. Além do exame local, é solicitado o exame de sangue, o PSA Total, que é uma substância produzida pela próstata, que pode alterar o valor na vigência de inflamações, infecções, atividades sexuais e no câncer de próstata.

Se o câncer é identificado, qual é o tratamento recomendado?

Caso seja confirmada a presença do câncer, é realizado o estadiamento da doença (avaliação do grau de disseminação). Em casos da doença localizada somente dentro da glândula, é indicada a realização de cirurgia para retirada da mesma.

O que fazer para prevenir o câncer da próstata?

O exame de prevenção deve ser feito a partir dos 45 anos nos homens sem histórico familiar ou não negros. Homens negros e com histórico familiar devem fazer o exame a partir dos 40 anos, que deve ser repetido a cada ano, assim como o PSA. E o mais importante é lembrar que o preconceito mata mais que o câncer de próstata.