Al-Qadisiya Divulgação

A Arábia Saudita tem chamado a atenção do mundo todo nos últimos meses por conta das contratações milionárias de seus principais clubes de futebol. Depois de Cristiano Ronaldo, contratado pelo Al Nassr, Neymar foi confirmado no Al Hilal e se tornou a maior contratação do país. Com eles, outros astros do futebol embarcaram para o país atrás em busca de cifras ainda maiores.

Os grandes investimentos têm atraído essas estrelas para fomentar o futebol e atrair a mídia do mundo para os árabes. Porém, esse movimento da Arábia Saudita vai muito além das grandiosas contratações no futebol.

Recentemente, os árabes iniciaram investimentos no futsal. Na temporada 2023/2024 ocorrerá a terceira edição na Liga Nacional da Arábia Saudita. A competição conta com 20 times na Primeira Divisão e outros 12 na Segunda. Por conta disso, o país entrou na rota de destino de atletas e treinadores brasileiros. A competição permite a inscrição de até três estrangeiros por equipe, grande parte vindos do Brasil.

Bichinho foi o primeiro atleta a atuar no país. Já conquistou seis títulos, incluindo a Liga Árabe. O atleta que já jogou em clubes da Liga Nacional do Brasil, passou os últimos anos defendendo o Al-Qadisiya.

Al-Qadisiya Divulgação
Bichinho foi o primeiro brasileiro a jogar na Arábia Saudita

Técnico da Seleção Brasileira de Futsal, Marquinhos Xavier comentou que a ascensão árabe tem camado a atenção no mundo do futsal:

– Me parece que não é só uma inclinação para o futebol. A Arábia vem aportando investimento também no futsal. A gente tem notícia de muitos jogadores brasileiros se transferindo para esse país, assim como treinadores. Recentemente, dois brasileiros foram contratados para dirigirem equipes sauditas. Isso quer dizer que há uma inclinação que o futsal também seja contemplado com esses investimentos.

Um dos treinadores que Marquinhos se refere é o mineiro Rubio Mileo Guerra Júnior, que trabalha desde 2007 no futsal daquela região e tem no seu currículo trabalhos no Catar, Emirados Árabes e Kwait. Ele está trabalhando no AlUla. O clube está na terceira divisão do futebol nacional, mas no futsal está entre os oito melhores. O treinador revelou que o interesse da Arábia Saudita vai além da paixão pelo esporte. A ideia do país é trabalhar o futsal para ajudar na formação de atletas de futebol árabe.

– Cheguei na Arábia Saudita para ajudar a desenvolver a modalidade no meu clube. Quando eu dei a entrevista para eles, eu disse que o futsal faz parte do desenvolvimento do futebol. No Brasil, muitos atletas passam pela base do futsal entre os 7 e 11 anos. No Brasil, é usado o espaço reduzido para o desenvolvimento dos atletas brasileiros há muito tempo. Todo o jogador brasileiro conhece primeiro o futsal e depois o futebol. Todas as escolas têm futsal – contou o treinador, que confirmou que a seu trabalho no clube irá contribuir para a formação de novos jogadores de futebol.

Arquivo Pessoal
Rubio Mileo Guerra Júnior comanda o AlUla, da Arábia Saudita

– Conversando com eles aqui falei que gostaria de treinar o clube, mas que automaticamente a gente montar a base para tirar do futsal e revelar novos atletas para o futebol. A Arábia está muito interessada no desenvolvimento da nação com relação ao futebol. O futsal começou a ser praticado há dois anos aqui. Então é um ano que vai chegar vários atletas brasileiros. Eles estão buscando treinadores para trabalhar na base. São profissionais espanhóis, brasileiros e ingleses. A ideia é fazer com que os meninos se interessem pelo futebol.

Conforme o treinador, o AlUla é um dos clubes em ascenção no país e tem feito investimentos relevantes no esporte. Além do futebol e do futsal, também possui times de basquete e voleibol.

– O clube está surgindo como grande promessa no esporte saudita.  É um investimento pesado, pois o clube faz parte da cidade de AlUla. A cidade é rodeada de resorts e é a região onde a Arabia Saudita pretende desenvolver o turismo. O investimento na cidade é grande – disse.

Para o treinador da Seleção Brasileira, essa atenção dos árabes pelo futsal não é motivada só pela paixão pela modalidade, mas principalmente pelo interesse em formar jogadores para o futebol do país.

– Acho que principalmente essa questão de que o futsal pode ajudar muito na formação. A gente sabe que o mundo vê o futsal como um esporte secundário, um esporte de formação. A partir de certa idade as pessoas querem largar o futsal e jogar futebol e entendem como esporte de formação. E as portas para os brasileiros se abrem, pois hoje o Brasil tem uma expertise técnica na formação – avaliou Marquinhos Xavier, que emendou:

– Eles estão preocupados com isso. Hoje se fala em programas de desenvolvimento na formação de atletas da base tanto para o futsal como para o futebol.

Xavier acredita que nas próximas temporadas, a Arábia Saudita possa realizar investimentos mais volumosos para atrair cada vez mais craques também no futsal.

– A mídia está muito em cima da Arábia Saudita por conta do futebol e sabemos que o futsal está muito próximo dessa preferência do povo árabe. A gente tem visto o país como um futuro emergente do futsal.

A Arábia Saudita será uma das oito seleções que irão participar da Copa das Nações, que será realizada em Sorocaba, em setembro. A participação no torneio também é estratégica na sua preparação para uma vaga na Copa do Mundo, que será em 2024.

– Hoje o treinador da seleção árabe é um espanhol, que vem fazendo um trabalho bacana. A seleção disputará a Copa das nações, pois é um mercado importante o futsal brasileiro. Opaís tem um nível técnico satisfatório. A gente sabe que eles têm algumas dificuldades, pois disputam no continente asiático as eliminatórias, onde já tem países desenvolvidos no futsal, como o Irã, que está muito a frente. O próprio Kwait. Eles estão em um continente forte e isso pode fazer com que eles invistam mais – afirmou o treinador.