Maurício Moreira

Anderson Nether, o Adocica, é o “mordomo” do Pato. Foto: Maurício Moreira

Ele esteve presente em todas as conquistas do Pato, mas só entra em quadra antes e depois da bola rolar. Anderson Nether, o Adocica, trabalha há dez anos como mordomo do clube.  Ele nasceu em Anchieta (SC), mas veio para Vitorino quando tinha 2 anos. Já trabalhou como entregador de marmitas. Foi servente de pedreiro e pintor. Desde 2006, mora em Pato Branco. Em 2011, foi convidado pelo então presidente Luiz Sérgio Lavarda para encarar uma nova profissão. “O Lavardinha morava em frente à minha casa. Num dia, ele me falou que o Pato precisava de um mordomo e me convidou. Sempre gostei de esporte e de viajar, então topei.”

O apelido

Há dez anos, uma marca de cervejas fez sucesso com um comercial. Nele, Beto Barbosa era abordado por um garçom trajado com uma pochete. A propaganda era embalada por “Adocica”, hit do cantor. Num treino no Dolivar Lavarda, o preparador-físico Leonardo Coimbra fez a comparação com o mordomo do clube.  “Eu usava uma pochete para colocar o celular e, quando eu corria, ela balançava. O Leonardo, que é acostumado a apelidar os outros, começou a me chamar de Adocica. E o apelido pegou.” (risos).

Vida de mordomo

O serviço de Adocica abrange diversas funções. Quando tem treino, chega duas horas antes: lava a quadra, prepara o café, disponibiliza água e organiza vestiários, uniformes, bolas e demais apetrechos de trabalho de atletas e comissão técnica. Quando o elenco deixa o ginásio, é hora de colocar tudo em ordem novamente. Nos dias de jogo em casa, além de tudo o que já foi relatado, cuida das placas publicitárias. E quando o jogo é longe de Pato Branco a atenção é redobrada. “Precisa ter cuidado para não deixar ficar nada para trás.” Na visão do profissional, ser mordomo exige dedicação intensa. “Preciso chegar antes e sair depois de todos. Você pode colocar em risco um campeonato inteiro se esquecer a camisa de goleiro linha, por exemplo.”

Carreira

Adocica já pensou em fazer carreira fora do Paraná como mordomo. “Uma vez travei contato com um clube de futebol do interior paulista, mas a minha família não concordou em deixar a cidade.”  Apesar disso, não desiste da ideia de trabalhar no futebol de campo e aguarda uma oportunidade no Azuriz. Entre os sonhos de Adocica, está ser dirigente de clube. “Já quis ser supervisor, mas como as oportunidades não vieram, eu me decepcionei comigo mesmo. Já pensei em largar a profissão. Os últimos dois anos não têm sido fáceis. Você chega para receber e o salário não está lá”, lamenta ao fazer relação às dificuldades financeiras do Pato.

A relevância do mordomo

E para quem admira a “mordomia”, Adocica deixa conselhos. “Precisa, acima de tudo, saber lidar com as pessoas. Pois no esporte você terá que tratar com jogadores, comissão técnica, adversários, árbitros e a imprensa. Não pode cair na emoção também. Já fui ‘torcedor’ na beira da quadra e até fui expulso (risos). Hoje não faço mais. Se o jogador faz o gol, o roupeiro precisa ser competente, pois se falhar compromete a equipe toda.”