Em 2025 a LNF completará 30 anos de existência. Em três décadas, muita coisa mudou e, para melhor. No entanto, há muita margem de crescimento para a competição da modalidade mais praticada no país. Ciente disso, a entidade que organiza o campeonato tem discutido com os franqueados as mudanças fundamentais para o crescimento do produto e principalmente do público. Isso, dentre outras coisas, passa por aumento da competitividade e de investimentos. Pelo menos esse é o pensamento do atual presidente da LNF, Cladir Dariva.

Inspirada na NBA, a LNF teve origem nas franquias, situadas nas pequenas cidades, que começaram a se organizar pela facilidade da disputa do futsal. E, até hoje, é assim, uma referência do esporte em constante atualização e profissionalização. Essa é considerada a principal questão. Não só a gestão, mas a competição com cunho mais profissional e estruturada como produto, pois trata-se da exigência do público, mas também dos investidores.

A maioria dos clubes do campeonato ficam no interior, em cidades com menos de 200 mil habitantes. A ideia é aumentar o alcance das regiões e em outros centros. A logística é a principal dificuldade pela dimensão do Brasil. Confira abaixo os principais pontos do que pensa o presidente Cladir, que vem conversando com as franquias para mostrar também o “fator negócio”. Além do esporte, a LNF é um grande negócio.

Divulgação LNF
Cladir João Dariva é o atual Presidente da LNF

Produto LNF

O produto atende as maiores regiões do Brasil. Temos uma imagem fora do país de uma competição equilibrada, organizada e bem gerida. A identidade dos locais do futsal já existe. Está nos encargos dos futuros locais, que a comunidade tenha identidade com a região. Representatividade para tornar a franquia forte. Isso é uma mudança de conceito que aos poucos vamos colocando. Quem comanda a LNF tem esse pensamento como filosofia. E além de ser a competição mais equilibrada do planeta, é um grande produto para um grande investidor. O custo-benefício é muito grande.

Crescimento da competição

Qualquer clube quer jogar a LNF, mas isso não basta. É preciso ter suporte para colocar os melhores no mercado. É preciso furar fronteiras e queremos principalmente entrar no mercado internacional. A NBA, guardadas as proporções, é o nosso “norte”. Lá o país também é grande e a competição está dividida em conferências. Encontraram uma solução. Nós buscaremos o melhor modelo para a nossa realidade.

Cultura

Há dez anos conversamos sobre a nossa identidade. Temos a referência da organização da NBA, que é a maior, mas temos as nossas peculiaridades. Temos que mudar a base, pois tem muita gente que trabalha de forma empírica ainda. Acesso e descenso ainda têm resistência até no campo. Entendemos que há times que precisam passar por um estágio antes de chegar na LNF. E nem é por culpa dela, às vezes. E isso pode prejudicar a imagem da Liga.

LNF e Superliga

O que vai acontecer é avançarmos para uma LNF e Superliga, se assim os franqueados acharem por bem. Vimos que em outras categorias isso aumenta a competitividade. E o lado econômico das 24 equipes será mantido. Isso está sendo proposto em estágio avançado. O sistema é democrático e podemos ter alterações.

A ideia é diminuir para 16 times na Superliga e 12 na LNF. Manter o sistema de todos contra todos e seguir com os Playoffs, que faz parte da cultura da competição. Fora o apelo emocional que carrega. Mas, no futuro, pode mudar. Subir e descer proporciona um estágio de aprendizado para as equipes sem perder o glamour, preservando apelo e investimento para todo mundo se manter. É preciso criar um corpo de gestão para poder fazer parte do produto. Essa é a nossa proposta.

De olho na NBA

Queremos ser a referência. Quem fala em basquete fala em NBA. E quem falar em futsal, tem que falar da LNF e saber dessa marca no mundo todo. Queremos ter os 26 estados do país participando por meritocracia e investimentos. Temos até oito times querendo entrar na LNF, mas temos cuidado. Se queremos ser referência, temos que ir além e buscar quem tem expertise para ver o que representamos.  A roda tem que girar mais rápido, mas os anseios são grandes.

