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Bruninha, ala de Araraquara convocada para seleção brasileira de futsal. Foto: Arquivo Pessoal

Ousada, pagodeira e “da resenha”, Bruna Domingues foi convocada pela 1ª vez para a seleção brasileira e vai representar o país no Mundial Feminino de Futsal, que será disputado entre os dias 12 a 17 de novembro, na província de Misiones, na Argentina.

Contudo, esta conquista quase não foi possível, já que em maio deste ano, aos 29 anos, Bruninha, como também é conhecida, quase abandonou o futsal por causa de uma lesão que afetou bastante seu lado psicológico.

Há cinco meses, a atleta da equipe de Araraquara, e agora do Brasil, sofreu um rompimento de tendão na coxa esquerda. O trabalho intenso de recuperação, as sessões de fisioterapia e o cansaço mental “falavam baixinho” para que ela largasse o esporte após 13 anos, desde que surgiu em Araçatuba, também no interior de São Paulo.

– Eu fazia quatro sessões de fisioterapia e cansa muito a cabeça, sabe? Eu ainda não podia voltar [às quadras], mas fomos jogar a final da Copa Paulista e a equipe estava precisando. Eu disse ‘se quiser me colocar eu ainda tenho uns 60% de força, mas vou dar tudo de mim’. Depois acabou piorando, então eu não queria mais continua, teria que passar por aquilo tudo de novo – relembra a campeã da Liga Paulista de Futsal com a Fundesport, de Araraquara.

O apoio e incentivo para seguir forte e superar os trabalhos de recuperação vieram de dentro de casa, da mãe Celina, que sempre incentivou a filha a ignorar as críticas por ser mulher e praticar a modalidade.

– Eu ainda falei, mãe, eu não quero mais. Ela virou e disse: “minha filha, vai, não desiste agora não, você está indo tão bem. Então ela é meu alicerce, sempre acreditou em mim e me incentivou. As meninas de Araraquara também me ajudaram bastante com as conversas – disse Bruninha.

Mãe coruja

O gosto pelo futebol é de família. A dona Celina foi atleta e também atuou no time de Araçatuba. Quando a filhota ainda tinha pouca idade, a mãe coruja percebeu a semelhança e a mesma “passada” em direção à bola. Foi aí que a trajetória da Bruna, a partir dos 12 anos, começou até a convocação para seleção brasileira.

– Eu sempre vi potencial na minha filha. Quando ela era pequena jogando no meio dos meninos aqui no nosso bairro já dava para perceber. Sempre que ela tinha que viajar de ônibus para jogar eu levava ela pela manhã com os meninos. Sempre gostou de futebol [a Bruninha] e conseguiu se destacar. Ela tinha vontade de jogar e, mesmo menina eu incentivei, até porque eu joguei também – explicou a funcionária pública sobre o orgulho da vida dela.

Sobre quando Bruninha pensou em abandonar a carreira por causa da lesão, Celina conta que pediu para ter fé e coragem para seguir em frente.

– Ela estava passando por uma fase ruim e eu disse pra ela, confia […], ore muito e bola pra frente porque talento você tem – incentivou.

Como surgiu

Bruninha apareceu nas quadras em 2011, na disputa dos Jogos Abertos, quando veio o convite para a jovem promessa atuar em Araraquara. O atual técnico das categorias de base do Palmeiras e identificado na Ferroviária, Leonardo Mendes, foi quem enxergou o talento e potencial da atleta.

Com passagens também pelas equipes de Taboão da Serra e Santo André, a fixo e ala revelou que a presença de Léo Mendes no projeto na Morada do Sol foi o fator principal para deixar Araçatuba, sua cidade natal.

– Eu já tinha recebido algumas propostas, mas nada que tivesse mexido comigo. E eu sempre admirei o Léo por tudo que ele representa, a história dele, sempre o achei muito inteligente e aí eu fui – disse sobre o ex-técnico dos times masculino e feminino da Ferroviária.

Seleção

Depois de realizar o sonho que ela nunca imaginou alcançar, Bruninha aposta na versatilidade para jogar pelo Brasil. Já atuou como pivô, ala e fixo, mas a posição preferida interessa pouco, até porque só de estar em quadra representando o próprio país é o que importa.

– Recentemente me mudaram para fixo. O técnico me perguntou se eu topava e eu disse que ‘bora’ [ri sobre a situação]. Eu gosto de estar em quadra, se quiser me colocar lá no cantinho eu tô de boa também – brinca a jogadora da seleção.

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Bruninha e a mãe, dona Celina: conselheira de vida. Foto: Arquivo Pessoal