De um lado, Thiago Mendes Rocha, mais conhecido como Guitta. Do outro, Leonardo de Melo Vieira Leite, o Léo Higuita. A semelhança nos apelidos não é por acaso. Ambos os goleiros têm como uma das principais características a habilidade com a bola nos pés. Assim como aquele que inspirou o apelido de ambos, o lendário René Higuita, goleiro de futebol colombiano famoso nos anos 1990 pelas saídas até a intermediária.

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Guitta e Léo Higuita se enfrentam no domingo em Brasil x Cazaquistão. Foto: FIFA

Neste domingo, o Brasil, de Guitta, enfrenta o Cazaquistão, de Léo Higuita, na disputa do terceiro lugar do Mundial de Futsal da Lituânia. A partida acontece às 12h com transmissão da Globo, do SporTV e acompanhamento em tempo real no ge.

– Meu apelido é algo de família. Vem de Higuita, porque os meus irmãos me chamavam assim, pelo meu estilo de jogar e isso pegou. Acaba que complementa, porque é algo diferente que me deu sorte – disse Guitta.

Nascido em Mauá-SP, Guitta disputa o seu terceiro Mundial. Campeão em 2012 na Tailândia e eliminado nas oitavas de final em 2016 na Colômbia, ele tem 34 anos e joga atualmente pelo Sporting, de Portugal.

Jean-Yves Ruszniewski

Rene Higuita inspirou o apelido dos dos goleiros. Foto: Jean-Yves Ruszniewski

Guitta surgiu para o futsal no Orlândia, clube que defendeu de 2008 a 2015. Depois passou pelo Corinthians, onde foi campeão da Liga Nacional de Futsal em 2016, antes de tomar o rumo da Europa em 2018.

Além das defesas e da boa atuação debaixo da trave, Guitta é conhecido pela facilidade de jogar com os pés, a qual já lhe rendeu incontáveis gols marcados na carreira – o próprio atleta já perdeu a conta. Por conta disso, sua participação em ataques e na armação de jogadas são bem constantes nos jogos da seleção brasileira.

Característica semelhante tem o carioca Léo Higuita, um dos três brasileiros naturalizados da seleção cazaque. Nascido na Tijuca, Zona Norte do Rio, o goleiro-artilheiro de 35 anos passou pelas divisões de base de Flamengo, Fluminense e Vasco, antes de chegar ao Cabo Frio, clube que o projetou. O apelido surgiu ainda na infância quando ele atuava pelo Social Ramos Clube, também do Rio.

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Guitta na derrota do Brasil para a Argentina na última quarta. Foto: FIFA

 O apelido veio quando eu era fraldinha no Social Ramos Clube, em 1993. Na época, o Higuita estava no auge da carreira. Eu vivia saindo da área driblando e isso não era normal de se ver. Daí, um dirigente do clube ficava me chamando de Higuita por eu ser meio maluquinho, cabeludinho e fazer muitas besteiras durante treinamentos e jogos. Desde então eu sou o Higuita. Até hoje eu uso bem o recurso dos pés – contou.

Goleiro-artilheiro em todos os clubes que passou, Léo Higuita mudou-se para o Cazaquistão na temporada 2009/10. Naquele mesmo ano, ele chegou ao poderoso Kairat Almaty, time que defende até hoje. Pela equipe cazaque, ganhou a titularidade, virou ídolo e conquistou todos os títulos possíveis. O convite para se naturalizar surgiu antes do Mundial de 2016.

– O convite para me naturalizar surgiu quando eu completei cinco anos no país. O Cazaquistão tinha a ideia de iniciar um projeto para o fortalecimento da seleção, então resolvi aceitar. Fiquei balançado quando surgiu a oportunidade mesmo tendo o sonho de defender a seleção brasileira, mas resolvi aceitar o desafio de jogar pelo país onde eu moro há bastante tempo – disse o carioca.

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Léo Higuita é ídolo no Cazaquistão, país pelo qual se naturalizou. Foto: FIFA

Lituânia 2021 é o segundo Mundial de Léo Higuita. Em 2016, o Cazaquistão parou nas oitavas de final ao perder para a Espanha. Essa é a primeira vez que a seleção cazaque chega tão longe em uma Copa do Mundo de Futsal.

Na última quinta, o time esteve perto de avançar à final, mas sofreu o empate no fim da prorrogação (2 a 2 no placar agregado) e acabou perdendo para Portugal nos pênaltis. Argentinos e portugueses fazem a decisão do título neste domingo às 14h com transmissão do SporTV. Após o jogo, a Fifa anunciará as premiações individuais dentre elas a Bola de Ouro de melhor jogador e e Luva de Ouro para o melhor goleiro.

– Tenho 35 anos e nunca senti emoções como essas. O Cazaquistão está entre as quatro melhores equipes do mundo. Agora estamos cercado por seleções gigantes, mas sabemos que temos condições de ganhar de qualquer time – finalizou Higuita.