Divisão de receitas

Esse é o maior desafio. Por isso o investimento é fundamental. Manter o aporte financeiro e aumentar a receita. A modalidade vai além de pensar só no interesse do clube, como fazem alguns dirigentes. É primordial pensar no produto porque o investimento é distribuído. Essa é a orientação aos gestores dos clubes.

Sedução do público

O público exige mais. Ninguém se prende a uma televisão por 2h se não tiver apelo. No ginásio, tem que ter até futsal. Se não for um produto bom, ele não vai existir. Precisamos pensar lá na frente, sem que a LNF seja a provedora dos recursos. Os clubes precisam se movimentar. Hoje, o primeiro e o 24º franqueado tem o mesmo retorno financeiro. Quem chegar entre os primeiros na LNF vai estar preparado para a Superliga. Isso é o que queremos provocar.

Sedução de investidores

Investidor não busca produto mal-acabado. Tem que dar resultado. Estar ligado a grandes marcas. Por isso entendemos que essa diminuição de equipes é para manter o glamour. E o mundo é feito de adaptações.

Período de transição

No fim do ano passado lançamos a ideia aos franqueados. Temos que ter um período de transição. E isso está em curso na atual edição. Mas vai ser uma decisão dos franqueados. Temos dois anos para fazer o ranking dos dezesseis melhores, que subiriam para a Superliga. Os outros clubes, mais os convidados, jogariam a outra LNF.

Transmissões

Temos um desejo antigo de produzirmos nosso produto e depois distribuí-lo. O grande problema das emissoras é a produção. Esse é o nosso desejo para 2024. As negociações são nesse sentido. E para isso precisamos de parceiros. Os atuais, como a Sportv e NSports, são muito importantes e estamos estudando a melhor maneira para que possam ser atendidos os interesses de todos. Temos espaço em TV aberta e paga, mas a produção é custosa. Tem muita gente fora do Brasil que quer consumir a LNF.

Fotografia do público

Temos um público fiel acima dos 45 anos, mas o jovem quer tudo na palma da mão pelo celular. Aumentamos esse público e precisamos aumentar ainda mais. Queremos ampliar nossos canais de comunicação, criar identidade do futsal em horários específicos. Esperamos implementar isso ano que vem para que mais gente tenha acesso.

Competições de base como vitrine

Veja o tamanho do desafio. No estatuto há limitador nesse sentido. E os melhores talentos estão indo para fora do país. Precisamos oportunizar, aqui no Brasil, para que eles joguem. Deixamos de ser protagonista em competições lá fora por culpa nossa. Estamos muito alienados em algumas coisas no futsal. Infelizmente não há integração entre as entidades. Produzimos muito material humano, mas não usamos aqui.

Futuro

Tem que ter o trabalho de base para chegar mais forte no profissional e vamos ver novos nomes como protagonistas. Essa é uma preocupação da LNF, embora não seja a nossa função, que é somente organizar o campeonato. Mas queremos isso. Se ninguém fizer, a LNF vai fazer. O caminho é esse. Existem franqueados com forte investimento na base como o Minas, exemplo número 1 com a gurizada. Isso é uma realidade, mas terá que ser mudado o estatuto.

Atom Fotografia
Troféu da LNF, lançado na última temporada

Os últimos movimentos da direção da LNF sinalizam justamente para a profissionalização da entidade. Ciente do potencial do produto em mãos e da margem de crescimento dentro e fora das quadras, o objetivo está posto: ampliar o leque de adjetivos da “competição mais disputada do planeta”, como diz o presidente Cladir, torná-la mais lucrativa e, que o fruto desse crescimento, tenha os franqueados/ clubes como beneficiários. O processo está em curso e os sinais de avanços são evidentes. A bola que rola há quase três décadas pelas quadras do país tem peso e credibilidade. O mandato da atual direção da LNF começou em 2018 e vai até dezembro de 2025. As eleições ocorrem de 4 em 4 anos e é permitida somente uma reeleição.

A atual edição da competição está em andamento. A LNF fechou, nessa temporada, um acordo inédito de Naming Rights, com a mrJack.bet. Além disso, conta com a Krona, Cresol e Umbro, parceiros há anos da entidade. Sportv e NSports são os atuais donos dos direitos de transmissão. Golden Goal, Win the Game e EY são outras empresas renomadas que fecharam parcerias com a LNF neste ano.