A LNF é uma das mais competitivas do mundo. E trocar essa disputa acirrada pelo Mundo Árabe é uma decisão difícil, principalmente num campeonato que foi fundado há apenas três anos. Assim tem sido a rotina de João Neto, ex-goleiro do Jaraguá, que hoje defende o Al-Nassr, time de Cristiano Ronaldo. Em um papo com o ge, o jogador falou sobre a vida no futsal da Arábia Saudita, além de detalhar o contato com as estrelas da equipe de futebol do clube.

João Neto é paraibano de João Pessoa. Na Liga Futsal, o goleiro defendeu o Concórdia (2016 e 2017) e o Jaraguá (2018 a 2024). No início do ano, ele trocou o futsal de Santa Catarina pela Arábia Saudita, hoje defende a meta do Al-Nassr. E se no futebol o país investiu pesado nas equipes para a temporada, a primeira pergunta é óbvia: como é o futsal árabe?

— É o terceiro ano do futsal na Arábia, a Liga Saudita. Eles querem crescer. Já tem bastante brasileiro na Liga. É uma maneira de intercâmbio muito legal para eles, que a gente leva um pouco da nossa experiência, da nossa vivência, para ajudar nesse crescimento dos jogadores aqui. Se eles mantiverem essa pegada de continuar investindo em comissões estrangeiras, com o dinheiro que eles têm aqui, embora, mais uma vez, eu repito, muito distante do campo, mas para a realidade do nosso esporte, os estrangeiros recebem bons salários aqui. Então, acho que a tendência é crescer — disse o jogador.

A estrutura em Riade, capital da Arábia Saudita, é a mesma do time de futebol, que conta com estrelas como Cristiano Ronaldo, Sadio Mané e Otávio, que, assim como João Neto, é paraibano de João Pessoa.

Encontrar com esses craques é realmente um privilégio, mas é fato que CR7, o mais tietado, é também o menos acessível.

O ambiente é surreal. É muito legal saber que está no mesmo clube de lendas. A quadra e o campo são separados por uma rua, que é a rua do estacionamento. A gente cruza com eles de manhã. O Cristiano tem um acesso um pouco mais complicado, mas consegui tirar minha foto com ele. É bacana saber que você está no mesmo clube, embora em realidades completamente diferentes, de nomes gigantes no futebol, como Cristiano, Mané, e o Otávio.

Se no futebol, o Al-Nassr está bem atrás do líder Al-Hilal, no futsal, o time tem ido bem na Liga Saudita. A equipe se classificou na ponta na primeira fase. Em 18 jogos no Grupo A, o time de João Neto venceu 15 vezes, empatou uma e perdeu apenas dois confrontos.

Atualmente, a Liga está na fase final, com dois grupos de quatro times cada. O Al-Nassr está na Chave B e começou a disputa com vitória.

Morando há três meses em Riade, João Neto comentou sobre o período de adaptação no clube que busca o primeiro título nacional no futsal.

— Cheguei há três meses e quero ser campeão da Liga. Vencer essa Liga seria um sonho para mim. Até porque seria o primeiro título do Al-Nassr. A rotina de treinos aqui é diferente do que no Brasil. Treinamos em dois períodos lá, e em um aqui. Mas a estrutura do clube é maravilhosa — contou o goleiro.

Aos 32 anos, João Neto tem muita lenha para queimar. Vale lembrar que o jogador chegou a ser convocado em 2018 para a seleção brasileira. No entanto, uma grave lesão o impediu de defender a amarelinha.

Na Arábia Saudita, o objetivo do brasileiro que, além de jogador, é jornalista por formação, é seguir atuando fora do país por mais alguns anos.

— Tenho pretensões de ficar mais uns anos aqui. Financeiramente é importante para mim e para minha família. A ambição de ser campeão, também a parte financeira, a oportunidade também de estar num país diferente com a minha família, de vivenciar coisas muito legais é importante. Eu quero passar uns anos aqui — completou.

Em campo, o Al-Nassr não deve ultrapassar o Al-Hilal no Campeonato Saudita. No futsal, porém, o time chega muito forte para buscar um título inédito. Quem sabe, ao fim da temporada, um brasileiro pode levantar o troféu de campeão nas quadras.