Juliam Nazaré

Lavardinha na primeira visita ao Arrudão após assumir a diretoria-executiva do Marreco. Foto: Juliam Nazaré

Minha trajetória vitoriosa sempre foi no Sudoeste. Antes, no Pato, agora, no Marreco.” Essa foi uma das frases ditas por Luiz Sérgio Lavarda, ontem, 14, na primeira entrevista como novo dirigente do Marreco Futsal. Aos 50 anos, o maior ícone do esporte de Pato Branco inicia uma nova fase da carreira: no arquirrival do clube que fundou, na cidade que rivaliza com sua terra-natal.  O “namoro” entre o time do Arrudão e Lavardinha é mais velho do que parecia. Se há duas semanas o presidente Ivo Dolinski confirmou a negociação para trazê-lo como supervisor, o vice, Admilson Arendt, o “Misso”, revelou ao JdeB que o interesse existe há três meses. “Certo dia, refleti e cheguei à conclusão de que o Lavarda era o cara certo para nos ajudar a reerguer o Marreco. No dia seguinte, ele me liga para marcar um amistoso contra o time que estava trabalhando, o Gramado.” Ontem, no Santa Fé Clube de Campo, Lavardinha foi oficialmente apresentado como diretor-executivo do time verde-preto.

Carreira

Lavardinha é filho de Dolivar Lavarda, fundador do Grêmio Pato-branquense e Atlético Pato-branquense. O patriarca, inclusive, dá nome ao ginásio do município. Como jogador, Luiz Sérgio foi campeão da Copa Paraná em 1990, com o Grêmio. Mas, como ele mesmo reconhece, a carreira profissional só começou no ano seguinte. Isso porque no início da década de 90 a maioria dos clubes eram amadores ou semi-profissionais.

Além da passagem pela Seleção Brasileira, em 1993, Lavardinha passou por outras equipes, como Bordon (SP), Sadia (SC), SER Itaqui (RS), Sumov (CE) e  Unoesc (SC). Em 2006, foi campeão da Série Ouro do Campeonato Paranaense com o Atlético, clube pelo qual encerrou a carreira três anos mais tarde.

O Pato foi fundado por ele no fim de 2010 e, já no ano seguinte, levantou a taça da Série Prata, título que se repetiria em 2016. O auge começaou em 2017, sendo campeão da Série Ouro, e culminou com a Liga Sul (2018), Taça Brasil (2018) e o bi da Liga Nacional (2018 e 2019).

No fim de 2020, deixou o clube para, em julho do ano passado, implantar o projeto do Gramado (RS). A trajetória no clube da Serra Gaúcha encerra-se com a vinda para Francisco Beltrão. Em 2021, foi nomeado pela Federação Paranaense embaixador do futsal estadual.

Primeira entrevista de  Lavardinha

Antes de ser apresentado ao público, Lavardinha concedeu entrevista ao JdeB. O embaixador do futsal paranaense refletiu sobre a relação com o ex-time e o trabalho que pretende implantar no Marreco. Confira:

JdeB: Por que aceitou vir para o Marreco?

Lavardinha: Porque é um dos maiores clubes do Paraná e do Brasil. Foi precursor em muita coisa na região. É o primeiro time da região a disputar a Liga Nacional. É um grande desafio profissional para mim. Quero levar o time ao topo. Ser campeão paranaense e da LNF são os meus objetivos.

Já havia se imaginado trabalhando no Marreco?

Não. Mas há alguns anos foi ventilada uma fusão entre Atlético Pato-branquense e Beltrão Futsal, o que geraria uma super-equipe. Algumas pessoas tinham essa ideia. Minha trajetória vitoriosa foi a vida toda no Sudoeste. Antes, no Pato, agora, no Marreco. Sempre tive boa relação com os dirigentes beltronenses e fico honrado pelo convite, por acreditarem no meu trabalho.

Vem para morar em Francisco Beltrão?

A partir da semana que vem, eu e minha família, seremos oficialmente beltronenses. Quero ficar o maior tempo possível, mas, no contrato, até o fim de 2023.

Como foi esse um ano e meio fora do Pato? Como é a tua relação com o ex-clube?

Durante esse período vi muitas coisas que, quando estava dentro, não percebia. Não mantenho vínculos desde a minha saída. Acompanho o clube, mas nunca mais fui ao ginásio, nem vi um jogo inteiro. Porque, quando você se afasta da maneira que foi, precisa dar espaço para quem chega. Não quis interferir na nova gestão. Preservei minha família desde então e me dediquei às viagens a Gramado. A história vai ficar pra sempre. Fui eu quem idealizou e criou o clube.

Teme críticas dos pato-branquenses por vir para o Marreco?

No Pato, ganhei tudo o que poderia como jogador, como dirigente também. Algumas pessoas ficaram chateadas com a minha vinda, mas faz parte do jogo. Venho como profissional, como gestor esportivo. É uma novidade pra todos: pra mim, pra diretoria do Marreco e para as duas torcidas. Sempre fui respeitado em Francisco Beltrão, tanto isso é verdade que agora estou aqui. A partir de hoje começamos uma nova história. Que seja tão vitoriosa quanto aquela que conquistei em Pato Branco. Vim pra cá para fazer do Marreco uma equipe gigante. Tem muito time passando por momento ruim, mas jogar em Pato e em Beltrão é diferente. O torcedor é apaixonado. A pressão é maior. Por isso a situação atual aqui no Arrudão parece que pesa mais.

O que você, como gestor-executivo, fará no clube?

Vamos reestruturar algumas coisas. Tenho ideias, que já passei pra a diretoria, pra revolucionar o futsal estadual. O torcedor vai ter que vestir a camisa verde-preta e voltar pro Arrudão.  No dia a dia, estarei com o Banana, avaliando o que funciona, onde erramos, o que precisamos melhorar. A diretoria me pediu para reencontrar o caminho do Marreco. Foram feitos alguns desvios de percurso, mas o mais importante é buscar os títulos. Não vou medir esforços para dar os maiores títulos do futsal para o Marreco.  Quero implantar projetos sociais, resgatar as categorias de base, com uma visão diferenciada, priorizando os pratas da casa. A ideia é formar um CT pro Marreco e fortalecer a marca. O Marreco deve ser olhado com muito carinho e respeito pela cidade, pois nenhuma outra instituição elevou tanto o nome do Município como ele.