Cristian Frantz
Jogador fez a última temporada como atleta da Assoeva no ano passado, quando a equipe chegou às quartas de final da LNF.

Ídolo e jogador da Assoeva até 2023, o fixo Boni optou pela aposentadoria ao final da última temporada. No entanto, o jogador permanecerá ligado ao time de Venâncio Aires, pelo qual foi campeão gaúcho e vice-campeão brasileiro em 2017.

Aos 44 anos, o paranaense Luis Bonifácio Júnior assume um novo desafio na carreira: ser treinador da equipe sub-20, que vai disputar a primeira edição da Talentos LNF, competição nacional de jovens talentos. Além disso, ele vai coordenar as categorias de base da Assoeva como um todo.

Em entrevista à GZH, o agora ex-atleta Boni lembra o início da carreira, fala sobre a relação com Venâncio Aires e projeta o trabalho à frente da futura geração do futsal.

Como foi o teu início no futsal?

Foi muito diferente. Eu jogava handebol e apareceu uma oportunidade para jogar futsal. Um amigo meu falou que teria uma peneira de futsal. E eu sempre gostei de jogar futebol. Eu acompanhava meu pai que foi profissional de futebol. Eu participei dessa peneira e me apaixonei pelo futsal. O treinador do Maringá, o Amorim, me incentivou e me guiou. Logo depois, fui para o Cascavel e joguei no Cascavel, nas categorias de base. Fui para o Rio Grande do Sul, em Frederico Westphalen, pela primeira vez saindo de casa, com 19 anos. Curti cada treino, cada jogo, foi demais.

Quais são os momentos da carreira que mais te marcaram?

Eu sou um atleta que nunca fui muito de ficar trocando de time. Então, fiquei nove anos no Umuarama, e nos principais títulos do clube eu estava presente. Em Venâncio Aires, já estou há oito anos. Nos títulos mais importantes da Assoeva, eu também estava presente. Isso é o mais importante.

Você está desde 2015 na Assoeva. Ao que se deve essa longevidade no time?

Eu joguei como atleta profissional na Assoeva por oito anos. A minha carreira é o meu corpo, a minha empresa. Sempre tentei tratar muito bem essa situação. Você chegar aos 43 anos jogando em uma Liga Nacional não é para qualquer um. Eu evitava muitas coisas. Abdiquei de muitas coisas desde sempre. Quando você chega a ser um atleta profissional, você tem que saber que vai abdicar de família, amigos. Não vou mentir, tomava minha cervejinha, mas eu sabia a hora certa de ter essas regalias.

Quais as principais lembranças que você tem daquele time da Assoeva campeão gaúcho e vice-campeão brasileiro em 2017?

A principal lembrança que eu tenha é no momento mais crítico da competição, quando a gente estava com poucos atletas, e todo um cenário levava a todos os atletas daquele time a ter uma desculpa. Mas não foi isso que aconteceu. A nossa equipe se fortaleceu e fez com que tudo desse certo. Chegou um momento que nem o Malafaia (treinador) comandava mais as substituições. A gente mesmo se olhava e se entendia. Era um grupo de homens, de bastante entrega.

O que te levou a decidir pela aposentadoria?

Eu cheguei aos 43 anos. A parte competitiva ainda corre nas veias. O futsal está muito competitivo. Chegou ao momento que o corpo estava pedindo. Sentei, pensei com a minha família que era o momento. As contas continuam chegando, mas eu consegui, pela minha trajetória dentro da Assoeva, um cargo de iniciação, que era algo que eu já pensava há algum tempo, dentro de um clube que eu tenho uma paixão muito grande.

Quais são os teus objetivos para as categorias de base da Assoeva?

Na categoria de base, você tem dois modelos. No sub-13 e o sub-15, talvez na sub-17 seja diferente, você trabalha mais a parte da competitividade, mas também o lúdico. Você não pode exigir resultado de uma criança de 13 ou 15 anos. O sub-20 é mais competição, mais resultado, tomada de decisão dentro de quadra, para que a gente atinja um ponto muito especial dentro da Assoeva diante de um sub-20 nacional. Vou tentar com que a minha experiência dentro de quadra instrua esses atletas. Que esses atletas saibam que jogar futsal é muito diferente de entender o futsal. Então, é isso que eu vou pôr em pratica com pressões numéricas, contra-ataques, a defesa. No futsal, hoje em dia, o ditado de que o melhor ataque é a defesa também é uma grande verdade.

Quais são os times mais fortes para a Liga Nacional deste ano?

Os times que investem, como Magnus, Joinville, Jaraguá. Não podemos nos esquecer do Atlântico, que teve uma grande cartada ao renovar com dois anos com atletas que fizeram o time ser campeão. Eu apontaria como favorito o Atlântico e, em um segundo escalação, Magnus, Joinville e Jaraguá, de acordo com investimento que a gente está vendo. Manter uma base é muito importante.